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A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NEGRA

Por:   •  20/10/2016  •  Artigo  •  2.850 Palavras (12 Páginas)  •  775 Visualizações

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A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NEGRA

Monique Lima dos Santos

Universidade de Brasília

moniquelima93@hotmail.com

RESUMO

Este artigo tem como objetivo discutir o processo de construção de identidade negra do individuo, desde o momento que este se sente inferior devido a sua negritude perante a raça branca, até o momento em que o mesmo se reconhece como negro, realizando assim um processo de aceitação e de busca de conhecimento de sua raça e procedendo uma luta através da militância negra para a conquista de direitos de igualdade e de reconhecimento. Buscando analisar também as influencias sociais e educacionais no contexto do negro e de como a inserção do individuo no ensino superior pode gerar esta transformação.

Palavras-chave: identidade, negro, militância.

ABSTRACT

This article aims to discuss the process of building black of the individual identity, from the moment that this feels inferior because of his blackness against the white race, until the moment that it is recognized as black, thus realizing a process of acceptance and pursuit of knowledge of their race and doing a struggle by black militancy for the achievement of equal rights and recognition. Seeking also analyze the social influences in the context of the black and as the insertion of the individual in higher education can generate this transformation.

Keywords: identity, black, militancy.

DESENVOLVIMENTO

          Para que possamos iniciar a discussão sobre a construção da identidade negra é necessário reavivar a realidade do individuo negro no contexto social brasileiro, este contexto posiciona o negro numa condição de inferioridade em relação aos outros indivíduos da sociedade. Até os dias atuais o negro ainda é considerado sinônimo de escravidão, de marginalidade, e de subordinação, o que revela que o pensamento de servidão ainda não foi desmistificado perante a raça negra.

                       Por mais que tenha ocorrido a alforria aos negros, estes foram liberados da escravidão sem nenhum amparado governamental e sem nenhuma chance de emprego, visto que não era de interesse assalariar negros e ex-escravos e lhe dar empregos dignos. Refletindo em legislações punitivas como o código Criminal de 1830 e o código Criminal de 1832 que tratavam os negros de modo diferenciado e punitivo em relação ao resto da sociedade.

                    A população negra então foi demarcada como potenciais criminosos, lotando as prisões do império. Além de viverem em péssimas condições de vida nas cidades, sem saneamento básico e sofrendo com epidemias, não tendo acesso a escolas e de inexistência de políticas publicas discriminatórias. Havendo assim a mudança de escravo para o negro com uma marca social negativa, instituindo assim a ideia de “vadiagem” para aqueles ex-escravos que fossem pegos na rua sem “fazer nada” a fim de controla-los e criminaliza-los. Nas palavras de Gonzales esta demarcação aos negros como potenciais criminosos e de servidão ao branco ainda está presente nos contextos atuais:

Mas é justamente aquela negra anônima, habitante da periferia, nas baixadas da vida, quem sofre mais tragicamente os efeitos da terrível culpabilidade branca. Exatamente porque é ela que sobrevive na base da prestação de serviços, segurando a barra familiar praticamente sozinha. Isto porque seu homem, seus irmãos ou seus filhos são objeto de perseguição policial sistemática (esquadrões da morte, “mãos brancas estão aí matando negros à vontade; observe-se que são negros jovens, com menos de trinta anos. Por outro lado, que se veja quem é a maioria da população carcerária deste país). (GONZALES, 1984, p.231)

Após esta contextualização pós-escravatura podemos analisar como esta realidade influenciou a vivencia dos negros no contexto atual brasileiro, visto que vários pensamentos em relação ao negro daquela época ainda esta intrínseco na atualidade.

Como será que se dá a construção de identidade de um jovem negro no contexto social brasileiro? Visto que a cor negra nos dias atuais ainda é tratada como uma imagem negativa, este fator leva as pessoas negras a serem tratados negativamente e de forma excludente socialmente, este tratamento interfere diretamente na autoestima do individuo se auto julgando incapaz e inferior, pois quando você assemelha uma imagem negativa ao grupo étnico você dá o descrédito a todos os indivíduos que se assemelham com esta etnia.  

         A perda de identidade do negro na época da escravidão se deu a partir deste trabalho forçado, aonde o negro perdeu tanto o seu nome quanto a condição humana, se tornando um mero objeto para o trabalho e de servidão ao seu colonizador.

          Foi somente com a abolição da escravatura, quando se impôs à nossa intelectualidade indagações sobre o aproveitamento do escravo como proletário, que o negro emergiu como elemento fundante dessa bricolage. Com isso, a imagem do negro não é dissociada da sua condição de escravo, remetendo sua origem à senzala. (COSTA, 2007,p.3)

           Após esta abolição foi-se instaurado uma ideologia de branqueamento por meio da Corte, trazendo imigrantes da Itália e da Alemanha, a fim de branquear a população visto que os negros eram em sua grande maioria, o que revela mais um descaso frente a população negra pós-abolição, visto que estes novos imigrantes é que tomaram o mercado de trabalho da época.

          Este branqueamento refletiu na assimilação da cultura branca pelos negros, o que ocasionou a perda do conhecimento e dos valores da cultura negra, também refletindo a cerca da democracia racial, havendo um atraso em relação à política do Estado visando a igualdade racial.

          Estes resquícios da perda de identidade do negro se refletem até os dias atuais, quando o jovem negro se sente desvalorizado pela sua cor, quando o negro tenta se esbranquiçar para se sentir aceito no meio social, quando este negro tenta alisar o seu cabelo para ter o cabelo do branco, quando este negro não se acha capaz o suficiente pelo fato de ser negro, e ter o ato de se vestir e se comportar “como os brancos”, tendo assim todo este esforço para se sentir aceito perante a sociedade branca. Estas vontades de ser aceito no meio branco se incita ao individuo negro devido às influencias sociais que são expostas em várias das instituições sociais que o individuo está inserido, como escolas, mídias sociais, a próprio âmbito familiar e mercado de trabalho.

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