As regras do método sociológico - Émile Durkheim
Por: joaovaranese • 30/6/2019 • Resenha • 714 Palavras (3 Páginas) • 319 Visualizações
EP - 140B - Sociologia Geral - Prof. Antonio
“As regras do método sociológico” - Émile Durkheim
Durkheim começa o primeiro capítulo tentando definir o que é fato social, e para evitar alguma confusão, ele explica que o termo era usado sem muita precisão, sendo empregado para designar praticamente qualquer fenômeno que se dá no interior da sociedade. Mas dessa forma, qualquer acontecimento humano poderia ser fato social, e assim sendo, a sociologia não teria um objeto próprio que se diferenciasse da psicologia ou biologia. Então para fazer essa diferenciação e trazer a especificidade do objeto da sociologia, Durkheim apresenta o tipo determinado de fenômeno a ser estudado pela área, e que será chamado de fato social.
Quando desempenho minha tarefa de irmão, de marido ou de cidadão, quando executo os compromissos que assumi, eu cumpro deveres que estão definidos, fora de mim e de meus atos, no direito e nos costumes. Ainda que eles estejam de acordo com meus sentimentos próprios e que eu sinta interiormente a realidade deles, esta não deixa de ser objetiva; pois não fui eu que os fiz, mas os recebi pela educação. (DURKHEIM, 2007, p. 1)
Nesse trecho o autor explica uma das três principais características do fato social, que é a exterioridade. Todo fato social é coisa, é externo ao indivíduo, e por mais que este indivíduo tenha se adaptado e aceitado esse fato interiormente, a exterioridade se mantém, pois não foi o indivíduo que o criou, mas sim o recebeu através da educação. Fatos sociais são maneiras de agir, tipos de conduta ou de pensamento, e eles têm a capacidade de existir independente das consciências individuais, pois eles existem na sociedade, e não nos indivíduos.
“Esses tipos de conduta ou de pensamento [...] são dotados de uma força imperativa e coercitiva em virtude da qual se impõem a ele, quer ele queira, quer não”, (DURKHEIM, 2007, p. 2), aqui o autor nos apresenta a segunda das três grandes características, que agora é a coercitividade. A coerção social é a força que os fatos sociais exercem sobre o indivíduo. Essa força pode vir de uma instituição como o sistema jurídico, ao punir alguém que cometeu algum crime, como pode vir de um modo um tanto quanto mais sutil de ser percebida, empregada pelos próprios indivíduos da sociedade através de riso, afastamento, como por exemplo um homem ao usar uma saia, ele não está se submetendo às regras de vestimenta convencionadas pela sociedade, portanto as pessoas podem se afastar, rir dele ou em casos mais extremos até praticar alguma agressão física, dessa forma, a ideia da prática de vestimenta aceita pela sociedade vai sendo introjetada nos indivíduos através deles próprios.
A terceira característica das três principais dos fatos sociais é a generalidade, ou seja, como já foi dito, o fato social não acontece dentro de um indivíduo, mas sim reproduzido em toda sociedade pela totalidade ou maioria dos indivíduos, é expresso de forma geral, como por exemplo o idioma usado na comunicação, ou tradições/rituais como o casamento.
Achei muito interessante uma passagem na qual Durkheim diz que o ar não deixa de ser pesado, apesar de não sentirmos mais o seu peso, e nos faz refletir sobre os fatos sociais que através da coerção ao longo do tempo, talvez nem sentindo e se dando conta, fomos incorporando ao nosso ser, e hoje podemos ser reprodutores dessa coerção a aplicando em outros indivíduos. Em algum dado momento essa coerção foi deixando de ser sentida, e pouco a pouco o fato social se torna um hábito.
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