A Interpretação das Culturas
Por: Jaqueline Santos Oliveira • 3/5/2015 • Resenha • 2.353 Palavras (10 Páginas) • 138 Visualizações
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CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
ANTROPOLOGIA II
GUILLERMO VEGA SANABRIA
Clifford Geertz: A interpretação das culturas
Graduanda: Jaqueline Santos Oliveira-82112
Viçosa
2014
INFORMAÇOES IMPORTANTES DO AUTOR:
Clifford James Geertz nasceu na cidade de São Francisco em vinte três de agosto de 1926.Foi considerado um dos mais importantes antropólogos do século XX,e por três décadas o mais influente dos EUA,conhecido como o fundador da teoria da Antropologica Hermenêutica que vai apresentar uma forte importância a partir dos anos 50.
Gradou-se em filosofia e Inglês no Antioch College em Ohio(1950),em seguida
fez pesquisa multidisciplinar na Indonésia, mais tarde conclui seu PHD na universidade de Harvard em Antropologia Social. Em 1960 adquire uma cátedra na universidade de Chicago e ao mesmo tempo faz pesquisa de campo no Marrocos. Mas é em 1970 na universidade de Princenton,Nova Jersey, que seu trabalho no "Institute for Advanced Study" se destaca pela análise da prática simbólica no fato antropológico, chegando no age da sua carreira.
Geertz concordava com a ideia de Levi-Strauss de abordagem etnocêntrica (que o antropólogo estruturalista via como algo positivo) no estudo da área. Segundo Geertz, o risco do etnocentrismo é de aprisionar o ser humano em sua interpretação pessoal. Geertz afirmou que o problema humano no estudo antropológico não é de estranhar o outro, mas de estranhar a si mesmo, e ele aconselhava os estudiosos a se conhecerem melhor antes de analisarem outras sociedades.
Faleceu em 2006 por problemas pós cirurgia cardíaca.
CAP I:Uma descrição Densa: Por uma Teoria Interpretativa da Cultura
Neste capitulo Geertz vai destacar o conceito de cultura, a importância de uma etnografia densa, e a estrutura da antropologia como ciência interpretativa. Acreditando como Max Weber inicia a obra alegando que o conceito de cultura é semiótico onde o “Homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo essas teias e a sua análise; portanto, não como uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa, à procura do significado. É justamente uma explicação que eu procuro, ao construir expressões sociais enigmáticas na sua superfície.” (1989, p.15)
Trazendo assim a importância da etnografia para a antropologia. Afirmando que a cultura é o principal objeto de estudo da antropologia e que a etnografia é muito mais que um método. Para desenvolver um estudo etnográfico é necessário as ferramentas de campo mas além disso o etnógrafo deve possuir uma inteligência perceptiva e descritiva para finalizar seu trabalho com eficiência e um bom resultado.Geertz com essa afirmação chego a um dos pontos principais deste capitulo o conceito de descrição densa como ferramenta essencial para a etnografia.
Utilizando o exemplo da obra” Le Penseur” de Gilbert Ryle o autor destaca a importância dos detalhes minuciosos no trabalho etnográfico. Ryle traz a seguinte situação “........dois garotos piscando rapidamente o olho direito. Num deles, esse é um tique involuntário; no outro, é uma piscadela conspiratória a um amigo.” (1989, p.16) Afirma que se o etnógrafo disserta apenas esses dados do ambiente que está estudando, ele utiliza como ferramenta a descrição superficial limitando assim seu conhecimento diante ao seu objeto de estudo. Quando buscamos a observar o que motivou a esses dois garotos estarem nessa situação criamos uma nova percepção do que está acontecendo naquele determinado espaço. Então Ryle vai concluir seu exemplo trazendo detalhes que diferencie os dois garotos e que nos leve a razão para aquele ato, dizendo que o piscador executou duas ações: contrair a pálpebra e piscar, enquanto o que tem tique nervoso apenas executou uma: contraiu a pálpebra. Complementa supondo que um terceiro garoto para se divertir da situação do seus companheiros resolve imitar o piscar do primeiro garoto de forma grosseira e obvia, naturalmente ele o faz da mesma maneira que o segundo garoto piscou e com o tique nervoso do primeiro: contraindo sua pálpebra direita. Ocorre que esse terceiro garoto não está piscando e nem tem tique ele está apenas imitando, temos assim na ação dos três garotos um código socialmente estabelecido mas por deferentes motivos. A descrição densa nos propicia essa analise mais profunda dos códigos socialmente estabelecidos pelos três, desenvolvendo assim uma etnografia densa,tirando grandes conclusões de fatos pequenos.
Geertz afirma que “Ser humano possa ser um enigma completo para outro ser humano” (1989, p.23) o autor disserta sobre essa temática atento ao fato de um etnógrafo em campo ter restrições para decifrar e interpreta a cultura daquele determinado grupo de indivíduos para ele compreender a cultura de um povo expõe a sua normalidade sem reduzir sua particularidade, relatando sua experiência etnográfica no Marrocos “Quanto mais eu tento seguir os marroquinos, mais lógicos e singulares eles me parecem” (1989, p.24).Para o etnógrafo concluir sua interpretação densa necessita de detalhes minuciosos e utilizando eles como ferramentas para compreender os atos rotineiros dos indivíduos, partindo da ideia de formulação de sistemas simbólicos onde a cultura consiste em estruturas de significados socialmente estabelecidas. O autor utiliza uma citação de Ward Goodenough para explicar essa relação de o indivíduo e sua cultura, Ward afirma: “a cultura (está localizada) na mente e no coração do homem” seguindo a linha de ideias da antropologia cognitiva, “a cultura é composta de estruturas psicológicas por meio das quais os indivíduos ou grupo de indivíduos guiam seu comportamento”. (1989, p.21). Segundo Geertz todos os trabalhos antropológicos são interpretações de segunda ou terceira mão, pois apenas um “nativo” faz uma interpretação em primeira mão(se trata da cultura dele),portanto as outras interpretações se tornam algo construído através de experimentos do pensamento.
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