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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Por:   •  17/4/2017  •  Resenha  •  2.008 Palavras (9 Páginas)  •  343 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

DISCIPLINA ANTROPOLOGIA II

DOCENTE MARTINHO TOTA FILHO

PERIODO 2016.2

RAIMUNDO FELIPE DOS SANTOS NETO

MATRÍCULA 384295 

Ensaio dos textos: A Eficácia Simbólica, O feiticeiro e sua magia e Introdução à obra de Marcel Mauss   

FORTALEZA

2017

A eficácia Simbólica, O feiticeiro e sua magia e Introdução à obra de Marcel Mauss  

Primeiro discorrerei sobre o capitulo X do livro Antropologia Estrutura I, a eficácia simbólica, sendo este o texto que mais compreendi. Neste texto Levi-Strauss descreve a situação difícil de um parto de uma mulher Cuna, tribo indígena do Panamá, em que foi preciso a intervenção de determinado Xamã para combater os abusos de Muu que haveria se apossado da alma da gestante, logo Muu seria responsável pela formação do feto.

O Xamã possui um talento inato, invoca os espíritos dos ventos, das águas, dos bosques, das bebidas alcoólicas, dos barcos dos homens brancos, através de um canto que busca a alma (purba) perdida. Muu fica na vagina e no útero da parturiente, xamã luta com a ajuda dos espíritos invocados, adentrando o corpo da mulher, para que o purba da mulher seja descoberto e libertado e o bebê possa nascer. Percorrendo no interior do corpo, habitado por monstros e feras – personificação das dores, nisso o xamã viaja ao mundo ‘sobrenatural’ para curar a doente. O ritual tem como objetivo fazer o corpo voltar ao equilíbrio – regulando a niga e o purba, com a invocação de representações psicológicas para combater problemas fisiológicos da gestante.

Para Lévi-Strauss, a cura restabelece a ordem dos órgãos relacionados à purba, a cura se deve ao fato de tornar suportável para o inconsciente, àquilo que seria insuportável para o corpo, nisto cabe papel importante do xamã.

   

O fato de a mitologia do xamã não corresponder a uma realidade objetiva não tem importância, pois que a paciente nela crê e é membro de uma sociedade que nela crê. Espíritos protetores e espíritos maléficos, monstros sobrenaturais e animais mágicos fazem parte de um sistema coerente que funda a concepção indígena do universo. A paciente os aceita ou, mais precisamente, jamais duvidou deles. O que ela não aceita são as dores incoerentes e arbitrárias que constituem um elemento estranho a seu sistema, mas que o xamã, recorrendo ao mito, irá inserir num sistema em que tudo se encaixa. (LEVI-STRAUSS, 2008, p.228).

O mito é característico no processo de cura, na qual a paciente e a sociedade creem nele, assim ocorrendo a racionalização do fenômeno.

 A eficácia se dá através de três aspectos fundamentais, “a crença do feiticeiro na eficácia de suas técnicas; a crença do doente que ele cura, no poder do próprio feiticeiro; e a crença e confiança da opinião coletiva.” (LEVI- STRAUSS, 2008)

Levando em consideração a psicanálise, Levi-Strauss faz uma equiparação ao xamanismo:

Em ambos os casos, propõe-se conduzir á consciência conflitos e resistências até então conservados inconscientes [...] em ambos os casos também, os conflitos e as resistências se dissolvem, não por causa do conhecimento, real ou suposto, que a doente adquire deles progressivamente, mas porque este conhecimento torna possível uma experiência especifica, no curso da qual os conflitos se realizam numa ordem e num plano que permitem seu livre desenvolvimento e conduzem ao seu desenlace. Esta experiência vivida recebe na psicanálise o nome de Abreação. (LEVI-STRAUSS, 2008, p.229).

O xamã possui o mesmo papel do psicanalista, relacionando-se com o consciente e com o inconsciente da paciente, gerando uma encantação. A cura xamanística e a cura psicanalítica são equiparadas, apenas se inverte termos de ambas, ‘o psicanalista escuta ao passo que o xamã fala’, apenas se diferenciam na origem do mito, sendo social para a cura do xamã, uma vez que é advindo da exterioridade, e individual na psicanálise, haja vista que o mito é individual, constituído no paciente e sua trajetória. Na obra de introdução a Mauss, cita-se que Levi-Strauss não apenas estabelece o plano de trabalho que será, de forma predominante, o da etnografia moderna ao longo dos dez últimos anos, mas percebe ao mesmo tempo a consequência mais significativa dessa nova orientação, isto é, a aproximação entre etnologia e psicanálise, isto está bem presente na eficácia simbólica e no feiticeiro e sua magia.

Levi-Strauss discorre que a eficácia simbólica está nas estruturas que são formadas no inconsciente, formando a produção de uma função simbólica exclusiva do inconsciente, trabalhada em toda estrutura do individuo, o mundo do simbolismo é amplamente diversificado, porem fica limitado por suas leis nas poucas estruturas. Metaforicamente, na contemporaneidade a psicanálise ocupa a posição da técnica de cura xamanística, excluem-se suas particularidades, pois não há lugar para o mítico numa sociedade mecânica que só a lugar para o próprio homem.

Ele quis dizer que a Cura Xamã indígena surgiu antes da própria psicanálise ou ela possui suas bases teóricas?!

A psicanálise pode recolher uma confirmação de sua validade, ao mesmo tempo em que a esperança de aprofundar suas bases teóricas e de melhor compreender o mecanismo de sua eficácia, por uma confrontação de seus métodos e de suas finalidades com os de seus grandes predecessores: os xamãs e os feiticeiros. (LEVI-STRAUSS, 2008, p.236).

   

Relacionando-se a obra de O feiticeiro e sua magia Strauss deixa claro que irá tratar de assuntos relacionados a mecanismos psicofisiológicos, uma vez que o objeto estudado está próximo da psicologia que da sociologia. Ele está preocupado em demonstrar e levar em conta os aspectos psicológicos e psicofisiológicos que a crença na magia pode fazer ao individuo, com esta ideia ele se equipara a Mauss, pois Durkheim em suas obras afasta a psique da sociologia.

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