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Globalização e desigualdades, uma análise a partir de um âmbito internacional

Por:   •  25/9/2018  •  Ensaio  •  2.152 Palavras (9 Páginas)  •  190 Visualizações

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Globalização e desigualdades, uma análise a partir de um âmbito internacional

Trabalho produzido pelo acadêmico Ben Cerqueira Beier, graduando no curso de Ciências Sociais, como requisito avaliativo para a matéria de Economia Política, ministrada pelo professor Márcio Moraes Rutkoski, na Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 12 de junho de 2018

1. INTRODUÇÃO

        Há um grande debate a respeito de como a globalização teve diversos efeitos no plano mundial, tanto econômicos, quanto sociais, espaciais e culturais. O que pretendo analisar neste trabalho é como a globalização teve um impacto sobre as desigualdades em diferentes níveis num aspecto mundial, sendo estas positivas ou negativas, e como operaram, a partir de uma análise histórica, porém principalmente tentando entender os processos que estão ocorrendo hoje em dia. Para pensar esse tema irei me dispor de algumas bibliografias a serem citadas mais adiante sobre a globalização e também uma série de palestras com as quais tive contato na USP, durante o congresso internacional de ciências sociais (SPASS[1]) que envolveram autores de diversas universidades; economistas; sociólogos e antropólogos internacionais, todos debatendo o tema das desigualdades.

2. O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO

        A globalização é um processo de integração e interligação econômica, social, política e cultural. Este fenômeno teve sua origem na chamada “Era dos descobrimentos” e se desenvolveu a partir da Revolução Industrial, juntamente com a consolidação do capitalismo, os avanços tecnológicos e da necessidade de expansão do fluxo econômico mundial.  A partir da necessidade do capitalismo de conquistar novos mercados, ao longo dos anos 70 e 80 e ganhou ainda mais força, trazendo inovações tecnológicas que possibilitaram a expansão desta nova mudança, como a comunicação, por exemplo. É importante apontar que os anos que sucederam o fim da Segunda Guerra Mundial até o surgimento de crises nos anos 1970 foram classificados como “Era de Ouro”, “Anos Dourados”, “Os Trinta Anos Gloriosos”, em razão das altas taxas de crescimento da produção, do comércio internacional, da população mundial, do emprego, da renda e da qualidade de vida em grande parte dos países, principalmente nos países ditos desenvolvidos

        O livre comércio no plano econômico é algo que vem sendo pensado desde os teóricos clássicos como David Ricardo no séc. XIX, para propor uma solução ao que chama de “estado estacionário”, na sua famosa “lei das vantagens relativas”[2], o comércio é vantajoso em razão de cada país poder se especializar na produção daquele produto em que é mais produtivo, exportando mais para os outros e importando mais produtos que produz de maneira menos eficiente. O resultado é o aumento da eficiência na produção e do bem-estar dos consumidores. Hoje em dia, com a abertura dos mercados internacionais e os avanços da globalização foram possibilitadas grandes mudanças na produção, um país poderia comprar produtos que foram produzidos em um outro país, o qual importou matéria-prima para esta produção também de um outro país. O que isto quer dizer é que com a abertura dos mercados e o aumento na tecnologia da comunicação e transação se tornou possível interligar os diferentes países numa rede de troca imensa, que visa a maior atuação no mercado.

        As inovações na área de informática e da comunicação, principalmente com a invenção da internet, foram determinantes para a construção de um mundo globalizado. Surgiram blocos econômicos, formados por países que se juntam para fortalecerem suas relações comerciais, como por exemplo o Mercosul, ou a União Européia, que foram resultado deste processo.

        Pode-se dizer a partir disso que houveram muitas mudanças, porém o impacto da globalização sobre o mercado de trabalho, o comércio internacional, na liberdade de movimentação e na qualidade de vida das pessoas varia segundo o economista Ricardo Paes de Barros[3], no grau de desenvolvimento de cada país, e como estas mudanças aconteceram e quais impactos tiveram sobre o aumento ou a diminuição das desigualdades abordarei no próximo ponto.

3. GLOBALIZAÇÃO E SEUS IMPACTOS SOBRE AS DESIGUALDADES

        dos anos 80 para a atualidade, houve um crescimento de 1 bilhão de pessoas integrando no mercado mundial, segundo Otaviano Canuto do Banco Mundial. As inovações tecnológicas tiveram um enorme papel nesta integração no mercado, por terem desenvolvido formas inovadoras de transporte, comunicação possibilitando que os estágios de produção e comercialização dos produtos tenham um caráter internacional interligado. A partir disto também foi possível transferir e levar tecnologias aos diferentes países que estão em contato. Se pensarmos o caso por exemplo de um iphone, 0% dele é produzido nos EUA, os EUA são apenas os detentores da tecnologia necessária para a produção e a maioria é produzido na China e outros países onde o custo da mão de obra e da produção é mais baixo. Mas estes países que disponibilizam sua mão de obra para a produção das tecnologias de países como nesse caso os EUA, também beneficiaram deste processo, tendo um vasto aumento na produtividade que acaba por aumentar também a riqueza das nações e a diminuição da pobreza.

Este é um processo que ocorreu em diversas partes do mundo, e nesse caso podemos dizer que as desigualdades foram diminuídas, mas de que desigualdades estamos nos referindo aqui? A partir da análise de Otaviano Canuto, pode-se perceber claramente que se está falando de desigualdade financeira/de renda, e que no caso a diminuição dela ocorreu pelo fato dos países em desenvolvimentos terem aumentado sua produtividade nesta relação globalizada obtendo mais renda e possibilitando o aumento dos salários e empregos, resultando também, em impactos sociais.

Numa análise global a partir dos gráficos disponibilizados por Canuto[4] em suas apresentações no SPASS, a globalização tem diminuído as desigualdades, num âmbito mundial, porém em diferentes escalas, na América Latina, por exemplo, as desigualdades têm diminuído com esse processo, a partir do aumento da escolaridade, seguros sociais, que são chaves no declínio das desigualdades. Um exemplo de política pública relacionado a escolaridade é a bolsa família que tem um efeito positivo, porém não a curto prazo, os que se beneficiam com a bolsa não são exclusivamente os país que a recebem, mas as crianças que atendem a escola, saúde e conseguem crescer financeiramente devido a isto. ou seja o bolsa família, tem um efeito positivo para as crianças diretamente.

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