A Desigualdade social sobre os olhos de uma elite individualista
Por: gigibonazza • 22/11/2017 • Trabalho acadêmico • 1.971 Palavras (8 Páginas) • 437 Visualizações
Universidade de Brasília – UNB Giovanna Albuquerque Bonazza
DESIGUALDADE SOCIAL Sobre os olhos de uma elite individualista
Brasília
2016
Em Percepções da elite sobre pobreza e desigualdade, Elisa Reis discute sobre as ideias da elite brasileira para com a desigualdade e a pobreza que assola o país. Uma visão individual, egoísta e singular sobre um assunto tão coletivo é analisada ainda com mais detalhes por meio de charges, pesquisas e imagens que evidenciam exatamente a realidade proposta por Elisa, na atualidade.
O primeiro passo
Antes de procurar combater a pobreza é necessário saber como e o que as elites pensam a respeito da desigualdade. Visto que o papel da elite no processo de combate à desigualdade é, inquestionavelmente, importante como afirmou Elisa Reis (2000). E também, para que a empatia entre as classes discrepantes, no sentido material e moral, possa ser promovida e corroboradas por diferentes projetos e políticas.
Outro fator importante é reconhecer o fruto da desigualdade, equiparando lado a lado a função de todas as classes: baixa, média e alta. Posto que, todas possuem determinados papéis no processo de extinção desses problemas sociais. Para Elisa (2000), outro importante requisito é reconhecer tais importâncias. No Brasil, cabe ressaltar que o grande causador desses problemas sociais, é a má distribuição de renda que o torna, um país rico de povo pobre. Mas por quê?
Diversidade cultural e natural, água, riquezas minerais, agronomia diversa, indústria, todos, são sinônimos de Brasil, o qual exporta de café até soja, que tem umas das maiores bacias hidrográficas e possui também reservas de petróleo imensas. Mas então, por que ainda são considerados pobres 53,9 milhões de brasileiros, segundo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)? Justamente, por causa dessa má distribuição, e é isso que a charge (Imagem 1) evidencia, a partir do momento que mostra um membro da elite que ao carregar grande quantidade de capital (má distribuição, favorecimento da elite) sustenta outros indivíduos, o resto da população brasileira.
Os passos do Desenvolvimento
Nos questionamentos feitos às elites ao serem questionadas sobre o que pode ser feito, à médio prazo, para combater os problemas nacionais, é recorrente a resposta de que é necessário que haja investimentos na educação, e também, menos recorrente, mas não menos importante, aparece a possível ideia de aumentar a participação popular nas decisões políticas. Deste modo, é inevitável, relembrar que tal intenção não é contemporânea, já que diversos pensadores e autores, já levantaram, como caminho de melhoramento do Estado, essa maior participação. Mas como Poulantzas, um sociólogo grego, afirmou uma vez “ não existem receitas fáceis”[1].
Os problemas sociais fazem parte de um grande desafio enfrentado pela instável ordem democrática brasileira, segundo Reis (2000). Deste modo, problemas entendidos apenas como sociais, afetam não só as relações entre classes, mas também toda uma esfera política estatal, que consequentemente, torna-se, mais fragilizada. E para alcançar a manutenção de uma democracia participativa, em que os cidadãos se tornam ativos e capazes de intervir em assuntos políticos, é necessário que haja um envolvimento direto e contínuo dos indivíduos na regulação da sociedade, do Estado, e inclusive, dessa democracia, cujo fortalecimento interno, poderá ocasionar na sua real manutenção. E é isso que uma pesquisa realizada por Marta Arretche, professora do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP) e diretora do Centro de Estudos da Metrópole (CEM), e divulgada durante uma convenção (FAPESP Week Califórnia – 2014), explica e afirma. Ela diz que para enfrentar esses problemas da desigualdade é necessário de um conjunto de esforços interdependentes, e um deles, é esse tal fortalecimento das instituições políticas, ou seja, uma regulação da democracia, para que ela proporcione, maior participação pública, e assim todos os cidadãos, independente de raça, cor ou gênero, se sintam, pelo menos de alguma forma, iguais. Sendo assim, haverá, mesmo que pouco, mas um pequeno avanço no processo de diminuição dessas diferenças.
Mesmo que as elites reconheçam o cenário brasileiro, mantêm a famosa ideia de cada macaco no seu galho. Visto que, reconhecer os problemas sociais é fácil, difícil, é retirar do próprio bolso, para ajudar a promover melhorias no status quo. Ou seja, para Reis (2000, p. 147) a exacerbada crença de que o melhoramento nos níveis educacionais provocará, mesmo que à longo prazo, grandes mudanças, é algo que promove uma certa inferência: as elites ao apostarem em melhorias, que não possuem custos diretos a eles, apenas ratificam a ideia do singularismo, existente no provérbio citado. E o que a charge (imagem 2) está explicitando, além disso, é também o fato, de que para “ajudar” os mais pobres retira-se da classe média. Logo, se a elite tira do outro, nunca terá um custo direto.
Outro fato que ratifica o individualismo da elite, ou seja, uma coletividade parcial, é a falta de responsabilidade social. Não basta somente ter a consciência plena de que há grandes problemas sociais, mas também saber da necessidade de tomada de providências. Porém, segundo Elisa (2000, p. 149) falta essa responsabilidade, um pensamento coletivo, que torna tal classe parte desse todo que vivencia esses obstáculos sociais. Não só do todo que deve reconhecer, mas também do todo que deve agir, investir, pensar, e principalmente, refletir, sobre as circunstâncias, mesmo estando de “fora” da pobreza. Mas, não é isso que é feito. A sujeira é simplesmente jogada para o outro, no caso, o Estado, que é posto como vilão e apático diante de tanta desigualdade, já que não toma atitudes energéticas para melhorar tal cenário. Tal distanciamento, gera, obviamente um aumento da desigualdade. Como não há um envolvimento na causa, as elites brasileiras seguem seu rumo, arrecadando grandes quantias de capital, e apenas visualizando, como numa vitrine, a precária forma de vida vivida por outros cidadãos, principalmente nas grandes metrópoles, onde houve um crescimento urbano acelerado e desorganizado, tornando as diferenças sociais ainda mais evidentes.
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