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Etnografia Como forma de pensamento antropológico

Por:   •  3/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.012 Palavras (9 Páginas)  •  358 Visualizações

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3. Etnografia

3.1 Etnografia como forma de pensamento antropológico        

O homem sempre teve a necessidade de se autoconhecer, saber suas necessidades, mas como ele ia fazer isso já era algo novo, ai onde entra a antropologia, na qual ele se torna o objeto de estudo. Desde a segunda metade do século XIX a antropologia cultural começou a ser considerada uma ciência humana, com as limitações próprias dessa categoria científica. O nascimento da antropologia como ciência ocorreu a partir dos grandes descobrimentos realizados por navegadores e viajantes europeus. A curiosidade de conhecer povos exóticos, de saber como viviam e pensavam homens de culturas tão distantes da europeia, de descobrir que aspecto físico e que costumes tinham, levou à classificação e ao estudo dos dados recolhidos, por exploradores, comerciantes e missionários chegados àquelas terras longínquas. Os primeiros antropólogos tinham como características comuns à distância do objeto de seu estudo, o qual consistia sempre em homens pertencentes a culturas distintas da europeia e dela geograficamente afastadas. Eram os chamados Antropólogos de Gabinete. Com frequência, os antropólogos do século XIX relacionavam as características biológicas dos povos com suas formas culturais. Mais tarde, estabeleceu-se que os traços biológicos e os culturais tinham menos ligação entre si do que se acreditara. Isso levou a uma primeira subdivisão das ciências antropológicas em antropologia física e antropologia cultural, esta última comumente assimilada ao conceito de etnologia. Se até esse momento a figura do etnógrafo era distinta da do antropólogo, no início do século XX elas se fundem em uma única personagem. Conhecido como o "Pai da Antropologia Americana", Franz Uri Boas, foi um antropólogo teuto-americano um dos pioneiros da antropologia moderna. Sua primeira inserção no campo científico não se deu a partir da Antropologia, mas sim da Física, partiu em viagem para Baffinland, onde lá trabalhou com um grupo de esquimós, e vivenciou sua primeira experiência de campo, que foi determinante para sua mudança disciplinar e o inicio de suas reflexões antropológicas. Muito se atribui a Franz Boas e a Malinowski a paternidade do método etnográfico, embora recaia sobre o primeiro algumas críticas sobre esse reconhecimento, por ele não haver escrito livros, artigos como Malinowski, nunca ter formulado uma verdadeira teoria. O atual trabalho se forma entorno da importância que Malinowski representa para o desenvolvimento do estudo antropológico, em uma de suas mais importantes obras “Os Argonautas do Pacífico Ocidental: um relato do empreendimento e da aventura dos nativos nos arquipélagos da Nova Guiné Melanésia”, onde ele explora a cultura de uma civilização da Polinésia em sua maior representação – o Kula, atividade de caráter comercial, religioso e histórico que envolve as ilhas da região. Bronislaw Malinowski, na introdução de seu clássico estudo Os Argonautas do Pacífico Ocidental (publicado em 1922), marcou a história da antropologia moderna ao propor uma nova forma de etnografia, envolvendo detalhada e atenta observação participante, apesar de Malinowski nunca ter utilizado a expressão. Nas últimas décadas, a etnografia tornou-se “objeto” privilegiado de reflexões nos meios antropológicos nacionais e internacionais. Antigamente os antropólogos tinham suas deduções sobre algo baseado apenas em documentos escritos por outros. Não só as experiências vividas pelo antropólogo em campo são fundamentais para sua formação, mas também o aprendizado de certos valores da cultura científica. O cenário começa a mudar quando, no final do século XIX, os antropólogos passam a integrar as expedições científicas, Pela primeira vez, veem os “índios”, nem que seja por pouco tempo, nas paradas rápidas das expedições, e nem que seja sem poder falar com eles, devido ao desconhecimento das línguas nativas. (PontoUrbe 11, 2012).        A partir dessa situação Malinowski, em 1914, parte em uma expedição onde ficou mais de três anos, aprendeu a língua nativa, colocou sua tenda no meio da aldeia deles e conviveu dia após dia entre os trobriandeses. Com essa experiência, em 1922, nasce seu livro os Argonautas do Pacífico ocidental, e também suas ideias sobre o método etnográfico, formulação tal que é tratada logo na introdução de seu livro.  

3.2 O método etnográfico

Quando falamos em etnografia, para um leigo sobre isso, dificilmente vira um significado instantâneo sobre ela, mas nada mais é que uma técnica de estudo utilizada por antropólogos com a finalidade de apresentar os costumes e tradições de um grupo de humanos. Este estudo ajuda a conhecer a identidade de uma comunidade humana que se desenvolve num âmbito sociocultural concreto. A etnografia atua por meio de uma observação participante do antropólogo durante sua estadia no lugar que esteja estudando, com o grupo a se estudar. Podendo ser feito por meio de entrevistas, assim recolhendo mais informações e descobrir dados que não são de fácil acesso para um não pertencente de tal cultura. O investigador tem de assumir um papel atuante nas atividades diárias da comunidade para se envolver com a abrangência da cultura. Colocando em pratica sua atuação essas atividades lhe permitirão o esclarecimento sobre as ações e os comportamentos a cerca de cada integrante do grupo a ser estudado. Para ele desenvolver tal trabalho é necessário que o pesquisador não tenha uma visão etnocêntrica, mostrando o desconhecimento dos diferentes hábitos culturais, levando ao desrespeito, depreciação e intolerância por quem é diferente, originando em seus casos mais extremos, atitudes preconceituosas, radicais e xenófobas, podendo assim causar a perca da credibilidade em seu trabalho. É importante observar como era revolucionário o conceito de antropólogos visitarem pessoalmente as culturas em que estavam interessados em vez de ficarem em casa, sentados em poltronas e reorganizando os dados de outras pessoas. Agora eles estavam lá, a observar cerimônias, achar interpretes para conduzir as entrevistas e fazer anotações. Malinowski percebeu que não era necessário apenas ir ao lugar, ele não estava se envolvendo da vida diária dos nativos, portanto, era necessário envolvimento em suas vidas diárias. Houve grandes dificuldades em sua estadia, por não haver tanto contato com os nativos e por não saber falar sua língua. Podemos deduzir facilmente que, ao conviver com os nativos e lhes conceder a palavra sobre si mesmos, a Antropologia do século XX foi se tornando cada vez menos etnocêntrica, ou seja, o discurso sobre o Outro – que é a Antropologia – deixou de ser centrado na sociedade do pesquisador e passou a ser relativizado com a vivência entre os nativos e sua visão deles mesmos. A Antropologia do século XX é, pois, o fruto de seu método, um método que surgiu de forma não planejada, que não foi o resultado de uma crítica teórica, mas de um descobrimento fortuito da importância de conviver e ouvir aqueles que pretendemos entender. (PontoUrbe 11, 2012).

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