DISCIPLINAS NORTEADORAS: FAMÍLIA E SOCIEDADE E SERVIÇO SOCIAL CONTEMPORÂNEO
Artigos Científicos: DISCIPLINAS NORTEADORAS: FAMÍLIA E SOCIEDADE E SERVIÇO SOCIAL CONTEMPORÂNEO. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Ana111 • 24/3/2014 • 1.450 Palavras (6 Páginas) • 2.099 Visualizações
FORMAS DA FAMÍLIA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
Djalma Falcão
“ A família participa dos dinamismos próprios das relações sociais e sofre as influências do contexto político, econômico e cultural no qual está imersa. A perda de validade de valores e modelos da tradição e a incerteza a respeito das novas propostas que se apresentam, desafiam a família a conviver com certa fluidez e abrem um leque de possibilidades que valorizam a criatividade numa dinâmica do tipo tentativa de acerto e erro” ( PETRINI )
INTRODUÇÃO
Escrever sobre mudanças na família implica entender a sua história ao longo do tempo. Verificar como a família hierarquizada do passado foi perdendo seus atributos institucionais, cedendo espaço a outros agentes sociais.
ROUDINESCO divide em três etapas a história da família: Tradicional, Moderna e Contemporânea. Vejamos esquemática e resumidamente suas características mais marcantes:
Tradicional - não era dada importância à vida afetiva dos cônjuges, pois os casamentos eram arranjados pelas famílias para assegurar a transmissão de bens patrimoniais e alianças políticas. O lugar do “pater família” era fortemente marcado e a figura do pai se constituía como fator de identificação dos filhos.
Moderna - surgiu com o advento da industrialização e o fim das grandes propriedades rurais. Esta família valorizou a reciprocidade dos sentimentos. Na divisão do trabalho entre os cônjuges cabia ao homem o espaço público do mundo do trabalho fora de casa, com encargo de prover todo o grupo familiar, e à mulher o espaço privado do lar, com a tarefa de cuidar da casa e ocupar-se dos filhos. A instituição do casamento era valorizada.
Nos dois períodos acima, a família tinha funções bem definidas: Reprodutora - a de conceber filhos, contribuindo para a manutenção da espécie humana; Econômica - garantir a sobrevivência e uma vida material digna aos seus membros; Estratificadora - onde a família transmitia aos seus descendentes a profissão e o “status” social.
Contemporânea - surge a partir dos anos 60 do sec.xx. A família sofre fortes influências políticas, econômicas, sociais e culturais, ocasionando mudanças nos papeis e nas relações em seu interior, bem como alterando sua estrutura no que diz respeito à composição familiar. Dentre tantos e importantes fenômenos que contribuíram para o surgimento da família contemporânea, destacaremos:
1) A Globalização - com a mundialização das comunicações, que tem transformado o viver diário, colocando ao nosso alcance tudo que se passa no planeta. São os costumes, as modas, as descobertas que modificam a nossa visão de mundo. Para o bem e para o mal, conhecemos outros modos de viver que nos causam admiração, desejo de imitar ou rejeitar;
2) O Individualismo -como conseqüência do sistema capitalista que domina boa parte do mundo civilizado, assoma de forma avassaladora, como marca indelével de nossos dias, o individualismo. Cada vez mais nos preocupamos com nós mesmos, nosso trabalho, nossos desafios, sem tempo para o exercício da comunhão com os outros;
3) O Feminismo - com ele as mulheres tomaram consciência do seu valor, da sua importância e procuraram ocupar os espaços antes reservados ao domínio masculino. É uma revolução que está longe de terminar. Uma de suas conseqüências mais marcantes foi no modo de ser da família. Os aperfeiçoamentos dos métodos anticoncepcionais aliados à paridade comportamental na relação matrimonial colocaram a instituição familiar em crise. Não faltaram estudos que justificavam a sua desimportância e tentavam mostrar um mundo sem família. É dos anos 70 do sec. xx o livro de COOPER (1994) que anunciava a “morte da família”. Os fatos foram se sucedendo em rápida sequência: decréscimo dos casamentos e das famílias numerosas, crescimento das concubinagens bem como dos divórcios e das famílias monoparentais. Constatou-se, de outro lado, que não era, como não é - em realidade - uma crise da instituição familiar ou o seu enfraquecimento, mas o surgimento de novos modelos, de novas relações entre os sexos numa perspectiva igualitária.
A Família Contemporânea
A família contemporânea é, ao mesmo tempo e paradoxalmente, relacional e individualista. É na tensão entre esses dois pólos que se constroem e se desfazem os laços familiares, onde cada um busca a fórmula mágica que lhe permita ser “livre junto”, onde o ideal é a alternância entre um “eu sozinho” e um “eu com” (SINGLY).
Enquanto sistema relacional, está inserida numa diversidade de contextos e constituída por pessoas que compartilham sentimentos e valores, formando laços de interesse, solidariedade e reciprocidade, todavia com especificidades e funcionamentos próprios ( DONATI ). Avulta, desta forma, na constituição das famílias contemporâneas os aspectos da Individualidade, da Liberdade Individual, da Responsabilidade com os Filhos, a Igualdade e a Diferenciação dos Papeis. O grande desafio imposto ao casal contemporâneo é o da construção de laços conjugais sem alterar a individualidade de cada um dos parceiros, isto é, manter a singularidade sem por em risco a manutenção do vínculo. Diz-nos SINGLY:
“é na tensão entre o individual e o relacional que se estruturam as famílias pós-modernas. A visão pragmática que marca os discursos sobre o outro e sobre as relações em geral não sinaliza o fim do amor, do afeto ou da paixão, apenas reconhece a impossibilidade de integração de duas individualidades numa singularidade”.
Avulta o entendimento de que reside no amor o elemento básico para a formação do casal, assim é que desaparecendo aquele (amor) não tem mais razão de ser este (casal). Por força mesmo desse entendimento, tornaram-se mais frágeis
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