A Noção de Pessoa
Por: Monkey Era • 24/8/2020 • Resenha • 502 Palavras (3 Páginas) • 116 Visualizações
I – O sujeito: a pessoa
Mauss busca compreender dentro da noção aristotélica do espirito humano, qual é a ideia de “pessoa” ou “eu” dentro de alguns povos, considerando que ela possa aparentar ser algo natural do fundo da nossa própria consciência, mas ela não é uma noção universal. Mauss toma como objetivo apresentar e organizar estas noções, tentando construir uma espécie de catálogo dessas noções do “eu” através do tempo, uma história social da noção de “eu”, mas como ele bem coloca, dar apenas os primeiros passos, fazendo uma primeira forma à “argila”.
O Autor comenta que não irá trabalhar com elementos linguísticos ou psicológicos, mesmo sendo necessários para um estudo completo, mas irá tentar mostrar as formas que o senso de “eu” assumiu na vida dos homens, através das épocas e sociedades, com base em seus direitos, religiões , costumes, mentalidades e estruturas sociais. Utilizando a ideia aristotélica de categorias do espirito humano, como tempo e espaço, Mauss tenta encontrar como as categorias do espirito humano aparecem em sociedade e como essa noção se concretiza no sujeito. como essas diferentes sociedades possuem diferentes visões de pessoa
II – O personagem e o lugar da pessoa
Neste momento Mauss se atenta para povos de três regiões diferentes, os Pueblo de Zuñi, os Kwakiutl e povos na região da Austrália. Mostrando como nestes povos são originados os nomes e as identidades sociais dos seus membros. Não irei comentar sobre todas as especificidades de cada um deles, mas apenas tentar evidenciar qual a noção que cada um possui sobre sua noção de “pessoa”.
Podemos observar que nos povos como os Zuñi e os Kwakiutl suas identidades são dadas pela sociedade ou clã que eles pertencem, os sujeitos ali tem seus nomes ou identidades “prontas” assim que nascem, identidades estas que possuem um papel social a ser cumprido dentro de seu clã, onde um sujeito isolado é apenas uma parte de uma identidade que se configura “completa” com todos os membros de seu grupo, ou seja, como o Autor coloca, as pessoas são “personagens”, uma parte da totalidade já pré-configurada de seu clã.
Nos povos da região da Austrália, sua identidade também é herdada e já pronta quando o sujeito nasce, uma reincorporação de um espirito disperso que renasce perpetuamente no seu clã, Mauss usa um conceito chamado de “máscaras permanentes”, para determinar essas identidades já dadas e que são concretizadas no sujeito, mas salienta que em algumas dessas sociedades existe o uso de máscaras “temporárias”, ou seja, uma identidade sobreposta que o sujeito fabrica neste momento, mas que possui apenas um sentido no momento de uma cerimônia ou ritual, que não se difere da máscara permanente no sentido de função, mas apenas em uma diferença grau. Vemos assim que diferentes sociedades possuem diferentes visões de pessoa e essa noção é fluida e não universal, e como pode ser um processo dado pelas sociedades como um papel social a ser cumprido pelo sujeito, ao contrário do pensamento de a noção de “eu” ser um processor interno da própria pessoa.
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