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A Matéria do Parentesco - Janet Carsten

Por:   •  7/12/2018  •  Resenha  •  723 Palavras (3 Páginas)  •  491 Visualizações

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Alice de Castro Florêncio


Carsten, JANET. "A matéria do parentesco". In: R@u, 6 (2), jul/dez.2014: 103-118

          Carsten estuda o parentesco como um sistema simbólico; usando o afastamento da dicotomia envolvendo "biológico" e "social". Usou como campo de pesquisa, a Malásia, o Sudeste Asiático e o Reino Unido. Ligada à casa (estuda o parentesco através dessa ótica) e às experiências cotidianas que ocorrem em seu anterior, Carsten propõe "desfazer o parentesco em suas formas antropologicas clássicas". A autora usa o conceito de relacionalidade, diz que o que é parentesco para os seus interlecutores Malaios se diferencia dos estudos clássicas, em especial aqueles realizados  pelos britânicos.  No seu livro "A matéria do parentesco" diz que: os parentes "participam inteiramente na existência dos outros", eles partilham uma mutualidade do ser e são "membros uns dos outros" O que seria então, a mutualidade do ser? A mutualidade pode ser entendida de duas formas: 1)  relações feitas por e entre indivíduos; e 2) de forma sociocentrica, em que as ligações são realizadas por agências coletivas distribuídas em diversos corpos pessoais, que pensam, atuam e sentem de uma mesma forma, mas que são mutualmente relacionados. A mutualidade do ser na questão parentesca, são pessoas que estão inerentes à existência uma da outra.   A autora no seu livro, compara o parentesco e a magia e diz que a intersubjetividade da magia pode ser opressivamente interiorizado, mas isso não ocorre da mesma forma com a mutualidade do parentesco. O autor Sahlins, citado por Carsten em seu livro, se hesita em falar de magia...Em  determiando momento, ele diz que a magia não é "abusiva" e que como dito Carsten também, isso não ocorre da mesma forma com a mutualidade, entretanto, Sahlins também diz que existe uma analogia  entre a feitiçaria (magia negra) e a bruxaria com as falhas do parentesco, por consumir e prejudicar o outro e, dessa mesma forma, podem ser inseridas na mesma ontologia animista, senão, no lado mais sómbrio da mesma.  O parentesco pode ser coercivo (reprime) atenua a autora, citando que, por exemplo, a alimentação pode ser perigosa, por causa do envenenamento. Sahlins diz que, como o consumo ou a penetração do corpo do outro com a intenção de prejudicar, bruxaria e feitiçaria são, por definição, uma forma negativa de parentesco. A intenção de prejudicar é o que indentifica e difere o positivo do negativo.  Carsten faz menção a substâncias. As substâncias, como ela diz, podem ser usadas de diferentes formas, em especial, para dar flexibilidade às definições antropológicas e para destacar a importânciados processos corporais nos entendimentos e práticas de parentesco. Existem as substâncias corporais, que são fluídos sexuais, gametas, ossos, sangue e o leite materno. A substância pode ser uma maneira de analisar e descrever como a produção e decadência dos corpos aos longo dos anos estão implicados na questão do parentesco. Outro nome para essas substâncias são "vetores". Em forma não materializada, esses vetores podem ser memórias, pensamentos e emoções e espiritos herdados. As cartas, fotografias, alguns tipos de documentos, genealogias e etc podem trasmitir qualidades e atributos de parentesco. A autora concluí que, os ossos, a terra, o sangue e alimentos acontecem com demasiada frequência nos registros etnograficos a respeito da construição do parentesco.  Em Longkwai, por exemplo, o parentesco é um processo de tornasse pessoa. A alimentação e a convivência de crianças dentro das casas também cria-se o parentesco. Temos a exemplo de relacionalidade, o arroz. Para o grupo que ela estudou, dividir o arroz com outra pessoa o tornava parente. A autora diz que tornar-se parentes implica em receber substâncias que não tem o sangue como principal elemento determinantes, como o arroz. O arroz é tão importante quanto o sangue.  A autora entende o parentesco como um processo contínuo e gradual, metáforal e extensões. Parentesco então, envolve relações que são capazes de prever alongamentos para frente e para trás no tempo. Temporalidade assim, é uma parte crucial da potencialidade imaginativa do parentesco. O parentesco (assim também como o arroz) é uma construção social. O sangue, para ela, não pode ser um argumento universal para se conceituar o que é parente e o  que não é, o sangue pode funcionar tanto como metáfora quanto metánimia. O sangue pode ter vários significados.  


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