A MODERNIDADE (GLOBALIZAÇÃO) UMA REFLEXÃO SOBRE O SEUS IMPACTOS NA CULTURA MOÇAMBICANA
Por: Rafique Anusse • 14/9/2018 • Artigo • 3.324 Palavras (14 Páginas) • 230 Visualizações
A MODERNIDADE (GLOBALIZAÇÃO) UMA REFLEXÃO SOBRE O SEUS IMPACTOS NA CULTURA MOÇAMBICANA
Rafique Anusse
Licenciado em Ensino de Geografia
Universidade Pedagógica-Nampula
Rafiqueanusse@gmail.com
Osvaldo V. Francês
Estudante de graduação em Ensino de Historia
Universidade Pedagógica-Nampula
Osvaldo.v.francês@gmail.com
Resumo:
No presente artigo promove-se uma discussão entorno da magnitude dos efeitos colaterais da globalização sobre a cultura, especificamente a Moçambicana uma vez que verifica-se actualmente que a modernização não se confina a uma área geográfica, que em vez disso se faz sentir a nível global, traz um certo número de consequências no nosso país para a nossa tradição. Tradição e ciência misturam-se por vezes de formas estranhas e muito interessantes. Para realização desse artigo recorremos a um exaustivo levantamento bibliográfico sobre a temática abordada. Todavia ultimamente verifica-se que a tradição está a sucumbir perante a modernidade, o que esta a acontecer em certas situações e um pouco em todo o mundo. A tradição de Moçambique esta sendo esvaziada de conteúdo, comercializada, torna-se uma herança ou um berloque sem valor que se compra na loja do aeroporto.
Palavra-chave: modernidade, globalização, cultura.
Introdução
O processo de globalização se pode definir como a tendência de fenómenos económicos, culturais e mais outros a assumir uma dimensão mundial. Zigmunt B.[1] explica que a globalização se refere ao mesmo tempo à compreensão do mundo e a intensificação da consciência do mundo comum todo.
A globalização[2] como compreensão é tomada de consciência do mundo como um todo, é tão antiga como a história da humanidade e das culturas, que se pode considerar como uma sequência de globalização.
Para Campos (2007) a sistematização e transformação do processo de globalização em verdadeiro projecto começou praticamente a partir do século XVI, com o expansionismo europeu, que tinha como objectivo a ocidentalização do mundo, visando impor a cosmo visão europeia da natureza, da pessoa, da sociedade.
Portanto, o processo está centrado ou emerge a partir dos países ricos dos quais apoderam as economias dos países mais pobres cujas políticas não se encaixam nas novas demandas do capital, uma vez que ainda não se industrializaram. Assim, estes têm economias ainda centradas no sector primário, população carente, com baixa escolaridade e poder aquisitivo insignificante. Assim se referem dos países da África, alguns da Ásia e da América Central; são dos mais observáveis no parâmetro dos excluídos à escala de países mais pobres do mundo.
[…] Os tais países não têm estratégias da lógica dentro das relações internacionais e estão sem capacidades de ter um desenvolvimento sustentável económico e social em curto prazo possível devido à vulnerabilidade das suas economias. Por isso, as suas condições económicas se encontram inseridas no processo de globalização, que tem o poder decisivo na produção e no consumo mundial apesar das suas funções estarem subordinadas aos interesses e necessidades do capital internacional e multinacional que controlam a economia mundial […] (CAMPOS, 2007).
Em sua origem, a globalização se deu através das caravelas, depois do barco a vapor, o trem; hoje, temos nos meios de comunicação o poder sobre a humanidade através dos satélites e dos computadores interligando o mundo em tempo real. A este respeito, CAMPOS:
Com a internet, entramos compulsoriamente na era da digitalização da vida e da máxima eficácia comunicacional, bem como entramos num século onde enterram-se os sonhos de grandes utopias juntamente com seus escombros amalgamados e endurecidos pelos delírios de uma razão cega e totalitária (CAMPOS, 2007).
Esta é uma boa definição para uma época de incertezas, pelo menos para uma parcelada população mundial, em especial, a dos países periféricos. A globalização neoliberal ou neocolonialismo, como afirmam alguns estudiosos, requer uma discussão mais ampla e sustentada em certos conceitos e teorias que nos dê uma maior compreensão tanto em relação ao seu aspecto ideológico e seu significado histórico que é o que vimos abordando nesse texto como também para buscarmos algumas respostas para as inquietações da humanidade no século XXI.
A definição de CAMPOS (2007:99) já citada, para o momento em que vivemos, é pertinente, mas a complexidade das relações e das acções dos atores sociais envolvidos no processo exige uma reflexão mais ampla em torno de um mundo globalizado e “internalizado;”
Para isso continuaremos nossa discussão com uma definição de CAMPOS que diz:
O processo de globalização abrange uma variedade de fenómenos, tem gerado impactos diferenciados em diversas áreas económico-financeira, comercial, cultural, social, dentre outras, mostra-se atravessado por um certo grau de ambivalência ou imprecisão, revelando-se como uma configuração histórica altamente contraditória (CAMPOS, 2007:44).
Por isso, devemos que compreender a globalização no século XX, seu carácter ideológico e seu significado histórico, requer um amplo exercício em torno dos seus vários processos, desde as questões económicas até as ambientais. Cada questão exige uma reflexão e uma revisitada na história, da mesma forma que o olhar da sociologia. Para isso, procuraremos dialogar com alguns autores que aprofundaram seus estudos sobre a temática, e tomaremos como referência, para ampliação da discussão, o pensador HAESBAERT, R.
Aspectos metodológicos
Para realização desse artigo recorremos a um exaustivo levantamento bibliográfico sobre a temática abordada, A MODERNIDADE (GLOBALIZAÇÃO) UMA REFLEXÃO SOBRE O SEUS IMPACTOS NA CULTURA MOÇAMBICANA. Após a análise crítica das obras consultadas e devidamente mencionadas na página reservada para o efeito, fizemos a discussão da tese defendida neste estudo. Com auxílio da técnica a priori mencionada foi possível a compilação deste artigo.
Antropologia e a globalização
Do ponto de vista da antropologia se considera a globalização como um processo que proporcionou a modernidade, e não o contrário, como muitos vagamente afirmam. A longo prazo, não se pode ignorar a contribuição no processo geral das culturas e sociedades de nosso país, mas a entidade de tal contribuição dependerá de vários factores.
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