A CULTURA COMO MODELOS INTERNOS DA REALIDADE
Por: Vitória Ramos • 6/7/2018 • Abstract • 940 Palavras (4 Páginas) • 177 Visualizações
A CULTURA COMO MODELOS INTERNOS DA REALIDADE
- Modelos internos da realidade: percepção e memória
A ascensão revolucionária da ciência de cognição provocou uma mudança significativa na compreensão da mente humana. Sendo cognição um processo de aquisição de conhecimento dado através de associação, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem, podemos observar nesse campo científico a exploração da "maneira pela qual aquilo que vemos é construído a partir daquilo que conhecemos."
No livro, é pontuado como exemplo o fato de não "vermos" a calçada molhada, o estímulo visual nos é passado como padrões que nós interpretamos como reflexos. Sendo de senso comum que as ruas não são feitas de material refletor e que só refletem a luz quando cobertas por água, somos então capazes então de "ver" a rua molhada e agirmos de acordo com as conveniências sociais.
A partir disso, conceituamos os modelos internos de realidade como o conhecimento de mundo e seus significados, dos quais dependemos para construirmos nossas percepções. Assim, os modelos internos de realidade nos permitem dar sentido ao mais pequeno dos atos, como uma piscadela, e até ao mais complexo dos eventos.
Esse conhecimento é uma rede complexa e gigante que nos permite participar dos nossos mundos sociais. Mas então alguém perguntaria: como esse conhecimento tão complexo é organizado? Segundo psicólogos cognitivos, examina-se a memória. Foram feitas muitas pesquisas com inteligência artificial, mas apesar dos avanços, a compreensão de como modelos internos são organizados ainda está se desenvolvendo.
- Cultura como um modelo interno
Seria a nossa cultura o que nos permite dar sentido ao mundo? Sim, se vermos a cultura como um sistema de significados acima e além dos indivíduos.
De acordo com Geertz, os símbolos culturais são encontrados pelo indivíduo já em atuação na comunidade quando ele nasce. Esses símbolos, passíveis de alterações ligadas ao indivíduo ou não, continuam até depois da sua morte.
Keesing diz que a cultura como um modelo interno de realidade não compreende tudo que um indivíduo "sabe" sobre o mundo, porque sendo ela um sistema cognitivo, podemos nos perguntar sobre a diversidade de modelos individuais e sobre a política de conhecimento. A peculiaridade de um amigo, por exemplo, faz parte do meu modelo de realidade, gerado pela minha memória, mas não exatamente parte da minha cultura.
"Aqui uma vez mais obtemos uma linha divisória entre o domínio da 'personalidade' no sentido de minha integração e orientação psicológica para o mundo como um indivíduo e organismo biológico único, e aquele segmento do meu modelo de realidade que é útil chamar de minha versão da cultura. O último consiste na minha teoria sobre significados e códigos para o comportamento que outros na comunidade estão usando".
O conhecimento cultural inclui os modelos dos códigos que estão sendo usados na comunidade. Aprendemos como cumprimentar alguém ou o que uma palavra significa baseados na maneira que acompanham o código, usam e/ou compreendem o vocabulário. Ou seja, o conhecimento cultural é generalizado.
- A aquisição de modelos internos
Como as teorias culturais do mundo são aprendidas e organizadas? "Podemos negar que existem faculdades mentais inatas ou podemos negar que elas são específicas para o campo da linguagem"
A partir disso, enunciamos:
- Chomsky - faculdades mentais inatas;
- Piaget - nega que uma criança possa ter alguma pré-programação significativas das formas de pensamento, raciocínio e aprendizagem (usado de ponto de partida para questionamento da visão de Chomsky);
- Ainda há o questionamento não totalmente contrário da visão de Chomsky ao considerá-la extremamente restrita, onde a língua é vista como "uma aplicação de estratégias mais gerais de aprendizado, lógica e capacidade de construir teorias que a criança leva também para outras tarefas";
- Sistemas cognitivos e variabilidade cultural
A forma como uma criança constrói seus modelos internos contribui para a avaliação da diversidade cultural.
- Estrutura cultural básica compartilhada?
Mesmo diferindo em metáforas e expressões, as tradições culturais e a experiência a partir delas podem ser sustentadas pelo nosso equipamento perceptual-conceitual. A evidência coletada pelos antropólogos abre possibilidade de duas interpretações:
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