Ensaio Teórico Teoria das Organizações
Por: Wilson Enes • 25/11/2023 • Ensaio • 1.317 Palavras (6 Páginas) • 63 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS- UFMG. FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS -FACE.PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO/ PPGA.
Disciplina: Teoria das Organizações- Turma: Única. Professor: Dr. Alexandre Carrieri.
Aluno: Wilson Machado Enes- Ensaio teórico: “Pode o subalterno falar – SPIVAK G.i.”. C
Considerações:
Realmente todas as pessoas são ouvidas na sociedade? Todos têm a chance de falar e serem ouvidos? Em teoria e um regime democrático sim, mas como isso acontece na prática?
Vamos refletir um pouco sobre GAYATRI SPIVAK; mulher, indiana, e socióloga. Spivak faz parte de um conjunto de autores chamados de Decoloniais ou Pós-coloniais, onde as discussões desses teóricos giram entorno de um questionamento das consequências pós-colonização na maneira de pensar, criar conceitos, explicar a realidade e de organizar a vida social dos países que foram colonizados. Segundo eles, a colonização física pode ter acabado, mas continua uma colonialidade na maneira de pensar e ver o mundo.
Spivak também é conhecida por integrar os chamados estudos subalternos; reflexões que buscam compreender a condição de subalternidade na vida social. Em relação ao livro “Pode o subalterno falar”, a obra desenrola esta questão em vários pontos. Para Spivak, não existe uma história única, singular e verdadeira, ou seja, considerar que só existe uma versão de vencedores da história é um equivoco e uma violência epistêmica. Considerar uma história única é eliminar outras trajetórias quaisquer que existiram e existem concomitantes a esta história singular. Do mesmo modo que não existe história única, não existe um sujeito único, singular, inteiro; não existe na realidade social um sujeito puro ou livre de contaminações externas. Spivak com esta visão sensível da multiplicidade nega um suposto essencialismo do sujeito e da história, nega que exista uma essência que compõe a história e o sujeito. Com isso, a autora consegue revelar o que até então era desconsiderado ou tratado superficialmente nas teorias: O sujeito subalterno, aquele que não é ouvido, não tem espaço de fala e não é levado a sério. Vamos citá-la: “São as camadas mais baixas da sociedade, constituída pelos modos específicos de exclusão de mercados, da representação política e legal e da possibilidade de se tornarem membros plenos do Estado dominante”.
Esta visão destaca um conflito que antes não existia: De um lado a concepção de um indivíduo autônomo, livre e único que todos seriam, independente do local onde nasceram; da sociedade em que vivem, do tempo histórico em que se encontram. Afinal este indivíduo seria essencial. De outro, o indivíduo dividido e descontínuo, marcado pela sua localidade, temporalidade e socialidade e que muitas vezes pode ser de subalternidade. Afinal, como perceber isto?
Spivak considera a divisão internacional do trabalho e os pilares do capitalismo global em sua análise. Deste ponto de vista a autora enxerga que alguns têm mais chances de falar, de serem ouvidos, de contarem a sua história e serem levados a sério mais que os outros. Um dos exemplos citados por Spivak é a categoria Trabalhador. Não dá para usar este termo acreditando que todos os trabalhadores do planeta Terra são iguais, principalmente se levarmos em consideração a divisão internacional do trabalho; veremos que os trabalhadores do chamado terceiro mundo padecem de males e condições infinitamente diferentes das do chamado primeiro mundo. A teoria de Spivak chama nossa atenção para repensarmos estas categorias sociais utilizadas para explicar a sociedade até então.
Em que medida a base de construção desta teoria parte da ideia de um indivíduo ou sujeito? Será que o teórico pensou na possibilidade de não ser os Estados Unidos ou a Europa o centro de sua teoria?
Em sua obra Spivak faz sua crítica a dois autores renomados das humanidades: Deleuze e Foucault. Segundo a autora, ambos estavam centrados na ideia de um sujeito absoluto e único, pensando na realidade europeia e esqueceram e não consideraram a possibilidade de fragmentação, divisão, multiplicidade dos sujeitos que existem fora da Europa.
Outra forma de perceber a existência dos sujeitos subalternos e que Spivak nos apresenta é o conceito de representação. Existem dois tipos: a vertretung e a darstellung. A primeira se trata da representação que alguém faz do seu grupo, que na sua concepção não tem a condição de se auto representar. A segunda diz respeito a uma representação dramática, quase teatral na qual a forma existe, mas o conteúdo é falso. Esta distinção de Spivak desvela um movimento civil. Por vezes o sentimento nobre de um discurso de libertação pode esconder a manutenção de essencialismos e imperialismos que causam uma violência epistêmica. Segundo a autora os subalternos só poderão falar quando eles puderem falar na sua própria língua, com seus próprios esquemas explicativos, com sua própria cultura. Se para serem ouvidos tiverem que se utilizar de outros elementos nunca serão ouvidos e nunca serão levados a sério.
Spivak é uma autora que ilustra um dia o qual as vozes subalternas das mulheres deixem de ser e nunca mais serão silenciadas.
Entre Mulheres pode ser visto como um ato de imaginação feminina selvagem, mas na verdade este ato de imaginação feminina é um ato de imagem de um mundo completamente livre das fortes estruturas sociais: O machismo, o feminicídio, a violência contra a mulher na sociedade em um sentido plural, com espaço para as diferentes posturas feministas que nem sempre estão em comum acordo, incluindo o papel do homem neste contexto, o qual ele tem uma responsabilidade particular nisto.
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