Direito Do Trabalho

SANTO AGOSTINHO E SÃO TOMÁS DE AQUINO

INTRODUÇÃO

Santo Agostinho e São Tomás de Aquino foram dois reconhecidos filósofos cristãos. Agostinho, viveu entre os séculos IV e V, enquanto São Tomás de Aquino viveu no século XIII e precocemente recebeu o título de Mestre em Teologia devido à sua genialidade.

Agostinho inicialmente tinha orientação religiosa pagã e posteriormente sob grande influência de sua mãe e de diversos autores que lera converteu-se ao catolicismo, sendo considerado como pertencente à patrística. Já São Tomás de Aquino é considerado um dos mais famosos filósofos da escolástica.

Os dois filósofos convergiram e divergiram em variados aspectos de seus pensamentos. Ambos se preocuparam em pensar sobre as essências das “coisas” (Deus, a natureza, o ser humano, a verdade, o conhecimento, etc.) essas ideias metafísicas procuravam justificar através da razão a conduta e a moral da tradição cristã.

Santo Agostinho e São Tomás de Aquino procuraram conformar razão e fé, filosofia e religião e defendiam que a busca do conhecimento tinha um sentido comum: a verdade divina, o conhecimento da perfeição, ou seja, o entendimento de Deus. Agostinho e Tomás de Aquino discordavam quanto ao processo que se dá esse conhecimento apesar de concordarem em sua origem no ser interior. Tomás de Aquino defendia ideias mais “materialistas”, enquanto Santo Agostinho manteve seus pensamentos mais ligados ao mundo das ideias.

A Igreja Católica, após o final do Império Romano, surge utilizando-se do Direito Divino como alternativa quando o Código Romano se perdeu, no entanto precisava de teorias explicativas e práticas que montassem uma estrutura capaz de sustentar a unificação religiosa e política, e que levassem aos fiéis uma mensagem coerente sobre o papel do Cristianismo e da instituição Igreja. Diante dessas necessidades aparecem os pensadores católicos, com destaque para Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, cujas vida e obra, bem como suas contribuições filosóficas são o alvo deste trabalho.

SANTO AGOSTINHO – VIDA E OBRA

Aurélio Agostinho nasceu na região norte da África em 354 e morreu em 430. Era filho de mãe que seguia o cristianismo, porém seu pai era pagão. Logo, em sua formação, teve importante influência do maniqueísmo (sistema religioso que une elementos cristãos e pagãos); ensinou retórica nas cidades italianas de Roma e Milão. Nesta última cidade teve contato com o neoplatonismo cristão; viveu num monastério por um tempo e em 395, passou a ser bispo, atuando em Hipona (cidade do norte do continente africano).

Morreu em 28 de agosto (dia suposto) de 430, durante um ataque dos vândalos (povo bárbaro germânico) ao norte da África. Santo Agostinho é considerado o santo protetor dos teólogos, impressores e cervejeiros. Seu dia é 28 de agosto, dia de sua suposta morte.

Escreveu diversos sermões importantes. Em “A Cidade de Deus”, Santo Agostinho combate às heresias e a paganismo. Na obra “Confissões” fez uma descrição de sua vida antes da conversão ao cristianismo. Santo Agostinho analisava a vida levando em consideração a psicologia e o conhecimento da natureza. Porém, o conhecimento e as ideias eram de origem divina.

Para o bispo, nada era mais importante do que a fé em Jesus e em Deus. A Bíblia, por exemplo, deveria ser analisada, levando-se em conta os conhecimentos naturais de cada época. Defendia também a predestinação, conceito teológico que afirma que a vida de todas as pessoas é traçada anteriormente por Deus.

As obras de Santo Agostinho influenciaram muito o pensamento teológico da Igreja Católica na Idade Média.

Algumas obras de Santo Agostinho:

- Da Doutrina Cristã (397-426)

- Confissões (397-398)

- A Cidade de Deus (413-426)

- Da Trindade (400-416)

- Retratações

- De Magistro

- Conhecendo a si mesmo

​Santo Agostinho elaborou um pensamento teológico conhecido por Patrística, que é o instrumento pelo qual a Igreja Católica constrói uma liturgia voltada para a sagração de Deus nos homens, ou o encontro destes com Ele. Esta obra está baseada no pensamento de Platão (alma, juízo do além, bem e mal).

​Patrística vem de Patre – “Pai” – receber o pai, batizar o pagão, porque todo aquele que não está batizado “está no inferno”.

​Percebe-se que toda a teologia Agostiniana, por mais severa e rigorosa que possa parecer, e na verdade consequência de um profundo temor e arrependimento de alguém que vê como sua missão definitiva levar os homens de volta à presença de Deus e possibilitar sua salvação no juízo final.

Agostinho acreditava existir, como Platão, um mundo das ideias que era a perfeição, a verdade e um mundo real que era a representação imprecisa deste mundo ideal apreendida pelos sentidos sob diferentes formas. Santo Agostinho defendeu a ideia do mestre interior em que todo o conhecimento é alcançado dentro do próprio ser e somente através da iluminação divina pode-se chegar à verdade.

A teoria agostiniana estabelece, assim, que todo o conhecimento verdadeiro é o resultado de um processo de iluminação divina, que possibilita ao homem contemplar as ideias. Sua filosofia, portanto, adequava o pensamento de Platão às concepções Católicas.

Agostinho concentra seu esforço em unir a razão à fé. A primazia entre fé e razão, uma sobre a outra não fica clara em Agostinho e existem diversos debates sobre o assunto, porém convém deixar claro que seu objetivo era o de conciliar os dois: A razão relaciona-se, portanto, duplamente com a fé: precede-a e é sua consequência. É necessário compreender para crer e crer para compreender.

SÃO TOMÁS DE AQUINO – VIDA E OBRA

Nascido no castelo de Roccasecca, perto de Aquino (Reino das Duas Sicílias), em 1225, Tomás de Aquino estudou inicialmente sob orientação dos monges Beneditinos da Abadia de Montecassino e, em 1244, ingressou na Ordem dos Dominicanos. Um ano depois