A Historia dos jovens
Por: julietealves25 • 26/10/2021 • Pesquisas Acadêmicas • 6.252 Palavras (26 Páginas) • 104 Visualizações
Introdução
Na Criança está o Futuro da Nação
A Dimensão Social da Infância'
Temos uma patria a reconstruir, uma nação a firmar,
um povo a fazer... e para emprehender essa tarefa, que
elemento mais ductil e moldavel a trabalhar do que a
infancia?!.."
Discurso do Senador Lopes Trovão no
Senado Federal a 11 de setembro de 1896
Em meio às grandes transformações econômicas, políticas e sociais, que
marcam a era industrial capitalista do século XIX, o conceito de infância adquire novos significados e uma dimensão social até então inexistente no mundo
ocidental. A criança deixa de ser objeto de interesse, preocupação e ação no
ambito privado da família e da Igreja para tornar-se uma questão de cunho social, de competência administrativa do Estado.
Tido como um período historicamente importante na formação das sociedades modernas, o século XIX foi palco de sucessivos confrontos entre dogmas
eideologias, provocando uma revolução nas mentalidades. Novas teorias, de
Tundamentação científica, desafiam paradigmase perscrutam o homem para além
dos parâmetros da metafísica. A descoberta da evolução das espécies exerce
profundo fascínio sobre o homem; ela reinterpreta o mundo. Dentro desta pers-
nuicanctc RZZINI a Sua origem e explicar positivamennuincamente
te o seu comportamento; este visto como um fato social, resultado de fatores bio-psico-sociais.
O interesse nteraçao pela infância, nitidamente mais aguçadoe de daquela observada nos séculos naturezs anteriores, deve ser entendido como reflexo contornos das novas idéias. A criança deixa de ocupar uma posição secu
de naturez
diversa
exo dos
le e secundári passa a ser percebida Con
e
mesmo desimportante na família e na sociedade e passa a ser percebida ituro', um ser em for
valioso patrimônio de uma nação; como 'chave para o futuro', um ser em for.
omo mação ductil e moldavel"-que tanto pode ser transformado em 'homem de bem (elemento útil para o progresso da nação) ou num "degenerado' (um vicio
em 'homem de
so inútil a pesar nos cofres públicos). Sob esta ótica, zelar pela criança corresponde a um gesto de humanidade descolado da religião; uma ação que transcende o âmbito das relações privadas da família e da caridade para significar a garantia da ordem ou da 'paz social. De acordo com a lógica evolucionista e positivista da época, vigiar a criança para evitar que ela se desvie é entendido como parte de uma missão eugênica. cuja meta é a regeneração da raça humana. O homem tem nas poder de manipular próprias mãos o destinos e influir no futuro da humanidade. A prática comum na
plesmente não Europa Medieval, de abandonar os filhos ou de sim- Ihes dispensar maiores cuidados, passa a ser vista como altamen- te condenável e não mais
riavelmente
tolerada. Sobretudo o abandono de ordem moral, inva- ligado aos pobres, deverá ser combatido, pois Conseqüências a ele são associadas indesejáveis para a sociedade, como a vadiagem, a mendicanca e outros comportamentos viciosos que inexoravelmente conduziriam a crluta lidade e ao descontrole; era o que se Direito Romano temia. A autoridade paterna, instituida peto
perde
o pater familias colide com a autoridade do Estado seu caráter de intocabilidade e passa a ser regulada pelo poder pubiicu
da
Através do estabelecimento de uma concepção higienista e saneador
0-
SOCiedade, buscar-se-á atuar sobre os focos da doença e da desordem, porta res e interpretada como um problema de ordem moral e social. Garantir e a a Ppae saude do corpo social éé entendido como uma obrigação do Estado. A ça será o fulcro deste emnrrandir
sobre o universo da pobreza, moralizando-o. A degradação das "classes inr
SECULO PERDIDO
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aentos de intervenção do Estado na família, atingindo os transgressores da ordem no nível mais individual e privado possível.
Ao final do século XIX, veremos ressoar no Brasil os ecos destas
transmutações mundiais. O pais vivia então um dos momentos históricos mais
inmnortantes da sua formação política e social: a realização de seu anseio emancipatório; a busca de materialização de sua nacionalidade. A busca de uma identidade nacional seria, segundo o historiador José Murilo de Carvalho, a tarefa a
ser perseguida pela geração intelectual da Primeira República.3
Se os tempos eram de mudança, no Brasil, mais que isso, os tempos eram
de criação; sentia-se estar finalmente fundando a nação. Acreditava-se fervorosamente na possibilidade de (re)formar o Brasil-proposta que logo adquiriu a
dimensão de uma ampla "missão saneadora e civilizadora". Bradava-se como
ideal salvar o Brasil do atraso, da ignorância e da barbárie para transformá-lo
numa nação 'culta e civilizada'", A esses tempos de grandes mudanças estavam associados problemas de difícil solução, que se seguiram ao processo de
abolição da escravatura e proclamação da República. No dizer de Sílvio Romero, (...) 0 momento político e social é grave, é gravíssimo. Os problemas que
nos assediam, a despeito de havermos arredado o trambolho da questão servil,
são ainda muito sérios, são da ndole daqueles que decidem do futuro de um
povo"(Apud
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