Função Socializadora da Família

• A representação de espaços sociais e a crítica de costumes

O romance “Os Maias”, de Eça de Queirós, encerra uma vertente pedagógica e didática.

Assim, no “jantar da Quinta de Santa Olávia” critica-se a educação portuguesa: tradicional, teórica e sentimentalista, que valoriza a memorização ao invés da reflexão e é caraterizada por uma afeição desmedida à mãe, na pessoa de Eusebiozinho, “estiolado por uma educação à portuguesa”.

Já no “jantar dos Gouvarinho” condena-se a ignorância e a incompetência da aristocracia que desempenha elevados cargos de estado: “sr. Sousa Neto, sabe o que diz Proudhon?” ao que ele responde em jeito de desculpa “Não me recordo textualmente”.

Por fim, nas “corridas do hipódromo” reprova-se a adoção de eventos estrangeiros que nada dizem aos portugueses mas também a sociedade que apenas frequenta as corridas para observar e se mostrar, assim como a construção inadequada: “com o feitio de traves mal pregadas, como palanques de arraial”.

Concluindo, a sociedade da época não era tão civilizada como pretendia mostrar.

• A descrição do real e o papel das sensações

Através da descrição fiel e rigorosa de que faz uso, Eça de Queirós confere autenticidade à obra.

Por um lado, através do apelo às sensações visuais e olfativas presentes no excerto “os móveis (…) estavam embrulhados em lençóis de algodão, como amortalhados, exalando um cheiro de múmia a terebintina e cânfora”, o narrador evidencia e acentua a ideia de abandono e morte presentes no Ramalhete depois da consumação do incesto, na Toca, da morte do patriarca da família Afonso da Maia e da partida de Maria Eduarda.

Por outro, no trecho “fresco murmúrio de águas vivas” onde se identificam as sensações táteis e auditivas contribui-se para a descrição positiva da Quinta de Santa Olávia que é um espaço natural e puro associado à infância e educação felizes de Carlos da Maia.

Em suma, a caraterização dos espaços procura retratá-los como de facto são.

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