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Desigualdades Sociais No Brasil (Resumo)

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Por:   •  6/5/2013  •  1.749 Palavras (7 Páginas)  •  1.781 Visualizações

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Descrição

As desigualdades sociais no Brasil se enraizaram na acumulação do capital durante todo o cenário histórico, iniciando no Colonialismo de Portugal, no período imperial, se alastrando até os dias atuais. Nesse sentido, falar em desigualdades sociais no Brasil, deve-se reportar inicialmente à chegada dos portugueses, onde inicialmente encontraram os verdadeiros donos dessas terras: os índios, e deles se apossaram, como também das riquezas aqui existentes.

A questão das diferenças étnicas

Vários trabalhos abordaram as relações interétnicas, focalizando as diferenças culturais principalmente entre populações indígenas e afro-descendentes . Muitos dos trabalhos salientaram questões relativas a preconceitos, desigualdades, processos de exclusão na escola e a diversas representações negativas sobre essas populações historicamente discriminadas. Os trabalhos sobre as populações indígenas discutem também problemas relativos à imposição da cultura nacional hegemônica, que coloca dilemas para a vida destes povos e para o futuro de suas próximas gerações.

A reflexão sobre as relações interétnicas nestes trabalhos assume uma orientação textual que dá prioridade ao discurso “do outro”, ou seja, “do diferente”. Alguns deles vão além da constatação objetiva dos problemas ou de explicações sectárias.

Nesta direção, Bhabha nos convida a ultrapassar o âmbito das bem intencionadas polêmicas moralistas contra o preconceito e o estereótipo, que se circunscrevem ao efeito e não focalizam a estrutura do problema. Pensar o limite da cultura como um problema da enunciação da diferença cultural, significa ir além do reconhecimento e do acolhimento das diversidades, da crítica aos racismos e às discriminações, assim como dos processos de exclusão e inclusão, individuais e grupais. A cultura deve ser teorizada justamente onde ela se torna um problema, ou seja, no ponto em que há uma perda de significado na contestação e articulação da vida cotidiana entre classes, gêneros, raças e nações (1998, p. 63).

Valéria Augusta Cerqueira de Medeiros Wegel em seu texto intitulado Os Baniwa e a Escola: Sentidos e Repercussões, apresentado no GT03 Movimentos Sociais, questiona por que um povo indígena se mobiliza e empreende lutas pela escola. A autora procura entender quais os sentidos e repercussões que a educação escolar tem tido para o povo Baniwa. Valéria Medeiros Wegel tentou mostrar como este povo, em sua história de relações com os outros atores sociais existentes na região, vivencia a implantação da escola em sua comunidade. Focaliza, de modo particular, os projetos missionários salesianos e protestantes desenvolvidos durante o século XX no Alto do Rio Negro. A análise destas relações revela a existência de diferentes projetos educacionais, tecidos de diferentes interesses e visões de mundo e engendrando diferentes sentidos e repercussões para o povo Baniwa. Os salesianos buscavam, através do grande aparato das Missões, formar o bom cristão e o bom cidadão, apostando na formação das crianças e jovens, por acreditar que adultos e idosos “já estavam viciados” e resistiriam aos seus ensinamentos civilizatórios. Já para os missionários da New Tribes Mission, a escola não fazia parte do seu projeto evangélico. Seu objetivo precípuo era o de que os indígenas pudessem ler a Bíblia, traduzida para o idioma nativo, de modo a salvarem suas almas. Privilegiavam a formação dos mais velhos que, como autoridades na comunidade, podiam disseminar a crença e manter os rituais evangélicos. O Baniwa, por sua vez, viam na aprendizagem da língua brasileira, da leitura e da escrita, um meio indispensável para conhecer a vida dos brancos e comunicar-se com eles sem se deixar enganar. O domínio da linguagem dos brancos, dos mesmos campos simbólicos e dos mesmos códigos, significa para os Baniwa um instrumento de defesa e, ao mesmo tempo, um fator de autoconfiança e de auto-estima, na medida em que podem se colocar em pé de igualdade com os brancos. Deste modo, a escola e correlatos os processos de aprendizagem produzem efeitos resultantes de um complexo processo de negociações entre as forças sociais envolvidas. Para os Baniwa, a escola ao mesmo tempo em que se constitui num instrumento de sujeição à cultura dos brancos, pode paradoxalmente representar uma estratégia de luta pela sobrevivência, contribuindo para a construção de uma nova identidade e de uma organização social modificada, para melhor interagirem com as novas condições históricas.

Entre outros textos que abordaram as populações indígenas, destacamos ainda o de Maria Helena Rodrigues Paes, também apresentado no GT03 Movimentos Sociais, sob o título A questão da língua nos atuais dilemas da escola indígena em aldeias Paresi de Tangará da Serra-Mt. Os Paresi, ciosos de sua cultura tradicional, vivem um processo de intensas relações com a sociedade envolvente. A escolarização, para eles, constitui um instrumento essencial para a aquisição dos códigos simbólicos da cultura ocidentalizada, assim como de ressignificação de seus hábitos tradicionais. Na perspectiva de desenvolvimento de um modelo de escola que atenda às especificidades da realidade local, o estudo de Maria Paes objetiva uma reflexão, tendo como base os Estudos Culturais, sobre o discurso da valorização da língua portuguesa na rotina escolar. Entende esta opção não como sobreposição aos valores da cultura tradicional, num processo de homogeneização, mas como uma ferramenta e instrumento de poder, que visa a marcar o lugar do Paresi na sociedade envolvente.

Tal como Valéria Wegel, o estudo de Maria Paes reitera a concepção de que a escola, além de inculcar nestas comunidades indígenas conceitos e valores da sociedade ocidentalizada, possibilita configuração de novos sujeitos e novas identidades, assim como de novos processos de organização grupal e de relação intercultural. Desta forma, o domínio dos códigos ocidentais de comunicação foi se tornando necessário à sobrevivência dos Paresi. Ao mesmo tempo em que estes foram sendo capturados pelo discurso da “escola necessária”, ou seja, acreditando na escola como único instrumento para se adentrar neste mundo novo, os Paresi vêm se reestruturando e ressignificando suas práticas, com instrumentos próprios e adquiridos, e negociando cotidianamente sua posição nas relações sociais.

Estes, entre outros estudos sobre a educação junto a populações indígenas, apontam para a compreensão da escola como espaço híbrido de negociações e de traduções. Mesmo sendo um poderoso instrumento de sujeição cultural, a escola indígena constitui-se como espaço da ambivalência, do hibridismo,

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