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FRAUDES FINANCEIRAS

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Por:   •  25/9/2013  •  1.430 Palavras (6 Páginas)  •  379 Visualizações

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FRAUDES FINANCEIRAS

Saúde abalada

Descoberta de maquiagem contábil para engordar faturamento da Merck, gigante americana da indústria farmacêutica, em US$ 14 bilhões derruba as principais bolsas do mundo e deixa investidores ainda mais desconfiados dos balanços divulgados pelas grandes empresas

Tina Evaristo

Da equipe do Correio

Quando todos estavam ganhando no jogo do capitalismo nos Estados Unidos — dólar forte, desemprego em baixa, índice de confiança do consumidor em alta, empresas se tornando verdadeiros impérios do dia para a noite — uma maquiagem na contabilidade para ‘‘ressaltar’’ a saúde da companhia era considerada fato sem gravidade. Ninguém dava importância, nem mesmo grandes auditorias como Andersen Consulting e KPMG. Afinal, por que se preocupar se o capitalismo é feito de lucro e dinheiro era o que não faltava no mercado? Assim era como pensavam os especuladores.

Hoje, a história é diferente. Com a economia parada, o consumo reduzido e o desemprego batendo à porta, o governo americano, investidores e mesmo empresários querem números redondos no papel para fugir de prejuízos. ‘‘A crise revelou a verdadeira situação das empresas e exigiu limites. O caso da Enron expôs os problemas contábeis que todos já sabiam da existência, mas toleravam porque a conjuntura estava a favor’’, explica Antonio Correa de Lacerda, diretor da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais (Sobeet). A falência da Enron, gigante americana do setor energético, deixou um rombo de US$ 60 bilhões no mercado e muita gente desesperada ao ver as economias evaporarem diante dos olhos. Antes de virar pó, a ação da empresa chegou a valer US$ 90.

Para avaliar o estrago que a verdade causou no mundo corporativo americano, basta ler as notícias de economia dos jornais. Antes, elas contavam histórias de homens bem-sucedidos, verdadeiros super-heróis do mundo corporativo, e de empresas que eram a mais pura tradução do American dream. Hoje, em nada deixam a dever às páginas policiais. Há fraude, suicídio, conto-do-vigário, enriquecimento ilícito, uso de informação privilegiada entre outros delitos. Os diretores-executivos, homens tidos como acima de qualquer suspeita, respondem a processos e têm que devolver uma montanha de dinheiro às empresas. É um escândalo atrás do outro.

O mais novo na praça é o da Merck, gigante do setor farmacêutico. Em 2001, a empresa faturou US$ 50,69 bilhões. Há pelo menos três anos ela registra como receita na contabilidade valores que nunca recebe. O dinheiro, cerca de US$ 14 bilhões no total, viria da subsidiária Medco, responsável pela gestão dos planos de saúde da Merck. Nos benefícios dos planos está a concessão de descontos na compra de medicamentos. Depois de aplicado o percentual previsto, o paciente paga à farmácia de US$ 10 a US$ 15, dependendo do preço real do remédio.

Apesar desse valor ficar no caixa do estabelecimento que faz a venda, a Merck o registra como receita da empresa. Entre 1999 e 2001, a operação representou 10% do faturamento anual da companhia. ‘‘O hábito de fraudar dados contábeis não é novo. Como a economia estava numa fase de prosperidade, as empresas contavam com a complacências dos auditores para irem adiante na prática’’, diz Lacerda.

Efeito cascata

Nos Estados Unidos, as revelações de fraude da Enron provocaram efeito cascata. Depois dela, veio a WorldCom, segunda maior empresa de telefonia de longa distância do país, com maquiagem de US$ 3,8 bilhões na contabilidade e demissão de 17 mil funcionários; a Tyco, cujo ex-presidente, Denis Kozlowski, responde processo por sonegação de imposto e desvio de verba da empresa; a Xerox, que escondeu US$ 1,9 bilhão de prejuízos; e a ImClone, cujo ex-presidente divulgou informação privilegiada a amigos e familiares.

A Europa contribuiu para a lista de falcatruas com a Vivendi, empresa que escondeu US$ 1,4 bilhão de prejuízos. Pelo menos outras 15 companhias do país terão que revisar balanços e eliminar receitas fantasiosas. Os executivos da WorldCom deveriam testemunhar no Congresso ontem, mas se recusaram e o Judiciário exigiu a prisão dos responsáveis pela fraude de bilhões de dólares.

No caso da Merck, a informação veio à tona num relatório enviado à Securities and Exchange Commission (SEC, órgão equivalente à brasileira Comissão de Valores Mobiliários) como parte dos documentos necessários à abertura de capital da Medco, operação planejada desde o ano passado. Em sua defesa, a companhia afirma que age de acordo com as regras da SEC e que o método contábil utilizado não altera o faturamento bruto da empresa porque o valor em questão também é contabilizado como despesa. Verdade ou mentira, o fato assusta os investidores. Tanto que a palavra no momento é transparência.

Enquanto não tiverem certeza de que as companhias realmente valem o que declaram em seus balanços, os investidores continuarão fugindo das ações da Bolsa de Nova York. Puxada pelas ações da gigante farmacêutica, a bolsa americana teve queda de 1,12% ontem. As ações da Merck perderam 2% do valor, ou US$ 1,05. Mas o pior foi que a notícia despertou dúvidas acerca do setor. O índice em que são cotadas as principais empresas do ramo caiu 0,9%.

O EFEITO MERCK

Nova fraude contábil derruba as principais bolsas de valores

Bush promete punir culpados

Da Redação

Com Agência Folha

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, anuncia hoje, em discurso em Wall Street, um plano para moralização

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