Corpo, sentimentos e ritual: análise à proposta da Escola Sociológica Francesa

Corpo, sentimentos e ritual: análise à proposta da Escola Sociológica Francesa

        Os artigos debatidos em aula mostram o quanto sentimentos individuais e características pessoais do corpo de um indivíduo se tornam um fenômeno social ao serem ligados a rituais. Como exemplo de tais fenômenos, temos o estudo sobre os rituais funerários australianos e a expressão obrigatória dos sentimentos, onde se pode observar a expressão de sentimento, de dor, de luto. Tais expressões são regidas por leis culturais, constituídas pela coletividade, cuja mesma ratifica os jeitos de se manifestar os sentimentos. As manifestações dos sentimentos precisam fazer sentido não só para quem sente, precisa também ser expressa de forma inteligível para todos os outros, pois nos rituais os sentimentos se tornam um novo idioma, uma nova forma de comunicação que traduz a coerção e a obrigatoriedade da expressão do indivíduo em um ritual simbólico. A pesquisa de Mauss mostra que na linguagem de sentimentos o corpo do indivíduo em si é o receptáculo, e tal atribuição é adquirida culturalmente.

        O corpo é definido de acordo com as leis da sociedade na qual está inserido. Mesmo que certos conhecimentos sobre a anatomia e a fisiologia do ser humano sejam universais, os acontecimentos biológicos humanos fazem parte de uma realidade simbólica, fazendo com que sejam adaptados e recriados em um contexto social e cultural na qual o indivíduo faz parte. De acordo com Arnold Van Gennep, diferentes etapas do ciclo biológico humano, desde a gestação do mesmo até o alcance da melhor idade, e acontecimentos relacionados à mudança corpo ou ao social, elas tendem a ser ritualizadas, nos chamados ritos de passagem. Tais ritos se mostram mais presentes em sociedades tradicionais, e quanto mais modernas as sociedades, mais difícil fica daquilo que faz parte do coletivo escapar do individual.