Conceitos De Bourdieu E Nogueira Relacionados Com O Texto "Crianças E Informação: Papéis Da Família E Da Escola" De Tânia F. De Resende.
Pesquisas Acadêmicas: Conceitos De Bourdieu E Nogueira Relacionados Com O Texto "Crianças E Informação: Papéis Da Família E Da Escola" De Tânia F. De Resende.. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Milenapc4 • 26/1/2015 • 1.677 Palavras (7 Páginas) • 303 Visualizações
1º Conceito
Na pesquisa de RESENDE “Crianças e Informação: papéis da família e da escola”, a pesquisadora quis estabelecer a relação entre a aquisição de conhecimentos observados nos alunos dentro da escola e o acesso às tecnologias de informação, focando no papel da família e da escola nesse processo.
BOURDIEU afirma que o êxito escolar do aluno estabelece uma relação com o nível cultural global da sua família. Assim o capital cultural mostra que o grau variado de sucesso alcançado pelos alunos ao longo de seus percursos escolares é explicado por sua origem social, que os colocaria em condições mais ou menos favoráveis diante das exigências escolares.
Ao contrário da proposta da meritocracia, ao qual acredita-se que como todos estão tendo um acesso igualitário ao conhecimento escolar, todos se encontram em pé de igualdade e cabe a dedicação de cada um para se obter o sucesso escolar, BOURDIEU explica que não cabe só as crianças, mas aqueles que fazem parte da vida dela interferem mais significantemente no seu rendimento escolar do que as questões psicológicas e biológicas dela.
O conceito de capital cultural dá respaldo à RESENDE em sua pesquisa que, sabendo a importância da família nesse processo, define seu papel como mediadora da apropriação das mensagens informativas veiculadas pelos aparatos informativos. Como a sua pesquisa diz respeito ao acesso e a apropriação dessas informações, a pesquisadora coloca ainda a família como transmissora do capital cultural familiar, pois ela deve rentabilizar as possibilidades de aproveitamento dos veículos de informação disponíveis no lar.
Segundo BOURDIEU em “A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura”:
“O capital cultural objetivado em suportes materiais, tais como escritos, pinturas, monumentos etc., é transmissível em sua materialidade. (...) Assim, os bens culturais podem ser objeto de uma apropriação material que pressupõe o capital econômico, e de uma apropriação simbólica, que pressupõe o capital cultural.” (BOURDIEU, 1998 P. 77)
RESENDE explica que para que se possa observar o currículo real da criança na escola, é necessário contemplar o currículo formal (aquilo que o aluno aprende na escola) e o capital cultural. Assim BOURDIEU dá sustentação ao trabalho de RESENDE que observa que, a partir do conceito de capital cultural, deve ser explorado como as aquisições feitas pela criança ocorrem a partir das disposições da sua família em relação á cultura, ou seja, a partir do que BOURDIEU chamou de “O capital cultural objetivado em suportes materiais”, a família deve fazer com que as informações recebidas por esses materiais ou veículos informativos façam sentido e sejam incorporadas pelas crianças.
2º Conceito
Sabendo que a nossa sociedade é uma sociedade de classes, a cultura considerada como legítima é aquela sustentada pela classe que se sobressai sobre as outras. Assim a classe dominante é responsável por impor a sua cultura como universal. A escola possui um importante papel nessa reprodução como afirma NOGUEIRA em “A Sociologia da Educação de Pierre Bourdieu: limites e contribuições”, ao se apropriar dos conceitos de Bourdieu:
“Para Bourdieu, portanto, a cultura escolar, socialmente legitimada, seria, basicamente, a cultura imposta como legítima pelas classes dominantes.” (NOGUEIRA, 2002 P. 28)
O caráter da neutralidade da escola, ou seja, a imparcialidade que a escola apresenta, para Bourdieu ela não existe. A escola é responsável em reproduzir as desigualdades ao definir seu currículo contemplando a cultura dominante dada como universal.
Reconhecendo a sua não neutralidade e o seu caráter reprodutor das desigualdades, a escola tem o dever de perceber que nem todos tem acesso a essa cultura dominante, ou seja, as classes populares e médias em especial não possuem o capital econômico e o capital cultural necessário para o sucesso escolar, seja pela dificuldade de acesso aos aparatos tecnológicos, ou pelo acesso às informações; seja pelo não convívio com familiares e amigos que façam parte dessa classe social dominante; ou seja pelo não acesso à locais que reproduzam essa cultura como o teatro, shoppings, cinema, viagens, entre outros.
No que diz respeito ao acesso aos veículos de informação, uma maneira de contribuir para que todos possuam oportunidades e assim que todos possam ter o sucesso escolar, a escola deve cumprir seu papel específico na “(...) democratização das oportunidades de acesso ao conhecimento e às novas formas de construí-lo, mediadas pelas diferentes tecnologias.” (RESENDE, 2006 P.180)
NOGUEIRA contribui ao trabalho de RESENDE pois demonstra o desafio que a escola se depara ao reproduzir a cultura dominante à aqueles que nem sempre fazem parte dela. RESENDE, em sua pesquisa sobre a relação entre o conhecimento e o acesso aos veículos de informação, apresenta uma maneira de minimizar as dificuldades escolares apresentadas pelos alunos das classes inferiores, que é a democratização do acesso a esses veículos. Esse acesso também minimiza a exclusão social desses alunos tão presente na contemporaneidade.
3º Conceito
Para a realização da pesquisa de Campo, RESENDE analisou duas turmas de 3ºs anos de escolas que, segundo ela “(...) provavelmente tivesse acesso favorecido a veículos de informação, selecionaram-se duas escolas privadas de grande porte, de Belo Horizonte, que atendem alunos das camadas médias da população.” (RESENDE, 2006 P.173)
Se apropriando das trajetórias escolares dos alunos de diversas classes sociais, NOGUEIRA em “Trajetórias escolares, estratégias culturais e classes sociais” procurou observar a classe média de duas maneiras, primeiramente observou as características de toda a classe e depois as particularidades de suas frações. Duas importantes características foram encontradas no que diz despeito a classe média no geral: o Malthusianismo e o Ascetismo.
O Malthusianismo refere-se ao fato da família por não possuir um capital econômico suficiente “veem-se obrigadas a conter os gastos e limitar a prole para poder investir em cada filho o máximo possível de recursos” (NOGUEIRA, 1991 P.97) Ao se investir assiduamente em um único filho, ou seja, acesso a escolas particulares, materiais escolares, veículos de informação, procura-se garantir ao filho a ascensão social até as elites, dessa forma “a escola servirá como canal por excelência utilizado nessa empreitada de promoção social.” (NOGUEIRA, 1991 P. 97)
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