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A China Comunista e o Confucionismo

Por:   •  23/6/2015  •  Projeto de pesquisa  •  2.565 Palavras (11 Páginas)  •  815 Visualizações

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  1. Justificativa

        A presença do pensamento de Confúcio na sociedade chinesa e várias outras sociedade asiáticas é inegável. Seu papel na educação, relacionamentos sociais e profissionais são profundamente influenciados pelo Confucionismo. A volta do Confucionismo à China é uma forma de retomar o passado para melhorar o futuro, uma manobra inteligente do ponto de vista que leva em conta o total teor chinês de tal tática. Confúcio criou uma teoria intrínseca e legitimamente chinesa, podendo ser capaz de lidar com a atual dualidade do estado socialista e seu capitalismo de mercado.

          A China moderna de hoje é uma grande contradição: os líderes chineses estão cada vez mais voltando seus discursos à ética confucionista. O crescimento da economia chinesa foi avassalador, trazendo consigo práticas de consumo intenso, um aumento incrível da economia de mercado, êxodo rural e industrialização acelerada. O Partido Comunista lançou um projeto chamado “Construindo uma Sociedade Socialista Harmoniosa” no começo do século XX, temerosos dos efeitos da modernização e o que isso poderia proporcionar à “moralidade da nação socialista”. A liderança chinesa tenta promover o legado de Confúcio como maneira de superar a crise de valores, resultada do crescimento rápido e contraditório em relação aos princípios do comunismo.

        Kung-Fu-Tzu, mundialmente conhecido pela versão latinizada de seu nome, Confúcio, foi um pensador e filósofo chinês nascido por volta de 550 antes de Cristo, vivendo durante o período dos Reinos Combatentes, época de guerra entre os estados feudais em busca de hegemonia política através de anexações e conquistas. Diante desse contexto, Confúcio desenvolveu suas teorias em busca de um sistema filosófico e político que levaria a um estado e sociedade mais estáveis, atrás de uma reforma ao mundo dos homens, como “ensinamentos ético-sociopolíticos”. Foi depois, na dinastia Han (206 a.C. – 220 d.C.), que obteve elementos metafísicos e cosmológicos. Sua influência, porém, transcendeu fronteiras e até hoje é o pilar de disciplina e moral de muitas outras nações asiáticas, como o Japão, a Coreia do Sul e a Cingapura. (RUIPING, 2011, pg. 17)

        Embora muitos considerem o Confucionismo uma religião, o objetivo do sábio não era concentrado em questões religiosas e metafísicas, mas sim no papel do indivíduo na sociedade e principalmente em regras de conduta ética para a obtenção de uma vida moral. Confúcio não traz nenhum conceito de divindade ou preocupação com vida após a morte. A maior verdade sobre o mundo é essencialmente como lidar com o relacionamento humano. [pic 1]

http://cdn.elhombre.com.br/wp-content/uploads/2012/12/Conf%C3%BAcio.jpg. Acessado: 14 maio 2014

        O Confucionismo é baseado em cinco princípios e quatro virtudes, que se centram nas relações do lugar do indivíduo na sociedade: entre senhor e servo, pai e filho, marido e mulher. Outros pontos são: amar o próximo, ser justo, ter comportamento adequado quanto à sua posição em relação aos outros, ter consciência da vontade dos céus e cultivar a sabedoria e sinceridade. Todos cuja finalidade é alcançar o tian (天), um estado de espírito que garante a harmonia da vida e do mundo. O tian é obtido através de auto-estudo e auto-didática e a desempenho de rituais. Como a primeira frase dos Analectos de Confúcio: "Studying and occasionally learning, is this not a source of joy?" Os rituais envolvem primariamente a família, um dos eixos fundamentais, principalmente devido à piedade filial e o cuidado e respeito extremo aos ancestrais. (CHANG, KALMANSON, 2010, pg. 68) A partir da cultivação do tian, o indivíduo torna-se um jūnzǐ (君子), um homem ideal e seguidor dos princípios confucionistas, aquele que vê além de si mesmo e busca a harmonia entre todos.

        A ideia de meritocracia também foi introduzida por Confúcio, embora o mesmo negasse ter inventado qualquer nova ideia e dissesse que estava somente introduzindo conhecimento antigo. Ele afirma que, “In teaching, there should be no distinction of classes” (CONFUCIUS, 1997, pg.15.39), uma ideia revolucionária para seu tempo de que a nobreza do sangue poderia ser ultrapassada pela nobreza da virtude. O conceito de meritocracia levou à criação de um sistema imperial de exames que permitiria qualquer um que passasse uma posição no governo.

        A doutrina confucionista foi mantida como ideologia característica dos impérios chineses ao longo de seus 2000 anos de história. Discípulos e seguidores de Confúcio reuniram seus ensinamentos nos Analectos, e após a dinastia Qin (221 a.C. – 206 a.C.), seguido do abandono do Legalismo, filosofia rígida e severa em relação à obediência ao sistema legal, sem envolvimento ou importância à natureza da vida. O Confucionismo tornou-os ideologia oficial a partir da dinastia Han (206 a.C. – 220 d.C.), criando a ideia de um império burocrático. Do período Han adiante, a ideologia seguida pelos imperados era uma mistura de Confucionismo e Legalismo. Após a dinastia Han, doutrinas de teor relacionado à soteriologia, teologia da salvação, como Budismo e Taoísmo. Na dinastia Tang (618 d.C. – 907 d.C.), houve um movimento conhecido hoje como Neo-confucionismo, expandindo os horizontes da teoria original, investindo em áreas científicas, na Historiografia, Cosmologia e revisão de textos clássicos. Durante a dinastia Song (960 d.C. – 1279), foi adotado as medidas de meritocracia mencionadas anteriormente sobre os exames imperiais.

        O sistema funcionou bem até a instituição da última dinastia imperial dos Qing (1644 – 1911), de origem mongol, que se focou numa versão arcaica e problemática do Confucionismo. Assim, a dinastia foi responsável pelo subsequente atraso tecnológico, econômico e cultural da China, destruindo qualquer tipo de autonomia administrativa e estabelecendo um governo de extrema repressão. A abolição do sistema de exames marcou o fim oficial do Confucionismo em 1905.

        Para o período dos anos 1800, o autor Joseph Richmond Levenson explica a presença ocidental e sua visão do Confucionismo para diminuir a credibilidade confucianista dessa forma:

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