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Fichamento do artigo de periódico: NUNES, Everardo Duarte. As Ciências Sociais em Saúde: reflexões sobre as origens e a construção de um campo de conhecimento. Saúde e Sociedade

Por:   •  28/11/2022  •  Resenha  •  2.857 Palavras (12 Páginas)  •  149 Visualizações

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Fichamento do artigo de periódico: NUNES, Everardo Duarte. As Ciências Sociais em Saúde: reflexões sobre as origens e a construção de um campo de conhecimento. Saúde e Sociedade, [S.L.], v. 1, n. 1, p. 59-84, 1992. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0104-12901992000100007.

O texto aborda as origens, desenvolvimento, perspectivas das ciências sociais em saúde e a construção desse campo do saber, situando pontos fundamentais ao surgimento do pensamento social em saúde no Brasil, a partir de amplo movimento do pós 2ª Guerra, sobretudo, na medicina preventiva e social.

As origens de um pensamento social em saúde

- O movimento de incorporação das ciências sociais em saúde se dá a partir do fim da 2ª Guerra Mundial, porque trouxe muitas mudanças para os países, afetando a sociedade como um todo, mas também provocando alterações em diversos níveis, como na educação e saúde.

- Apesar de ter casos esporádicos no Brasil sobre ciências sociais em saúde nas universidades – RJ e SP, são situações isoladas, pois no Brasil o projeto inicial de introdução das CSS só vai acontecer 2 décadas depois dos debates dos EUA.

- EUA – a introdução é nos pós-guerra, mas os precursores da sociologia médica são do início do século, associada à saúde pública e assistência social. De 30 a 50, em diferentes pontos dos Estados Unidos, acontecem pesquisas sobre os fatores socioculturais na saúde, nas temáticas de educação médica, epidemiologia, pesquisa histórica-social, fatores sociais na medicina na perspectiva do materialismo histórico.                                                      

Em 1951 Parsons publica o trabalho que se tornaria referência mundial e consulta obrigatória na sociologia médica.                                                                                                                  

Em 1954, surge o 1º curso doutorado, em Yale - já existia pesquisas balizando o que se denominou de "ciências da conduta" ou "ciências do comportamento".                                    

Em 1960 a sociologia médica será aceita como uma seção da American Sociological Association.

Para muitos, a o impulso que a sociologia médica teve se relaciona aos estudos dos fatores socioculturais na etiologia das doenças mentais – apontam-se alta prevalência de desordens psiquiátricas no processo de seleção para o serviço militar, como no de reabilitação do pós-guerra.

As condições do pós-guerra – fundamentais para as mudanças da A.L., refletindo-se nos problemas advindos da industrialização, migração do campo para a cidade e à expansão do sistema educativo.

- Convênios bilaterais entre EUA e países latino-americanos – a prática médica é concebida como fator de aumento de produtividade da classe trabalhadora dos países periféricos (dependentes) – busca de consenso entre as nações. Os objetivos da Divisão de Saúde e Saneamento, do Instituto de Assuntos Interamericanos eram:

1. Do ponto de vista militar – melhorar as condições de saúde das forças armadas

2. Do ponto de vista político – cumprir o programa de saúde e saneamento acordado

3. Do ponto de vista da produção – aumentar a produção de materiais essenciais em zonas onde existissem más condições de saúde

4. Do ponto de vista moral – propagandear os benefícios tangíveis da democracia em marcha e ganhar o apoio da população civil.

1950 – Entrada da sociologia médica nos currículos - pretensão de reorientar a prática médica, um novo perfil, a partir de conteúdos curriculares inovadores, destacavam-se as dimensões integral, preventiva e social. Objetivo: romper a hegemonia do biológico na compreensão do processo saúde-doença, do cuidado individual e intra-hospitalar como formas únicas e absolutas de prática médica.

1960 - Criação de uma grande quantidade de escolas médicas, a inovação é não somente a departamentalização em seu sentido mais amplo, mas a introdução dos departamentos de medicina preventiva e social com quatro grandes áreas: Estatística, Epidemiologia e Saneamento, Organização e Administração Sanitária e Ciências Sociais.

Nesse cenário é que aparecem os primeiros cientistas sociais; autodidatas em questões de saúde, ensaiam os passos iniciais de uma atividade compartilhada com médicos, enfermeiras e assistentes sociais. Este contato enseja formas de atividades multiprofissionais através de trabalhos práticos, especialmente aqueles voltados para a comunidade, ponto crucial na proposta preventivista dos anos 60. Faziam a “integração na prática” para mais à frente terem um diagnóstico biopsicossocial.

Momento teórico-aplicado - pretendia estender o conhecimento à comunidade como um todo e às suas instituições, além de ser um projeto pedagógico, visava também que a comunidade iniciasse um processo de participação no encaminhamento dos seus problemas e tentativa de solução.

Questão do "desenvolvimento e organização da comunidade" - faz parte de uma estratégia sócio-política mais ampla - tentar mobilizar aquelas parcelas da população que estavam à margem do desenvolvimento e que se situavam nas áreas urbanas mais carentes de recursos e infraestrutura e que poderiam se tornar alvo fácil de tensões sociais - Toda a questão do modelo de "medicina comunitária” foi muito criticada por ser considerada uma maneira de controlar, manipular e ordenar a comunidade.

Não somente no Brasil, mas em outros países da América Latina, os primeiros cientistas sociais que se incorporam à área da saúde são os antropólogos.

Década de 60 - esforço em promover as ciências sociais na saúde, com marcas muito claras da influência norte-americana. Isto manifesta-se tanto a nível da proposta pedagógica, como no campo da pesquisa. Ressalta que a teoria dominante foi o funcionalismo cultural.

A construção de um campo de conhecimento

Tentava-se conhecer a motivação à carreira e os valores que atribuíam a sua profissão no momento em que ingressavam na escola médica e durante os anos de graduação. O coroamento desta análise avaliatória será o livro de García sobre a educação médica na América Latina, que irá revelar, numa perspectiva teórica calcada no materialismo histórico, qual era a situação do ensino da medicina preventiva e social e em particular das ciências da conduta.

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