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EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO HUMANA

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Por:   •  8/1/2014  •  982 Palavras (4 Páginas)  •  725 Visualizações

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Antes de buscar os requisitos fundamentais de uma educação emancipadora é preciso deixar claro o que entendemos por educação no plano filosófico-ontologico e não no plano processo histórico concreto, deve-se distinguir estes dois planos para não tornar confusa a abordagem desta problemática, pois uma coisa é a natureza essencial de determinado fenômeno social; outra coisa é o seu papel em determinado momento de processo social.

Da categoria do trabalho, que consideramos, com Marx, a raiz ontológica do ser social. Vemos então, que assim como a linguagem e o conhecimento, também a educação é, desde o primeiro momento, inseparável da categoria do trabalho. Embora o trabalho em determinados momentos possa ser realizado isoladamente, sua efetivação implica, por parte do individuo, na apropriação dos conhecimentos, habilidades, valores, comportamentos, objetivos, etc, comuns ao grupo. Não se trata apenas de tomar de algo que já está pronto e acabado. Trata-se, também, neste processo, de apropriar-se do que já existe e de, ao mesmo tempo, recriá-lo e renová-lo, configurando, desse modo, o próprio individuo em sua especificidade. Leontiev afirma que, diferentemente dos animais, nos quais é o instrumento que se adapta àqueles, no caso do homem, é este que se submete aos instrumentos.

Saviani define a educação como “o ato de reproduzir direta e intencionalmente, em cada individuo singular, a humanidade que é produzida historicamente e coletivamente pelo conjunto dos homens”(Saviani,1997, p. 17).

Depreende-se daí que a autoconstrução do individuo como membro do gênero humano é um processo subordinado a reprodução mais ampla da totalidade social. Não podemos esquecer que a reprodução do ser social é um processo dinâmico. Novas e imprevisíveis situações se apresentam continuamente. Diante delas o individuo deve estar preparado para reagir, encontrando soluções novas, sob pena de não poder dar continuidade à sua existência, mas de maneira que permita a continuidade da existência daquela forma de sociabilidade. Esta tendência à conservação do existente é acentuada pelo peso que o processo de assimilação exerce nela. A maior parte do tempo e das energias no processo educativo é gasto na assimilação de elementos já existentes, sem os quais não se poderia criar o novo e sem os quais o próprio individuo se constituiria como individuo.

Embora a categoria educação integre a categoria trabalho, as duas não se confundem. O trabalho é a ação do sujeito sobre uma matéria prima; a educação é a relação entre um sujeito e um objeto que é ao mesmo tempo também sujeito. O trabalho é a mediação entre o homem e a natureza ao passo que a educação é a mediação entre o individuo e a sociedade. A educação não é a única atividade a mediar esta relação. Outras também, como a linguagem, a arte, a politica, etc. o que distingue a educação das demais é o fato de que ela se caracteriza não pela produção de objetivações, mas pela apropriação daquilo que é realizado por outras atividades. A educação não é trabalho, embora seja, tanto quanto ele, uma atividade humana.

Durante o período da humanidade primitiva, não havia diferença entre trabalho e educação. A crescente complexificação do ser social e a divisão da sociedade em classes deram origem à necessidade de um setor separado do conjunto da sociedade, este se ocuparia da organização e da direção - as classes dominantes. Foi apenas com o advento do capitalismo que a educação passou a ocupar um lugar todo especial, porque passou a integrar cada vez mais profundamente o processo de produção.

Podemos resumir a natureza essencial da atividade educativa: ela consiste em propiciar ao individuo a apropriação de conhecimentos, habilidades, valores, comportamentos, etc, que se constituem em patrimônio acumulado e decantado ao longo da historia da humanidade. Porem, este patrimônio não é de modo algum um todo homogêneo e acabado e muito menos neutro, é aqui que se faz sentir o peso das questões politico-ideologicas. A existência do antagonismo de classe, contudo, também implicando surgimento de outras propostas, com outros fundamentos, outros valores e outros objetivos. De modo que o campo da educação, como alias toda realidade social, é um espaço no qual se trava uma luta incessante, ainda que a hegemonia seja sempre nas mãos de classes dominantes. É aqui que se faz sentir a contradição que também permeia a atividade educativa; seu caráter, ao mesmo tempo alienante e superador da alienação.

Entendemos que o primeiro requisito para conferir a atividade educativa um caráter emancipador é o conhecimento, o mais profundo e solido possível da natureza do fim que se pretende atingir, no caso, a emancipação humana. É preciso não esquecer que não se trata apenas de um esforço para possibilitar a apropriação de todo esse instrumental, mas de um combate – em termos muitíssimos desiguais – contra perspectivas opostas, a cujo favor está o poder material e espiritual dominante. Aqui também é o campo no qual mais pode e deve se fazer presente a criatividade de cada um, pois não existe um receituário, não há um modelo, não está preestabelecido o que seja uma atividade educativa emancipadora. Tem-se hoje apenas parâmetros gerais.

Um segundo requisito é a apropriação do conhecimento a respeito do processo histórico real. É necessária uma compreensão, o mais ampla e profunda possível, da situação do mundo atual; da logica; das características; das consequências, não se trata só de construir um saber, mas de fazer a critica do saber produzido na perspectiva dominante. Um ultimo requisito está na articulação da atividade educativa com as lutas desenvolvidas pelas classes subalternas, especialmente com as lutas daqueles que ocupam posições decisivas na estrutura produtiva. Muitas das condições para a realização da atividade educativa são externas ao campo da própria educação e só podem ser conquistadas com uma luta mais ampla.

Entretanto a atividade educativa é tanto mais emancipadora quanto mais e melhor exercer o seu papel especifico, outros momentos – atividades sindicais, lutas econômicas, politicas, etc. – são imprescindíveis só após cumpridos o papel da educação emancipadora.

BIBLIOGRAFIA

Educação, cidadania e emancipação humana/Ivo Tonet,- Ijuí; Ed. Unijuí,2005.-256 p.

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