Atps Psicologia
Dissertações: Atps Psicologia. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: luciennesantos • 3/3/2015 • 1.541 Palavras (7 Páginas) • 238 Visualizações
INTRODUÇÃO
Este trabalho vem demonstrar a compreensão do significado da profissão dentro do cenário sócio- histórico nacional e internacional, alem das humilhações e desigualdades sociais da nossa sociedade, e a compreensão do sofrimento psíquico enfrentado pelos sujeitos excluídos.
Humilhação social - um problema político em psicologia
A temática sobre a humilhação social foi abordada por José Moura Gonçalves Filho por ser um problema político e psicológico, ou seja, uma modalidade de angustia ocasionada pelo impacto da desigualdade das classes sociais. E para se entender a temática foi recorrida a investigação marxista e a psicanálise dois regimes de investigação concorrentes mais que ao mesmo tempo se completam.
Estudar a humilhação social na visão marxista é encontrar a solução para os problemas da coletividade, já para a psicanálise os problemas começam no inconsciente do individuo devido aos sofrimentos passados por este para depois afetar a coletividade.
Como diz Gonçalves filho a humilhação social sem dúvida trata se de um fenômeno histórico, ou seja, uma humilhação crônica longamente sofrida pelos pobres e seus ancestrais. Sendo esta humilhação descendente das desigualdades políticas indicando a exclusão de uma classe inteira de pessoas. A humilhação atingi dentro do ser agindo como uma angústia que leva internamente ao impulso mórbido, do corpo, da imaginação e das ações do individuo. E esta situação ambígua da humilhação como fenômeno externo- interno é que encontramos em Marx estudioso das relações econômicas e Freud das relações pulsionais nos ensinaram a encontrar o homem em uma situação inter-humana interagindo com os outros homens mecanismos em que o mecanísmico humano não é um fato natural, mas histórico e intersubjetivo.
A humilhação social possui determinações econômicas e inconscientes sendo, no entanto um fenômeno ao mesmo tempo psicológico e político onde o humilhado passa por uma situação de impedimento para a humanidade, pois afeta tanto o seu interior psicológico “eu íntimo” quanto o exterior como no trabalho e na comunidade.
A realidade das desigualdades das classes é vista quando as crianças pobres chocam se ao ver suas mães entrar pelos fundos nos prédios quando vão fazer faxina ou seu pai sendo humilhado por um superior isto choca e causa um trauma na criança que ao crescer se sentirá um ser inferior por ser pobre e por pertencer a uma classe social mais baixa.
Segundo Gonçalves Filho a humilhação é angustia que os pobres conhecem bem, pois estes sofrem com frequência seus efeitos até em frases quando diz “vocês são inferiores”.
Para os pobres a humilhação é uma realidade vivida cotidianamente sempre os acompanhando onde quer que estes estejam e o sentimento de não possuírem direitos os deixam com sentimentos que são desprezíveis ou mesmos invisíveis perante a sociedade e o poder público.
Invisibilidade Social
O artigo lido “A desigualdade e a invisibilidade social na formação da sociedade brasileira” de Ava da Silva Carvalho Carneiro tem como objetivo central analisar a desigualdade social e consequentemente a invisibilidade social, a partir de uma interlocução entra a Sociologia de Jessé Souza e a psicologia de Fernando Braga da Costa. A invisibilidade social é um conceito aplicado a seres socialmente invisíveis, seja pela indiferença ou pelo preconceito. Há vários fatores que podem contribuir para que essa invisibilidade ocorra: fatores sociais, culturais, econômicos e estéticos.
De acordo com psicólogo Samuel Gachet a invisibilidade pode levar a processos depressivos, de abandono e de aceitação da condição de “ninguém”, mas também pode levar a mobilização e organização da minoria discriminada. O cientista social Jessé Souza autor do recém lançado livro A Invisibilidade da Desigualdade Brasileira afirma que acreditar que a pobreza será decifrada pela análise economicista é um erro. À frente do Centro de Pesquisas sobre Desigualdade (Cepedes), da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), o cientista social desenvolve estudos empíricos e teóricos sobre a reprodução de um modelo, que mantém boa parte do Brasil à margem de si mesmo.
Fernando Braga da Costa faz uma psicologia crítica, mesmo sem anunciar que sua construção empírica e teorica está fundamentada em uma psicologia crítica. Essa psicologia exercida pelo autor é o que pode ser chamado de psicologia com responsabilidade social (CARNEIRO,2009). Fernando Braga da Costa se propõe a tratar da invisibilidade social de perto e para isso o pesquisador escolhe um método de coleta de dados que permite essa aproximação com o seu objeto de estudo. O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são 'seres invisíveis, sem nome'. Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da 'invisibilidade pública', ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa. Braga garante que teve a maior lição de sua vida.
Sofrimento psíquico enfrentado pelos sujeitos socialmente excluídos.
Fernando Braga relata o que vivenciou na pele o que vive diariamente os garis, as humilhações vividas por eles só por não pertencerem a um determinado grupo social, humilhações essas não só verbais mais de apenas fingir que não estamos vendo essas pessoas, fingir que são invisíveis.
Essa humilhação social interrompe até mesmo a mais básica das relações sociais que é a comunicação, onde todos se calam, acabam se acostumando com a discriminação e evitando até mesmo estar no mesmo ambiente que as outras pessoas.
A partir do momento que se recusam a está em um determinado ambiente “porque está cheio” e as pessoas sequer olham para eles, acham melhor não ir para não serem humilhados, fica claro que a profissão de gari é marcada pela invisibilidade pública, mas se colocarmos isso na nossa realidade não só os garis sofrem essa invisibilidade, mas também as empregadas domésticas, faxineiros e outros trabalhadores que são vistos
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