Desenvolvimento sustentável local efetivo
Seminário: Desenvolvimento sustentável local efetivo. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Rinsso • 21/1/2014 • Seminário • 1.746 Palavras (7 Páginas) • 268 Visualizações
O papel do Terceiro Setor na busca de caminhos para
um efetivo desenvolvimento local sustentável
Minha primeira colocação é sobre a missão da Fundação Tide Setubal. Entendemos
como missão contribuir para o desenvolvimento local de uma dada região, com o objetivo
do empoderamento da comunidade, para alcançar uma qualidade de vida, e a construção
da cidadania. Dentro desse foco, pensamos esse encontro e temos participado de alguns
debates sobre fundações comunitárias.
Essa discussão está no mundo hoje, nas grandes agências internacionais. Nós também
temos algumas experiências locais e vamos abordá-las na mesa da tarde. O desenvolvimento
local tem de vir acoplado a esse debate. Como o Paulo Mindlin mencionou
em sua apresentação, muito se fala, mas não se sabe exatamente o que significa desenvolvimento
local. Vou dar só algumas referências do que estamos falando, para que a
temática das fundações comunitárias não se desvencilhe dos grandes desafios que os
territórios nos colocam.
Para começar, entendemos desenvolvimento como um processo pelo qual a riqueza
socialmente gerada e as relações sociais estão orientadas para a satisfação das necessidades
pessoais, realização e expansão das suas potencialidades e ampliação das suas liberdades.
Esse foi um ponto importante que a Mari Perusso colocou: no Brasil, ainda impera
o entendimento de que desenvolvimento é igual a desenvolvimento econômico. Acho que
é até mais grave, pois acredito que desenvolvimento é tido como crescimento econômico.
Ainda temos esse parâmetro.
Não se trata de algo teórico. A Mari levantou isso e o Paulo, de certa forma, também.
Quero dizer que, em termos de potencialidades, se estamos trabalhando com cidadania,
Maria Alice Setubal
Socióloga, doutora em
Psicologia da Educação
pela PUC-SP e mestre
em Ciências Políticas
pela USP, presidente do
Conselho da Fundação
Tide Setubal e diretorapresidente
do Centro de
Estudos e Pesquisas em
Educação, Cultura e Ação
Comunitária (Cenpec),
onde atua há mais de
20 anos. Foi consultora
do Unicef na área
educacional para
a América Latina
e o Caribe.
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O papel do Terceiro Setor
na busca de caminhos para
um efetivo desenvolvimento
local sustentável
temos de pensar em liberdade. As pessoas devem ter a opção de escolher se querem trabalhar
aqui ou ali, se vão entrar nesse ou naquele projeto. Portanto, essa concepção de
desenvolvimento implica quatro valores centrais: igualdade, liberdade, democracia e sustentabilidade
– ambiental e social.
Quando falamos de igualdade, é com relação ao acesso aos meios de vida – materiais
e simbólicos –, bem como sobre as relações sociais necessárias para as pessoas realizarem
seus projetos. A Mari mencionou o capital social, que está integrado nessa ideia, e o conceito
de democracia, sobre o qual vou falar à frente.
A liberdade deve ser vista como a ampliação da capacidade de as pessoas orientarem
suas vidas, seus desejos e suas potencialidades. O Amartya Sen faz uma discussão interessante,
ligando o eixo do desenvolvimento com o da liberdade. Isso é fundamental quando
pensamos as potencialidades nos territórios.
A democracia já foi amplamente abordada pela Mari e pelo Paulo. Essencialmente, é
a participação da sociedade nas decisões sobre a coletividade e a ênfase na consolidação
do espaço público como local das diferentes vozes e expressões. Faço parte do Movimento
Nossa São Paulo, e lá temos essa preocupação de começar a concretizar a democracia, de
não a deixar apenas no discurso.
Na zona leste, temos buscado muito trazer esses conceitos para um outro movimento,
o Nossa Zona Leste. O Padre Ticão, que está aqui, é um grande animador desse movimento.
O Nossa Zona Leste acontece em vários bairros da região, com o objetivo de fortalecer o
espaço público das diferentes vozes. O Nossa São Paulo tem registrado experiências práticas
muito interessantes nesse sentido, na zona leste e em outras regiões da cidade.
A questão da sustentabilidade deve ser vista do ponto de vista ambiental e social, ou
seja, expansão das potencialidades humanas, pensando nas possibilidades de desenvolvimento
das próximas gerações. O que, resumidamente, queremos colocar é que o desenvolvimento
sustentável implica ser: socialmente justo,
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