Construindo O Conceito De Competências

Resenha: FLEURY, M.T.; FLEURY, A. Construindo o Conceito de Competência

Competência é uma palavra que indica a capacidade da pessoa em realizar determinada tarefa. Recentemente, o tema foi inserido no âmbito acadêmico e empresarial, associado a diferentes categorias de compreensão: no nível da pessoa (a competência individual), das organizações (as core competences) e dos países (sistemas educacionais e formação de competências).

O debate acerca do tema iniciou-se em 1973, quando McClelland declarou que a competência é o desempenho superior do indivíduo e diferencia-se de questões similares, como aptidão, habilidade e conhecimento. Alguns anos depois, Richard Boyatzis definiu competência como conhecimentos, habilidades e atitudes que conferem um desempenho superior, relacionados intrínsecamente com a inteligência e a personalidade das pessoas.

Acadêmica e administrativamente, a competência é determinada pela(s) tarefa(s) pertinente(s) ao cargo a ser executado. Desse modo, a gestão por competência é uma forma mais moderna de se referir ao sistema organizacional fundamentado nos princíos do taylorismo e fordismo, uma vez que a pessoa se especializa no cumprimento de uma determinada tarefa. No entanto, tal linha de pensamento não retrata a realidade das organizações atualmente. A globalização exige uma constante adaptação e dinamismo das organizações, o que leva a um grau de complexidade muito maior tanto na produção como com relação aos funcionários que devem apresentar um conjunto de capacidades múltiplas para atender às mais variadas demandas.

Dessa forma, a competência não deve ser limitada às necessidades da tarefa, nem tampouco ser definida como um conjunto estático de conhecimentos. Ela é uma inteligência adquirida e transformável contextualmente que aumenta com a complexidade das situações. As competências devem agregar valor econômico à organização e valor social ao indivíduo. Le Boterf define competência como “um saber agir responsável e reconhecido,que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos ehabilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo”.

No nível organizacional, as competências devem preencher três requisitos, segundo Prahalad e Hamel. São eles: oferecer reais benefícios aos consumidores, ser difícil de plagiar e proporcionar acesso a diferentes mercados. Assim, competência pode ser traduzida na capacidade de combinar, misturar e integrar recursos em produtos e serviços. Para isso, o conhecimento deve estar associado a um processo sistemático de aprendizagem envolvendo a descoberta e a capacitação de recursos humanos.

O desenvolvimento de competências organizacionais está intimamente relacionado ao processo de aprendizado individual e grupal de seus membros. São várias as formas de se aprender e cada pessoa é única nesse processo devido às diferentes formas de se perceber o mundo ao seu redor e isso é muito importante uma vez que diferentes percepções podem levar a diferentes aprendizados que podem ser somatizados gerando um resultado muito mais interessante para a organização. Além disso, o processo de se reter as informações na memória é um elemento crucial para o aprendizado e está relacionado à carga emocional presente atuando como fator motivacional. No entanto, a transformação