AS CONSEQUÊNCIAS DO CAPITALISMO E DA GLOBALIZAÇÃO: UMA ABORDAGEM SOCIOLÓGICA NA ESCOLA
Por: professorosvaldo • 23/4/2018 • Artigo • 3.433 Palavras (14 Páginas) • 499 Visualizações
AS CONSEQUÊNCIAS DO CAPITALISMO E DA GLOBALIZAÇÃO: UMA ABORDAGEM SOCIOLÓGICA NA ESCOLA
Osvaldo de Paula Mendonça
RESUMO
Este trabalho discorre sobre as consequências do capitalismo e os efeitos da globalização no espaço urbano, sobretudo a questão da favelização. Buscou-se fundamentar o estudo na posição de teóricos versados na temática, depois de ter sido realizado uma reflexão sobre o papel da Sociologia e do professor desta disciplina no Ensino Médio, além de se refletir a importância de uma aula sobre o tema. No sentido de tornar o assunto mais conhecido, elaborou-se um plano de aula com base no tema da ocupação irregular do espaço urbano, promovendo um debate entre os alunos sobre o tema. Por fim, consideraram-se as contribuições que um trabalho de pesquisa in loco pode fazer pela Educação, sobretudo na formação do caráter sociológico do aluno.
Palavras-chave: Sociologia. Educação. Capitalismo
INTRODUÇÃO
O estado de miséria que atinge a sociedade brasileira, com todas as discrepâncias sociais, a concentração de renda nas mãos de uma pequena parcela da população, os salários insuficientes, o crescente fantasma do desemprego e outras mazelas humanas atingem milhões de pessoas no Brasil, o que contribui para o desenvolvimento de outras mazelas a essas primeiras relacionadas: a subalimentação, a mortalidade infantil, a violência e etc. (GOMEZ, 2012).
Nesse sentido, pode-se dizer também que as desigualdades sociais não são resultados do acaso ou de fatores religiosos, como querem crer algumas culturas orientais. Na verdade, essas desigualdades e suas mazelas são geradas por uma soma de fatores interrelacionadas que abarcam todas as esferas sociais (PETTERSEN, 2011).
Sabe-se que a economia capitalista prima pela concentração de renda e pela exploração da mão de obra do proletário. Por conta disso, existem fatores determinantes que resultam na má distribuição da renda produzida e, por extensão, numa concentração de riqueza nas mãos de poucos. Esses fatores corroboram para que a população seja excluída das políticas governamentais sobre o setor ou, no muito, com oferta escassa de recursos. Esse é o ideal neoliberal, tão difundido por alguns grupos de direita (TORRES, 2010).
Os fatores históricos que resultaram nessa triste perspectiva são comumente associados a dois períodos: Até 1930, quando a produção no país era majoritariamente agrária e o período pós 1930, quando o país teve melhores condições para acumular capitais, o que ficou evidenciado pela ação estatal e pela implantação de indústrias voltadas para a produção em grande escala (GOMEZ, 2012).
Atualmente, nota-se ainda a influência de paradigmas originários da Europa e dos Estados Unidos sobre as análises voltadas para a cidade brasileira, contudo, percebe-se o empenho de investigar e de explicar suas particularidades. A temática da globalização, por exemplo, está presente nos estudos sobre as grandes cidades brasileiras (SANT’ANNA, 2003).
Para Carvalho (2007) a sociedade brasileira mantém muitos vícios quando forma cidades, em especial no desenvolvimento de grandes metrópoles. Para a autora, tem se mantido um padrão periférico de segregação, na qual a elite se concentra nas zonas centrais ou em outras regiões privilegiadas ao passo que as camadas mais pobres da população ocupam grandes áreas onde a pobreza prevalece, em especial nas periferias mais distantes e menos atendidas.
Silva (2009) acha que as cidades precisam produzir condições favoráveis para o desenvolvimento econômico. Neste caso, o governo municipal deve investir de maneira a atrair investimentos externos e para tal é preciso reestruturar a cidade. Isso implica dizer que é necessário eliminar os problemas que impedem os investimentos e supervalorizar os potenciais que a cidade oferece.Obviamente, para esse empreendimento é preciso tomar medidas muitas vezes impopulares. Ocupações de moradia irregulares precisam ser removidas, mendigos retirados das ruas, praças remodeladas, e tudo mais que for necessário para que a cidade pareça mais “simpática”. Na maioria das vezes, o gestor urbano não remodela a cidade, mas apenas esconde os problemas com medidas paliativas.
Mike Davis (apud CORREIA, 2009) diz que a premissa de e dominação do espaço urbano por parte da elite que busca embelezar e a racionalizar a cidade, ainda que seja preciso descartar seres humanos que não têm o mesmo poder aquisitivo ou que culturalmente sejam considerados como “entraves humanos” ao progresso e à modernização da cidade. Surge ai o fenômeno da violência urbana, herdeira direta dessa forma de capitalismo opressor.
Xavier (2000) acredita que uma boa maneira de se fortalecer e atrair desenvolvimento para a cidade é a formação de parcerias e consórcios com outros municípios e aduz que é preciso se espelhar em modelos bem sucedidos, como o de algumas cidades européias.
Finalizando, Vilas (2008) discorda que o fenômeno da globalização seja o grande culpado das mazelas da sociedade contemporânea. Para o autor, é preciso romper com velhos paradigmas que mascaram a verdadeira responsabilidade de um legado de exploração e opressão econômica que se instalou nos países mais pobres há séculos. Com esse entendimento, o autor sugere que é preciso olhar a problemática econômica das cidades sem cair no vício de culpar a ação externa pela perpetuação da miséria, quando na verdade o que se vê é a perpetuação de interesses particulares sobre o público.
2 REFLEXÃO PEDAGOGIA: SOBRE A IMPORTÂNCIA E OS OBJETIVOS DA SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO
Moraes (2003) defende que a sociologia precisa ser encarada como uma disciplina do núcleo comum do currículo e que é preciso fazer um esforço deelaboração de propostas de conteúdos e de metodologias de ensino que estejam mais direcionadas com a realidade do Ensino Médio, dos jovens e das escolas, isto é, que sejam propostas condizentes com os objetivos de formação dos adolescentes, jovens e adultos que cursarão o Ensino Médio.
Sendo assim o Ensino Médio precisa ser de alto nível no que diz respeito aos conhecimentos científicos, já que nem sempre os concluintes irão prosseguir seus estudos para o nível superior. Em muitos casos também, é possível que alguns adentrem em cursos de graduação sem muita base ou de curta duração, o que às vezes não garante uma formação continuada e excelente para ser um docente bem preparado.
Por isso, o Ensino Médio precisa garantir essa
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