Fun.d.Teóricos Metodológicos do Serviço social III
Por: monica monica hackradt • 4/5/2015 • Artigo • 3.469 Palavras (14 Páginas) • 542 Visualizações
ATPS FUNDAMENTOS III
INTRODUÇÃO
Este artigo científico é resultado de pesquisa e reflexão da atuação do assistente social no mundo contemporâneo, sua formação crítica e as tendências de atuação no mercado de trabalho. Buscamos compreender a relação da filantropia com o assistente social e a prática do assistencialismo que marcaram o Serviço Social em seus primórdios. Abordamos as oportunidades no mercado de trabalho classificando as diferentes áreas de atuação, bem como a necessidade de capacitar-se continuamente para atuar no mercado dirigido pelos ideais neoliberais.
A reestruturação do capital, mediante ajuste macroeconômicos acompanhados de grandes inovações tecno organizacionais dos processos de produção e trabalho consubstanciadas nos Círculos de Controle de Qualidade (CCQ’s), os programas de Qualidade Total (TQC), os sistemas just-in-time/kanban*, a partir do Toyotismo têm importância e alcances comparáveis às que foram introduzidas por Taylor e Ford. Deste modo, condensam referências materiais e ideológicas constitutivas de uma nova sociabilidade sob o domínio do capital.
No Toyotismo a racionalização é a fábrica com efetivo mínimo. A exigência de redução do tempo de produção sobrecarrega os trabalhadores e elimina postos de trabalho. O objetivo não consiste em diminuir trabalho e sim, reduzir trabalhadores. O trabalho em equipe representa, na verdade, a pressão que cada trabalhador sofre para desempenhar sua função com qualidade, sob pena de ser rejeitado pelo grupo, ainda que neste grupo todos se encontrem nas mesmas condições. Estas transformações convergem para a fragmentação da classe trabalhadora, aumento da diferenciação entre classes e ampliação das desigualdades legitimadas pelo novo sistema de regulação e controle social que busca mascarar estas diferenciações, onde o mercado atua como instância mediadora societal e o Estado torna-se mínimo.
Aos assistentes sociais cabe atuar na solução dos desafios que se apresentam, cooperando na formação da cidadania das classes excluídas como também na equação de soluções para o novo sistema de produção. De acordo com Iamamoto:
É na tensão entre produção da desigualdade, da rebeldia e do conformismo que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno movido por interesses sociais distintos, os quais não é possível abstrair ou deles fugir, pois tecem a trama da vida em sociedade. (Iamamoto, p. 28,1997).
DESENVOLVIMENTO
Tendo em vista que a sociedade capitalista vive em um ciclo de exploração, podemos considerar que o serviço social sempre será necessário. O crescimento capitalista resulta o aumento à concorrência da mão de obra, dificultando a estabilidade e a precariedade dos serviços prestados, resultando no aumento da exclusão. O assistente social como profissional vinculado ao sistema capitalista sofre sim com as modificações e alterações resultantes dessa ordem social. De acordo com Iamamoto, “(...) os assistentes sociais são desafiados neste tempo de divisas, de gente cortada em suas possibilidades de trabalho e de obter seus meios de sobrevivência ameaçada na própria vida”( 1998.p.18)
Sabendo que os desafios da contemporaneidade são constantes ao profissional atuante e preocupado com a realidade, o assistente social se mantém presente nas formulações das políticas públicas participando da produção e redistribuição da riqueza social. O profissional rompeu com mecanicismo institucional fundamentado na filantropia e no assistencialismo e busca aprender mais com a realidade, reconhecer tendências e possibilidades que possam servir como instrumentos para soluções de problemas.
O Serviço Social no Brasil surgiu nos primeiros anos da década de 30, fruto de segmentos de vários setores da burguesia e respaldado pela Igreja Católica, o que leva à confusão com respeito a sua ação ser de cunho assistencialista e, ou filantrópico, pois a filantropia e assistência estiveram associadas às práticas de caridade no Brasil.
Filantropia é um tipo de caridade que se julga mais científico, em seu modo de agir, e não inspirada em motivos teológicos, mas exclusivamente humanos e sociais. É uma ação pontual na qual há planejamento. Está ligada apenas à atitude de ajuda ao próximo.
O assistencialismo é uma ação paliativa, pois não transforma a vida das pessoas, atende apenas as necessidades do momento e não interfere na questão social.
As práticas filantrópica e assistencialista, no Serviço Social foram superadas com a promulgação da Constituição federal de 1988 e pela Lei orgânica de assistência Social (LOAS) em 1993, uma vez que a Assistência social passou a configurar como um direito do cidadão e do dever do Estado. A partir de então, o Serviço Social passou a trabalhar em prol da universalização dos acessos e da responsabilidade estatal.
Consideramos que o processo de Reconceituação no Serviço Social foi determinante para romper com o conservadorismo da profissão, inserindo um viés moderno de teorias e técnicas no instrumental de trabalho. A profissão fundamentou-se na fenomenologia para que os profissionais compreendessem e interpretassem as necessidades dos usuários, e posteriormente, utilizou-se da teoria dialética objetivando a transformação do homem e da sociedade.
Atualmente, o espaço profissional do assistente social é abrangente, situa-se nas áreas das políticas sociais públicas e privadas, nas quais pode ser requisitado para o planejamento, a gestão e a execução de políticas, programas, projetos e serviços sociais, instigando sua criatividade e seu espírito propositivo.
Citamos mais algumas áreas de atuação:
a) Assistência Social Pública: Órgãos de Bem Estar Social; Secretarias Municipais ou Estaduais de Assistência Social, Centros de Atendimento à população em situação de risco social (crianças, adolescentes, idosos, migrantes);
b) Saúde pública e privada: Secretarias de Saúde, Unidades Regionais de Saúde, Centro de Saúde, Hospitais, Clínicas, Ambulatórios;
c) Previdência Social: órgãos da previdência social pública ou privada em nível federal, estadual e municipal;
d) Área Empresarial: indústrias, empresas públicas e privadas, órgãos patronais de Serviço Social (SESC, SESI e SSR);
e) Habitação: Órgãos de financiamento e planejamento habitacional, companhias e cooperativas habitacionais;
f) Educação: Secretarias de Educação, escolas públicas e particulares, centros de educação especial, Centros de readaptação de crianças, Universidades;
g) Área sócio jurídica: Secretarias de Segurança Pública, Delegacias, Forças Armadas, Penitenciárias; Tribunais de Justiça, Promotorias, Defensorias Públicas e Serviços de Assistência Jurídica;
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