ATPS De Formação Social
Artigos Científicos: ATPS De Formação Social. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Edgarsaffran • 24/10/2013 • 4.867 Palavras (20 Páginas) • 523 Visualizações
ATPS – SERVIÇO SOCIAL
Disciplina: Formação Social, Econômica e Política do Brasil
Tutor à distância:
Edgar Saffran – RA 7377649654
Patrícia Gusmão Lopes – RA 7941683689
Noíldes Melo da Silva – RA 447889
Deize Silva dos Santos – RA 7700647306
Juliana de Souza Mendes – RA 7706683672
Tainan Graziele Menezes Ramos Freire– RA 7989738243
Porto Seguro – Bahia
2013
Pinceladas Que Tudo Contam
Jean Baptiste Debret, artista francês, nascido no ano de 1768, integrante da Missão Artística Francesa, que fundou a Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, a convite de D. João VI tornou-se o pintor oficial da corte, retratou os momentos da monarquia brasileira.
As imagens tem sido constante objeto de estudos históricos, as quais passam a explorar uma das mais importantes percepções do ser humano que é o ver, não com simplicidade, mas o ver analítico-crítico. Debret, buscou demonstrar em suas gravuras, a presença do trabalho escravo nas mais diversas modalidades de serviço, tanto no meio rural como no urbano, ao produzir imagens representando o trabalho cotidiano do escravo urbano no Brasil durante o século XIX, Debret faz uma representação concreta de tal trabalho mediante seu ponto de vista e de sua percepção da realidade. Conforme explica Laplantine e Trindade:
Imagens são construções baseadas nas informações obtidas pelas experiências visuais anteriores. Nós produzimos imagens porque as informações envolvidas em nosso pensamento são sempre de natureza perceptiva (...) Assim a imagem que temos de um objeto não é o próprio objeto, mas uma faceta que nós sabemos sobre esse objeto externo. (LAPLANTINE & TRINDADE, 1996,p. 11)
Assim o Rio de Janeiro no século XIX, retratado por Debret em sua pintura, vinha passando desde o momento da chegada da Corte portuguesa por uma transformação contínua. Na condição de capital do Reino, tornou-se palco das grandes cerimônias oficiais onde houve um crescimento em seu meio urbano de um contingente escravo de características bem específicas.
Em meio às representações dos usos e costumes do brasileiro em geral, seu espectro permeia, obviamente, a maioria das atividades executadas pelas mãos escravas, sendo desta forma, o negro sempre representado em situação de trabalho como pode ser vista na imagem acima.
Na análise dessa imagem, considera-se a expressão da postura corporal do senhor e do escravo como: posição do tórax, da cabeça, posição social. Como se pode observar, o oficial da Corte está à frente seguido por uma mulher escrava. A imagem do senhor apresenta-se com o tórax elevado e cabeça altiva e expressa desta maneira, sua condição de domínio/superioridade em relação à escrava negra. Esta, por sua vez, está representada com uma postura corporal ligeiramente inclinada para frente, e expressa uma condição de submissão e inferioridade em relação ao seu senhor.
O ser senhor de escravo, era uma condição de mais alto prestígio, pois perpassava a idéia de uma boa condição econômica.
Nas cidades, o trabalho escravo negro era essencial, nas mais variadas atividades e desempenhava todas as funções necessárias à vida no Brasil, naquele momento. O braço negro esteve presente nas lavouras do Norte e do Sul do país, nos serviços domésticos, nas aglomerações urbanas, sendo que o desenvolvimento da economia brasileira na época colonial está intimamente relacionado com o desenvolvimento da escravidão no Brasil.
Creio que posso dizer que, no Rio de Janeiro, o trabalho livre é literalmente desconhecido. Devo dizer com toda franqueza que minha impressão é que pouco ou nada se consegue fazer aqui sem o braço escravo. (FRANÇA, 2000, p.56)
Poucos senhores saíam às ruas sem pelo menos um escravo negro urbano para lhes acompanhar, sendo que Debret representa este imaginário da época ao utilizar a imagem da escrava negra como uma carregadora, fazendo serviço braçal ao oficial da corte. No contexto da imagem, Laplatine afirma que “o imaginário faz parte da representação como tradução mental de uma realidade exterior percebida (...)” (LAPLANTINE & TRINDADE, 1996,p.25).
As menores faltas dos escravos eram punidas através de castigos físicos, principalmente o açoitamento, que era ministrado em locais públicos e servia para exemplificar que atos de insubmissão e rebeldia eram inadmissíveis e corrigidos prontamente. O escravo era tratado como objeto e como tal podia ser vendido, alugado, emprestado como mercadoria qualquer, sem permissão de ir e vir por conta própria, não tendo desta forma a suprema propriedade de seu corpo.
Nos tempos de Carlota Joaquina?
O filme “Carlota Joaquina, a Princesa do Brasil”, de Carla Camurati, retrata alguns fatos que sucediam, e que pode-se observar nos tempos atuais tais como:
A primeira cena, onde, D. João VI, ao chegar ao Brasil, com sua esposa, a então Princesa Carlota Joaquina, ordena a seus soldados reais que saiam às ruas empunhando um Decreto Real de ordem de desapropriação de imóveis particulares luxuosos, com o intuito de acomodar a sua corte, sem se importar com os proprietários daqueles imóveis. Esta é uma cena vista ainda nos dias de hoje, sendo que a constituição, em nome do bem maior o “Estado”, permite a desapropriação de imóveis particulares, e ainda com um agravante, além de ser qualquer imóvel, luxuoso ou não, há ainda a desvalorização do mesmo, esta desapropriação de imóveis é conhecida até hoje como “Ato do Império ou Ato do Príncipe”.
A segunda cena se passa quando, no interior das acomodações da corte real, D. João VI distribui títulos de nobreza a pessoas que prestaram favores a corte, por possuírem algum poder de influência e persuasão na sociedade da época. Essa foi a forma de pagamento que D. João VI utilizou, caracterizando assim como troca de favores. Ainda hoje existe esta distribuição de títulos, mais caracterizados como cargos, que o governo utiliza como aliança em seu próprio benefício, para fortalecer-se como governo. Neste caso não existe nenhum tipo de avaliação profissional para as pessoas que assumem tais cargos, excluindo assim, pessoas capacitadas para atuarem nos
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