Bacharelado em Línguas Aplicadas à Negociações Internacionais
Por: Letícia Teles • 18/10/2015 • Resenha • 1.271 Palavras (6 Páginas) • 136 Visualizações
[pic 1]Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca
Diretoria de Graduação
Bacharelado em Línguas Aplicadas à Negociações Internacionais
Disciplina: Identidades Culturais l
Ficha de Leitura
MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. Segunda parte: ENSAIO SOBRE A DÁDIVA. Tradução Paulo Neves. São Paulo: Cosac Naify, 2003.
Mauss inicia o seu artigo com um poema, pois acredita que o mesmo exercerá o papel de epígrafe em seu trabalho. sua pesquisa a partir das seguintes questões: “Qual é a regra de direito e de interesse que, nas sociedades de tipo atrasado ou arcaico, faz que o presente recebido seja obrigatoriamente retribuído? Que força existe na coisa dada que faz que o donatário o retribua?” objetivando responde-las e lançar um estudo de questões conexas. O conceito de fato social total foi construído através do estudo de sociedades como: a Polinésia, Melanésia, Noroeste americano e alguns grandes direitos. E para a realização deste estudo ele seguiu um método de comparação preciso.
No começo de “Ensaio sobre a dádiva”, Mauss traz a definição dos conceitos de prestação, dádiva e potlatch. Ele diz que as prestações e as contraprestações nestas sociedades se estabelecem, sobretudo, de maneira voluntária, principalmente por meio de presentes, porém sabe que estas prestações são no fundo obrigatórias, e a sua não execução está sobre pena de guerra privada ou pública. E a tudo isso ele propôs de chamar de sistema de prestações totais. Outro conceito trazido por ele é o potlatch, que é definida por ele como “evoluída e relativamente rara dessas prestações totais”. Potlatch quer dizer: nutrir, consumir. ”As tribos, que vivem nas ilhas ou nas costas, ou entre as Rochosas e a costa, passam o inverno numa perpetua festa: banquetes, feiras e mercados, que são o mesmo tempo a assembleia solene da tribo”. Mauss diz que a prestação total nesta atividade, pois é “claramente o clã inteiro que contrata por todos, por tudo o que ele possui e por tudo o que ele faz, mediante seu chefe”.
A noção de Mana, honra, prestígio é importante em partes na Polinésia e na Melanésia. O potlatch da costa noroesta americana apresentaria noções semelhantes, implicando honra, prestígio e autoridade; não retribuir implica perda do mana. Na Samoa, há uma classificação de bens e pessoas em: tonga (feminino) : oloa (masculino) : inalienável: alienável : autóctone : estrangeiro. Não só objetos, mas também conhecimentos rituais são classificados como tonga; são as esteiras de casamento, herdadas pelas filhas, mas também os tesouros, talismãs, brasões, tradições, cultos e rituais. Proibições impedem-nos de serem repassados a qualquer um; ligam-se assim ao poder, daí serem bens de prestígio, frequentemente marcas da chefia, carregados de mana.
O primeiro capítulo da obra traz a discussão sobre as dádivas trocadas e a obrigação de retribui-las, tendo como primeiro subcapítulo “Prestação total, bens uterinos contra bens masculinos (Samoa)”, aonde segundo o autor, em Samoa as oferendas contratuais vão muito além do casamento, incluindo também os seguintes acontecimentos: nascimento, puberdade da moça, ritos funerários, comércio, doença e circuncisão.
É realizada uma análise sobre a noção que os nativos possuíam de mana e de hau. Mauss conclui que o vinculo de direito, o vinculo pelas coisas é um vinculo de alma, pois a própria coisa recebida e trocada possui alma, pois a coisa é reflexo do seu primeiro dono. Dessa forma, entende-se que é necessário retribuir a outrem o que seria parcela de sua natureza, pois ao aceitar algo de outra pessoa, você está levando parte dela, parte de sua alma. A não retribuição seria algo perigoso ou mortal, pois aquilo que foi recebido não é meramente físico, mas também envolve a espiritualidade.
Em seguida, Mauss explica a destruição sacrificial a partir da lógica da reciprocidade, o sacrifício sendo uma doação que implica destruição e que deve ser retribuída pelos deuses. O sacrifício também é um contrato e o grupo de espíritos dos mortos e os deuses foram os primeiros com os quais os homens tiveram que estabelecer contrato, pois são eles os verdadeiros proprietários das coisas e dos bens do mundo. Como no potlatch, os chefes aliados/rivais polinésios se veem mutuamente como deuses. Devendo esse tema ser estudado, assim como o das esmolas, uma vez que estão sempre presentes no contexto polinésio como no do noroeste norte-americano.
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