A DIVISÃO DO TRABALHO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS TEORIAS DE KARL MARX E EMILE DÜRKHEIM
Exames: A DIVISÃO DO TRABALHO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS TEORIAS DE KARL MARX E EMILE DÜRKHEIM. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: valdebertosena • 6/5/2014 • 4.617 Palavras (19 Páginas) • 1.015 Visualizações
A DIVISÃO DO TRABALHO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS
TEORIAS DE KARL MARX E EMILE DÜRKHEIM
Profa. Érika de Cássia Oliveira Caetano∗
1 - ÉMILE DÜRKHEIM: “A DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO”
Assim como Auguste Comte, Karl Marx e Max Weber, Dürkheim também procura
com seus métodos de análise e objeto de estudo, explicações para as modificações estruturais
ocorridas com o advento da sociedade moderna. O triunfo da indústria Capitalista promoveu
uma transformação radial em sua estrutura sócio-econômica, dando um novo rumo à
sociedade emergente. É nesta perspectiva que a sociedade moderna Capitalista será colocada
no plano de análise deste sociólogo.
Foi com Émile Durkheim (1851-1917), que a Sociologia passou a ser considerada
uma ciência, estabelecendo-lhe uma base empírica, com métodos próprios de investigação e
demonstrando que seu objeto de estudo, os fatos sociais, teriam características próprias, que
os distinguiriam dos estudados pelas demais ciências.
É importante retomarmos aqui a proposta metodológica deste teórico, para
compreendermos a função prática do seu conceito de divisão social do trabalho.
Durkheim considera que a sociedade precisaria ser estudada como um fenômeno
sui generis; como uma unidade ou sistema organizado de relações permanentes e mais ou
menos definido, com leis naturais d desenvolvimento que são baseadas na articulação de suas
partes.
Portanto, os “fenômenos sociais têm origem na coletividade não em cada um dos
seus participantes” (QUINTANEIRO, 69:2002). Esclarece ainda que os fatos individuais são
refletidos na consciência individual o nas representações físicas e, no caso das representações
coletivas, estas expressam a vida mental do grupo social.
É por isso que para Durkheim a sociedade é semelhante a um corpo vivo, em cada
órgão cumpre uma função, ou seja, as partes (os fatos sociais) existem em função do todo (a
sociedade).
∗ Professora de Sociologia e Ciências Sociais e as Organizações da PUC Minas e Faculdade de Administração de
Curvelo, Mestranda em Ciências Sociais - Gestão das Cidades pela PUC Minas.
Ao comparar a sociedade a um organismo vivo, Durkheim identifica dois estados
em que esta pode se encontrar: o estado normal que designa os fenômenos que ocorrem com
regularidade na sociedade e o patológico, comportamentos que representam doenças e devem
ser isolados e tratados porque põem em risco a harmonia e o consenso, estando fora dos
limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente.
Para Durkheim, a sociedade moderna se encontra em um estado doentio, porque
deixou de exercer o papel de freio moral sobre os indivíduos. Como Durkheim demonstra no
prefácio à segunda edição de sua obra “Da divisão do trabalho social”:
É a esse estado de anomia que devem ser atribuídos, como mostraremos, os
conflitos incessantemente renascentes e as desordens de todo tipo de que o
mundo econômico nos dá o triste espetáculo. Porque, como nada contém as
forças em presença e não lhes atribui limites que sejam obrigados a respeitar
elas tendem a se desenvolver sem termos e acabem se entrechocando, para se
reprimirem e se reduzirem mutuamente.(...) As paixões humanas só se detêm
diante de uma força moral que elas respeitam. Se qualquer autoridade desse
gênero inexiste, é a lei do mais forte que reina e. latente ou agudo, o estado
de guerra é necessariamente crônico. (DURKHEIM, VII: 2004)
Durkheim considera que os conflitos e as desordens da sociedade moderna são
sintomas deste estado de anomia e ainda que, a Religião, o Estado e a família têm sido pouco
eficazes no controle moral desta sociedade.
Para este teórico, o mecanismo que oferece a coesão para a sociedade seria a
solidariedade social. Nesta perspectiva, cabe-nos demonstrar que a solidariedade social se
expressa, segundo sua teoria, por uma maior ou menor divisão do trabalho, somando ainda à
consciência que poderá se individual ou coletiva.
A divisão do trabalho e a forma de consciência que se expressa em cada sociedade,
levaram Durkheim a demonstrar que os fatos sociais têm existência própria, externa aos
indivíduos e que no interior de qualquer grupo ou sociedade existem formas padronizadas de
conduta e pensamento baseadas na soma destas categorias. Esta soma, por sua vez, formam os
dois tipos de solidariedade: a solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica.
Em sua obra, Durkheim demonstra que a sociedade modela o comportamento
social do homem no processo da evolução social, passando de uma solidariedade mecânica,
para uma solidariedade orgânica.
A solidariedade mecânica é mais simples e se forma pela igualdade:
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