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Desenvolvimento Sustentável

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Por:   •  24/3/2014  •  Tese  •  7.733 Palavras (31 Páginas)  •  264 Visualizações

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sust E ntA bilid A d E: um longo procEsso histórico d E r EAv A li A ção crític A d A r E l A ção E xist E nt E E ntr E A soci E d A d E E o m E io A mbi E nt E . Luis Arruda* Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas**

Resumo

Cada vez mais empresas brasileiras estão implementando estratégias de desenvolvimento sustentável. Todavia, percebem-se neste processo diferentes opiniões e enfoques sobre como lidar com questões relacionadas a esse tema. A revisão de literatura permitiu identificar a polissemia dos termos Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade, as principais matrizes conceituais que polarizam os debates e o contexto que motivou as empresas brasileiras a implantarem práticas direcionadas à sustentabilidade. Trata-se de uma pesquisa documental e bibliográfica.

Palavras-chave: Sustentabilidade; Desenvolvimento Sustentável; Gestão de Pessoas; Desenvolvimento de Com- petências.

* Mestrando em Sistemas de Gestão (UFF), Graduado em Pedagogia (UFRJ) e Especialista em Gestão de Instituições de Ensino (UFSC). Gerente de Projetos do Senai-RJ. E-mail: luisarruda@oi.com.br. ** Doutor em Engenharia de Produção (UFRJ). Vice-Coordenador do Mestrado Profissional em Sistemas de Gestão do Departamento de Engenharia de Produção (UFF). Professor da Universidade Federal Fluminense. E-mail: quelhas@latec.uff.br.

Recebido em 09/08/10.

54 B. Téc. Senac: a R. Educ. Prof., Rio de Janeiro, v. 36, n.3, set./dez. 2010.

do meio ambiente – de forma indiscriminada – os insumos necessários para a produção e, após esse processo, retornar os resíduos e poluentes, acarretando poluição e esgotamento dos recursos naturais (ARAUJO; MENDONÇA, 2009)8. Esse mo- delo de acumulação de capital tem aumentado cada vez mais o desnível entre classes sociais, nas diferentes perspectivas, sejam elas de ordem econômica, social e/ou ambiental (CHESNAIS, 1996)9. LOWI (2005)10 analisa a situação ambiental mundial e aponta que a humanidade vem estabelecendo uma relação cada vez mais predatória com a natureza em face do modelo capitalista de pro- dução e que, por isso, a humanidade se aproxima rapidamente de um cenário de desastre ambiental. Relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a situação do meio ambiente, amplamente divulgados pela imprensa, indicam a crescente pressão do ser humano sobre as condições naturais do planeta, que pode ser facilmente perceptível mediante uma análise mais atenta do comportamento consumista desenvolvido por nossa sociedade. Talvez por isso, sustentabilidade seja uma noção que se encontra no centro dos debates sobre o crescimento econô- mico, inclusão social e meio ambiente. Mas, “ao contrário do que ocorreu na origem do ambientalismo, o objeto de escolha do pensamento ecológico atualmente não se situa mais entre desenvolvimento ou proteção do meio ambiente [... mas sim, entre] que tipo de desenvolvimento que se deseja implementar” (LAYRARGUES, 1997)11. No relatório “Nosso Futuro Comum”12, a ONU define o conceito de desenvolvimento sustentável como a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da socie- dade humana, no qual se aceita o preenchimento das necessidades individuais e coletivas ao mesmo tempo em que se preserva a biodiversidade e os ecossistemas naturais. Para DELUIZ e NOVICKI (2004)13, a análise desta concepção revela em seu discurso a proposta de um “ambientalismo de livre mercado” e de “alocação eficiente dos recursos planetários”, o que trará sérias consequências, já que adota como princípio norteador o

rios e políticas de sustentabilidade nos quais se percebe que a abordagem da sustentabilidade está baseada no papel exercido pela liderança da empresa, no mapeamento/gerenciamento de riscos ambientais, no relacionamento com clientes, fornecedores, comunidade e formadores de opinião, na atuação da empresa em relação as dimensões social e ambiental e na incorporação de processos de inovação tecnológica em prol de uma produção eficiente. Todavia, percebe-se que dentro das organizações cada uma dessas três dimensões gera diferentes opiniões e enfoque sobre o modo de lidar com os desafios da atualidade, refletindo, com isso, no grau de importância que se atribui a cada uma delas nos diferentes níveis hierárquicos da companhia. Se por um lado este conflito de ideias e percepções dentro das organizações se configura em um importante recurso para a melhoria da competitividade empresarial – uma vez que impul- siona as empresas para novos desafios e novas descobertas –, por outro lado essas divergências muitas vezes significam que a cultura e os valores não estão sendo compartilhados por todos, e isso se constitui num importante elemento a ser trabalhado pelos gestores de pessoas nas organizações. Além disso, o caráter cada vez mais intelectualizado do trabalho implica a mobilização de domínios cognitivos mais complexos, que vão além da dimen- são técnica e que considerem a competência humana em sua dimensão ética (DELUIZ, 2007)5. Contraditoriamente a isso, o que se presencia em grande parte das organizações é a promo- ção de práticas de educação corporativa direcionadas apenas a favorecer aprendizagens de ordem incremental ou adaptativa, buscando resultados de curto prazo e domínio de tarefas roti- neiras (GARRIDO, 2006)6, sem estimular uma visão ampliada e ética, comprometida com a busca da justiça social, a equalização das contradições sociais ou, ainda, com a associação do tema sustentabilidade a uma estratégia de inovação empresarial. Para agir diferente é preciso ver diferente. É preciso deslocar e renovar nosso ponto de vista. Por isso, aprendizagem e mudança são inseparáveis, já que não é possível mudar sem aprender ou aprender sem mudar.

o discurso do dE s E nvolvim E nto sust E ntáv E l : E m busc A d E su A s orig E ns

A busca pela competitividade e a crescente disputa por mercados, vivenciada nas últimas décadas, fizeram surgir novos modelos de negócios baseados em inovações tecnológicas, na gestão de pessoas e no gerenciamento do conhecimento, chavões considerados como diferenciais competitivos para agregar valor aos negócios e oferecer melhores serviços aos clientes. Estes termos têm origem no processo de globalização da economia, surgido nos anos de 1980, nos Estados Unidos da América, e se referiam às ações estratégicas de grupos econômicos no sentido da “adoção de condutas globais dirigidas a mercados com demandas solventes” e que, mais tarde, foi “ampliada para uma visão de investidor financeiro com estratégias mundiais” (CHESNAIS, 2005)7. Ocorre que nesses modelos o capitalismo permaneceu

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