Até que as lágrimas sequem
Por: Hayssa Miranda • 20/12/2016 • Dissertação • 766 Palavras (4 Páginas) • 140 Visualizações
Até as lagrimas sequem
O chão esta empoeirado mas, de certo modo nao está muito diferente de toda minha casa. Aqui a tristeza reina, a indisposição prevalece. Minha família não olha mais para cima; tem sido esfaqueada pela solidão e por perguntas sem respostas em suas mentes a um mês.
Bom mas não foi sempre assim... Meu pai, era um homem bom, podemos dizer. Tratava muito bem nossa família e fazia o máximo para agradar minha mãe e deixar ela satisfeita. Ele trabalhava a tarde toda, e dizia ter escolhido isso para receber mais, o que era verdade já que sua renda era suficiente para deixar minha mãe apenas cuidando de nós.
Assim, ocupado a tarde toda, chegava em casa apenas para literalmente jantar e dormir. Nossas conversas eram razoáveis e distantes o afeto e carinho cada vez menos frequente. Eu e meus irmãos amávamos nossa mãe, mas precisávamos de um pai também, e o que tínhamos era um homem cansado de trabalhar.
Suas folgas eram classificadas por mim e meu irmãos como "uma vez em nunca", porém a exatamente 30 dias atrás, ela teria e nos avisou sobre a folga um dia antes. Ficamos todos empolgados por poder passar a tarde com a familia toda.
Aquela sexta feira não poderia ser mais feliz, tínhamos tantos planos para o dia seguinte... Mas tudo nao passou de uma ilusão, não houve folga no dia seguinte e até hoje esperamos pela nossa.
No dia seguinte, o tão esperado sábado, meu pai simplesmente sumiu, sumiu. E não só ele como tudo que se refere a ser dele, roupas, sapatos, anotações, fotos tudo. Desde então tudo mudou, exceto uma coisa: as perguntas.
Ninguém sabe, por que, onde está, como esta se irá voltar, nada. Nem policia amigos parentes.. Nao há nada que se prove, ninguém sabe. A ultima coisa que sabemos é uma ligação. Sim, apenas isso.
Me lembro de estarmos indo dormir, e o telefone tocar. Meu pai voou no telefone para atender, como se soubesse que fosse para ele. Ao atender apenas respondeu afirmando "sim, ok, positivo". Não quis questionar sobre quem seria e do que se tratava, eu sabia que ele não me responderia e diria algo do tipo "conversa de homens" ou ainda "não é da sua conta". Lembrando que ele realmente era um homem muito bom, mas sua vida fora de casa nunca foi questionada nem mesmo pela minha mãe.
So sabendo disso, nao chegamos a Conclusão nenhuma, porém hoje me lembrei de uma vez ter vindo aqui no sótão e ter visto essa caixa de sapato quando era mais novo. Mas como estava brincando de esconde-esconde com meus irmãos nao quis mexer para não fazer barulho. Mas enfim aqui estou de frente com ela denovo, depois de 4 anos e de um mês de meu pai ter sumido
Realmente não sei por que lembrei dela, mas ao abrir fico surpreso que só tenha coisas do meu pai e que provavelmente foi um acidente ter deixado elas aqui. Porém não se referem a qualquer coisa, tudo muda daqui para frente, e talvez nem mesmo que meu pai queira voltar,talvez nos o desejaríamos. Agora a sua pergunta: o que você achou?
Cadernos com anotações, desenhos preconceituosos, viagens e cartão postais do mundo todo. Mas o que mais me chamou atenção foi uma foto com muita gentes armada em um cenário de guerra, e um broche colocado exatamente no rosto de um homem, ele. Nao consigo me confirmar, encontrei meu pai, um terrorista
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