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A CONTRIBUIÇÃO DE KALECKI

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Por:   •  11/4/2014  •  1.672 Palavras (7 Páginas)  •  482 Visualizações

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A CONTRIBUIÇÃO DE KALECKI

Michal Kalecki nasceu em Lodz, 22 de junho de 1899 e faleceu em Varsóvia, 18 de abril de 1970; Foi um economista da Polónia, especializado em macroeconomia. Na maior parte da sua vida, ele trabalhou no Instituto de Pesquisas de Conjuntura Econômica e Preços de Varsóvia. É referido com um dos economistas mais destacados do século XX e às vezes lembrado como o Keynes da esquerda, pois desenvolveu muitas das teorias de Keynes, antes de Keynes. Todavia, por ter publicado suas obras em polonês, essa precedência não foi reconhecida, e ele continua a ser bem menos conhecido num mundo predominantemente anglófono.

Entre 1933 e 1935, as obras de Kalecki introduziram muitos dos princípios estabelecidos na Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, de Keynes (livro publicado em fevereiro de 1936). Como as obras de Kalecki foram publicadas em polonês (e algumas delas em francês), são mais desconhecidas e mal-reconhecidas. Em 1936 teve publicado um artigo reivindicando a sua precedência sobre Keynes. Mas o artigo, escrito em polonês, não teve repercussão, pois não foi traduzido para o inglês.

Somente suas últimas obras foram publicadas em inglês, porém o atraso nas traduções lhes custou muita notoriedade.

Eventualmente, as teorias de Kalecki sobre o ciclo econômico (1935, 1937, 1939, 1943, 1954), adquiriram alguma notoriedade pelos avanços no uso da matemática em economia. Ele foi um dos primeiros economistas a aplicar modelos matemáticos e dados estatísticos a problemas econômicos.

Em suas obras, usou conceitos clássicos e marxistas, citando extensivamente os conceitos de conflito de classes, distribuição de renda e concorrência imperfeita.

Kalecki exerceu altos postos na ONU na segunda metade da década de 1940 e depois no governo da Polônia. Defendia o resgate da democracia operária para a Polônia socialista, inclusive na administração da economia estatizada, por meio dos conselhos operários. Ele acabará afastado de cargos de governo após o levante popular de 1968 contra o regime stalinista.

Kalecki tinha como interlocutores três grandes economistas, que frequentemente cita em suas obras, com fortes influências mútuas: a britânica Joan Robinson, o italiano Piero Sraffa e o economista polonês Oskar Lange. Segundo seus biográfos e depoimentos de pessoas próximas (incluindo Joan Robinson), aparentemente Kalecki e Keynes nunca trocaram impressões sobre a similaridade e convergência entre suas teorias, muito menos discutiram sobre quem as teria formulado primeiro. Como escreve Robinson:

A reivindicação de Michał Kalecki de prioridade da publicação é indiscutível. Com a dignidade academicamente adequada (que, contudo, é infelizmente bastante rara entre os acadêmicos) ele nunca mencionou esse fato. E, de fato, exceto para os autores em questão, não é particularmente interessante saber quem primeiro imprimiu. O interessante é dois pensadores, com pontos de partida políticos e intelectuais tão diversos, terem chegado à mesma conclusão. Para nós, em Cambridge, foi reconfortante.

O pensamento de Kalecki sobre o funcionamento do sistema econômico capitalista e a demanda efetiva tem influências de autores como Rosa Luxemburgo e Mikhail Tugan-Baranovski, além de Lênin e Marx, a partir da questão dos esquemas de reprodução, das teorias de transformação de valores em preços e das explicações marxistas sobre a causa das crises do capitalismo.

Assim como os keynesianos, Kalecki fala sobre as flutuações econômicas, relacionando-as com as oscilações no patamar da demanda efetiva da economia, enfatizando a importância da sobreacumulação e do subinvestimento na determinação do nível da demanda efetiva frente à demanda potencial, isto é, a variação do nível do estoque de capital e do investimento na determinação do nível de produto nacional da economia.

Kalecki também defende que no capitalismo as flutuações econômicas seriam em gerais cíclicas.

O chamado ciclo econômico refere-se às flutuações recorrentes e periódicas da atividade econômica a longo prazo, determinadas pela variação do nível de lucro dos empresários e de investimento na expansão ou reposição do estoque de capital.

Kalecki também estabelece que há uma relação entre o ciclo econômico e a tendência da economia, isto é, nível de investimento, produto nacional e desenvolvimento das forças produtivas. Assim, a sucessão de ciclos no longo prazo, tomados de maneira agregada, faz com que se possa apontar uma tendência no funcionamento da economia e na variação direcional do produto nacional.

Essa tendência por sua vez, é determinada por fatores tecnológicos, político-econômicos e pela luta de classes.

Embora as contribuições de Kalecki sejam independentes das contribuições de Keynes, a análise do ciclo de Kalecki influenciou a controvérsia sobre a dinâmica econômica travada durante a “era de ouro” do capitalismo.

Kalecki dá quatro contribuições ao pensamento econômico: a conclusão que os capitalistas ganham o que gastam; o multiplicador do investimento; análise dos determinantes do investimento; e a análise dos ciclos de sobreacumulação.

A partir da equação da renda nacional no livro “Teoria da dinâmica econômica” de 1954, e dos esquemas de reprodução no texto “As equações marxistas de reprodução e a economia moderna”, de 1968, Kalecki conclui que os capitalistas ganham o que gastam, e que o nível da produção nos departamentos de bens de capital e bens de consumo dos capitalistas determina o nível da produção no setor de bens de consumo dos trabalhadores. Deste modo, chega num resultado semelhante ao princípio da demanda efetiva de Keynes.

Kalecki modifica os esquemas de reprodução de Marx. Chama: DI o departamento de bens de capital, DII o de bens de consumo dos capitalistas, e DIII o de bens de consumo dos trabalhadores.

No capítulo 3 da Teoria da Dinâmica Econômica, Kalecki (1954) chega aos seguintes resultados:

Partindo da equação da renda nacional:

Y= L + S = I + Cc + Cw

Em que a Renda (Y) se divide em Lucros (L) e Salários (S).

A Demanda Agregada é de: I (Investimento); Cc (Consumo dos capitalistas); Cw (Consumo dos trabalhadores).

Uma vez que os trabalhadores não poupam: S = Cw

Segue que:

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