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DESENVOLVIMENTO LOCAL INTEGRADO

Por:   •  6/2/2017  •  Artigo  •  3.815 Palavras (16 Páginas)  •  247 Visualizações

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DESENVOLVIMENTO LOCAL INTEGRADO

 DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL À VALORIZAÇÃO DO LOCAL

A primeira abordagem conhecida na teoria econômica que valoriza o local como fator diferenciador das condições para a produção de bens, é o livro Princípios da Economia, publicado por Alfred Marshall pela primeira vez em 1890 e revista em oito edições até 1920. Interessado em estudar as causas da diferença das riquezas entre as nações, Marshall aponta como principais causas de localização industrial e estabelecimento de vantagem comparativa, as seguintes: condições físicas; clima; solo; recursos naturais (minérios e água); acesso a transportes; patrocínio financeiro pelo poder político central, demanda garantida de mercadorias de alta qualidade que, como conseqüência, atraía operários especializados e educava os moradores das região.

As idéias de Marshall produziram efeitos na teoria econômica fundamentando planos de desenvolvimento econômico regional elaborados na América Latina, no período 1960 – 1985 .

A localização de novos distritos industriais emergiam da utilização de técnicas de planejamento econômico que considerava as condições de vantagem comparativas propostas por Marshall acrescentando às mesmas o atendimento de demandas localizadas ( substituição de importações ) e o custo de frete de alguns produtos, diminuindo a importância dos fatores locais e valorizando  a variável mercadológica.

Porém a evolução dos paradigmas de produção da era fordista para os paradigmas da sociedade do conhecimento produziu grandes mudanças nas teorias de desenvolvimento regional.  A crise e declínio de muitas regiões tradicionalmente industriais, a flexibilização e descentralização da produção propiciado pelas modernas técnicas de informação e comunicação, e o novo papel do Estado na industrialização e articulação de atores locais levaram à percepção de que o desenvolvimento regional passou a incorporar a característica de endógeno.

Do ponto de vista espacial ou regional o conceito de desenvolvimento endógeno pode ser entendido como um processo de crescimento econômico implicando uma continua ampliação da capacidade agregação de valor sobre a produção bem como da capacidade de absorção da região, cujo desdobramento é a retenção do excedente econômico gerado na economia local e/ou a atração de excedentes provenientes de outras regiões.  Este processo tem como resultado a ampliação do emprego, do produto e da renda do local ou da região mais ou menos definido dentro de um modelo específico de desenvolvimento regional  (AMARAL FILHO, 2000, p.2 )

 Um número considerável de autores valoriza a importância da proximidade das empresas para explicar um bom desempenho na competitividade de firmas. As pesquisas sobre “aglomeração“

e sobre o local  como uma fonte  de vantagens competitivas tem crescido significativamente nos últimos anos, tendo algumas delas feito referência ao impacto da globalização na consolidação do local como fator fundamental de sucesso (CASSIOLATO; LASTRES, 2002, p.62).

 As diferentes linhas de trabalho que convergem para a importância do local  como fator competitivo, são:

  • Neoclássica tradicional :  Paul Krugman (1995) relata retornos crescentes advindos da aglomeração, na agenda da teoria econômica tradicional;
  • Gestão de empresas : Porter (1998) destaca a importância da proximidade de fornecedores, empresas rivais e clientes para desenvolvimento empresarial dinâmico. (Clustering e fatores locacionais).
  • Ciência regional :  O interesse da geografia econômica é da economia regional na aglomeração industrial. Literatura recente sobre distritos insdustriais, inicialmente na Itália e posteriormente em outros países europeus e nos EUA (BRUSCO,1990;BECATINI, 1991; SENGENBERGER,1992; MARPUSEN,1996). Economia neo-schumpeteriana sobre sistemas de inovação: Ressalta-se a importância das instituições, de suas políticas, assim como de todo o ambiente sociocultural onde se inserem os agentes econômicos. A isso adiciona-se ênfase nas economias e aprendizado por interação (entre e interfornecedores, produtores e usuários), em sistemas de inovação que envolvem, além das empresas, certos agentes – particularmente instituições de ensino e pesquisa – nos âmbitos, nacional, regional e locais (FREEMAN,1995 ) e na chamada learning region (COOKE; MORGAN, 1998).

O traço comum das pesquisas e estudos é a revalorização do local, como característica para aumento da competitividade e para o aumento da sua capacidade inovadora.

Segundo dados do Banco Mundial (1999), do total da produção bruta mundial que se contabiliza nos circuitos formais da economia, na média, mais de dois terços não são comercializados internacionalmente. Quer dizer, a grande maioria das decisões de produção mundial tem lugar nos cenários nacionais ou subnacionais, regionais ou locais. Em alguns países desenvolvidos, a percentagem da produção comercializada internacionalmente  em 1937 foi apenas 10% ou 12% nos casos do Japão ou dos Estados Unidos.

 A força das economias não depende pois da percentagem da produção que conseguem exportar, mas do grau de articulação setorial e da eficiência produtiva interna nos seus sistemas produtivos e de mercados locais. (LLORENS, 2001, p.17).

 As diferentes formas de aglomerações (ou clusters) propostas pelos estudos podem ser interligados em três famílias diferentes (CASSIOLATO; LASTRES, 2002) . A primeira delas classifica as aglomerações em três diferentes tipos, que são:

  • Setores tradicionais ou artesanais, como produtores de sapatos, imobiliários, confecções, metalúrgica,  etc.
  • Complexos hi-tech  ( como o Vale do Silício nos EUA, ou o complexo de telefonia celular da Noruega )
  • Aglomerações baseadas na presença de grandes empresas.

       Este critério de classificação peca pela mistura de diferenças setoriais ( baixa e alta tecnologia), tomando das empresas e suporte institucional.

A segunda taxonomia proposta distingue as aglomerações entre as diversificadas e as subcontratadas. As diversificadas seriam baseadas na especialização vertical de empresas individuais e diversidade vertical do aglomerado como um todo. Na outra forma, as empresas seriam dependentes de uma maior na condição de subcontratadas.

Finalmente, a terceira família proposta, classifica os aglomerados com relação aos mercados. Os tipos considerados são os producer driven caracterizados pelos setores intensivos em capital e tecnologia e os buyer driven caracterizados por bens de consumo intensivos em mão de obra.

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