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A PREVENÇÃO A VIOLÊNCIA E PROMOÇÃO DA PAZ

Por:   •  6/4/2015  •  Resenha  •  2.115 Palavras (9 Páginas)  •  151 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FOFB 034- PREVENÇÃO A VIOLÊNCIA E PROMOÇÃO DA PAZ

ANA CLARA REBOUÇAS

MARIA CAROLINA DE ARAÚJO COUTINHO

FICHAMENTO

La nueva violencia urbana de América Latina

                                                           Salvador, BA

2014

       O artigo “La nueva violência urbana de América Latina” do autor Roberto Briceño-León, foi publicado na revista Sociologias, Porto Alegre, ano 4, nº8, jul/dez 2002, p. 34-51.Esse artigo tem como objetivo tratar de forma abrangente da questão da violência na America Latina, para tanto o autor faz um recorte desde o inicio do século XXI, onde ele apresenta o contexto histórico, relacionando com diversos dados que são usados para fazer comparações entre os países latino americanos e também entre as cidades. Mas, sobretudo ele busca mostrar que esse fenômeno é uma construção social que está ligada a diversos fatores, sendo o processo de empobrecimento da população latino americana o principal deles.

       O autor esclarece que para compreender o problema é preciso entender as suas diversas dimensões, bem como, as transformações sociais pela qual passou a América Latina. Para tanto, ele divide o artigo em oito tópicos principais, o primeiro deles é “La pobreza y el empobrecimento”, nesse tópico ela cita que a nova violência urbana acontece primordialmente entre o setor pobre das grandes cidades, e que por isso, essa classe acaba por representar um temor entre as classes médias e altas. Porém, essa não é uma realidade absoluta, já que quem sofre de forma mais letal com a violência é justamente a classe mais pobre, portanto, o autor chega à conclusão de que eles são as principais vitimas e os algozes desse processo, sendo assim uma violência, sobretudo de pobre contra pobres. Como fica claro na passagem

 [...] es la classe media, por supuesto, que sufre la delincuencia, pero, quienes verdaderamente padecen la violência y, em particular, la violencia más intensa o letal, son los pobres mismos quienes son víctimas y victimarios em este processo (Briceño-León, Camardiel y Avila, 1998). Es uma violência de pobres conta pobres. [...] (p.36).

        Entretanto, o autor deixa claro que não se pode estabelecer uma relação direta entre pobreza e violência, já que dados comprovam que os maiores índices de violência não se encontram nos países mais pobres, mas sim, nos desiguais.

        No segundo tópico “La exclusíon escolar y laboral” o autor continua a abordar a questão da pobreza relacionada com a violência, mas dessa vez fazendo um recorte especifico acerca da falta de escolaridade e desemprego. São apresentados dados que mostram que 24% da população da América Latina e do Caribe vivem com menos de um dólar por dia, fato que gera uma exclusão dessa parcela da população, principalmente no que se refere ao trabalho e à educação. Segundo a CEPAL(Comissão Econômica para a América Latina e Caribe) o desemprego aumentou entre os anos de 1990 e 1999, e cerca de 7 dos 10 empregos criados na região originam-se do setor informal, o que causa uma dupla exclusão já que não há empregos, e aqueles disponíveis não garantem boas condições de trabalho. Do ponto de vista da educação a situação não é melhor, cerca de 30% das crianças não completam o ensino fundamental até os 14 anos, já que com essa idade muitos já são obrigados a trabalhar para ajudar os pais no sustento da casa, o que mostra que porta de entrada da educação funciona bem, porém é muito baixo a porcentagem de crianças que chegam a concluir os estudos.

[...] ciertamente el proceso educativo formal no logra apartar Del todo a los jóvenes de la violencia. Pero la no-educación, es decir, el proceso de expulsión de las escuelas que sufren los jóvenes hace la situación aun peor, pues éstos no logran interarse en el mercado laboral y quedan sin vínculos sociales formales que les puedan proporcionar um sentido de futuro. [...] (pg.38)

      Para finalizar esse tópico o autor traz uma reflexão do porque esses fatores são de grande relevância para o crescimento da violência nas cidades latino americanas, obviamente o acesso a educação não exclui todos os jovens da violência, mas a não educação pode sim resultar em violência, já que o processo de exclusão das escolas e por consequência do mercado de trabalho pode levar o jovem a perder a sua perspectiva de futuro. Esse fato ocorre muito mais nos centros urbanos, já que nas zonas rurais mesmo sem uma educação é mais fácil encontrar ocupação e consequentemente uma nova perspectiva de futuro.

      Por conta disso a violência prospera mais entre aqueles que nasceram na cidade, é exatamente sobre esse aspecto que se trata o terceiro tópico do artigo, “La segunda generación urbana y el quiebre de las expectativas” , onde o autor mostra que ao contrario do que sugere algumas teses sociológicas, a violência não se iniciou a partir do êxodo rural que acarretou no crescimento das favelas, mas sim com as segundas e terceiras gerações que provinham desse movimento, porém nasceram nas cidades e não possuíam mais o vinculo rural. Para as primeiras gerações, a cidade grande era sinônimo de uma vida melhor, porém, para as seguintes as vantagens oferecidas pela cidade não lhe enchiam os olhos, já  que elas sempre estiveram presentes na sua vida. Em contra partida, essa geração é sobrecarregada de informações, principalmente da mídia, que os condicionam a desejar um produto que de certa forma lhe proporciona uma noção de pertencimento a um certo segmento da sociedade,porém na maior parte das vezes, esses jovens não tem condições de adquirir esse produto, o que acaba por ocasionar um abismo entre as suas expectativas e sua realidade, incentivando assim a violência como forma de obter por força aquilo que não tem como conseguir. Aspecto que fica claro na passagem:

[...] Este choque, esta disonancia que se le crea al individuo entre sus expectativas y la incapacidad de satisfarcelas por los medios prescritos por la sociedad y la ley, son um propiciador de la violencia, al incentivar el delito como un medio de obtener por la fuerza lo que no es posible lograr por las vias formales [...] (pg.40)

      Já no quarto tópico “La disponibilidad de armas de fuego y La construccíon de La masculinidad” o autor trás uma reflexão acerca da relação entre a posse de armas e a violência. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) 63% dos homicídios que ocorrem no mundo são provenientes de armas de fogo, porém na América Latina esse número ultrapassa os 80% e em alguns países como a Venezuela, chega a ultrapassar os 90%. Esses dados exorbitantes podem ser explicados pelo fato de que nos últimos vinte anos aconteceram uma disseminação de armas de fogo na população, sobretudo entre os cidadãos que buscam através desse mecanismo uma chance de defender a sua família e sua propriedade, até mesmo nos países onde há uma maior restrição no comércio de armas. Além do fato da proteção, o autor também relaciona o porte de arma à masculinidade, já que há uma construção cultural que ratifica a necessidade do homem de mostrar a sua força e coragem, e também como consequência disso, ele salienta que cerca de 90% das vítimas de homicídios são homens. Portanto é possível associar a violência urbana com as dimensões culturais da masculinidade, bem como associar a letalidade com a posse de armas de fogo, já que essas matam muito mais do que as armas brancas.

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