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INSERINDO UMA CRIANÇA QUE FUNCIONA NA CLASSE DE AUDIÇÃO DA CRIANÇA: FOCANDO A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO

Tese: INSERINDO UMA CRIANÇA QUE FUNCIONA NA CLASSE DE AUDIÇÃO DA CRIANÇA: FOCANDO A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  7/4/2014  •  Tese  •  5.851 Palavras (24 Páginas)  •  291 Visualizações

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A INSERÇÃO DA CRIANÇA SURDA EM CLASSE DE CRIANÇAS OUVINTES:

FOCALIZANDO A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO

Cristina Broglia Feitosa de Lacerda

Curso de Fonoaudiologia

Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP

SURDEZ, LÍNGUA DE SINAIS E INCLUSÃO

Desde cedo a criança ouvinte tem a oportunidade de conviver com a língua utilizada

por sua família. O interlocutor adulto colabora para que a linguagem da criança flua,

oportunizando atitudes discursivas que favoreçam a aprendizagem e a identificação de

aspectos importantes da língua na qual ela está sendo imersa, e que irá se apropriar ao

longo de seu desenvolvimento. As crianças surdas, em geral, não têm a possibilidade desse

aprendizado/apropriação, já que na maioria das vezes não têm acesso a língua utilizada por

seus pais (ouvintes). Tais crianças permanecem no ambiente familiar apreendendo coisas

do mundo e da linguagem de forma fragmentada e incompleta justamente por sua

dificuldade de acesso à língua a qual esta sendo exposta.

Atenta à questão fundamental da necessidade de um desenvolvimento satisfatório

de linguagem para a constituição dos sujeitos é que surge a proposta da abordagem

bilíngüe para a pessoa surda, que enfatiza a necessidade de que o surdo adquira o mais

precocemente possível uma língua de forma plena, que é a Língua de Sinais, considerada a

língua natural dos surdos, e, como segunda língua, aquela utilizada por seus pais. A

Língua de Sinais por suas características viso-gestuais é passível de ser adquirida pela

pessoa surda sem dificuldades adicionais, sem que sejam necessários programas de

treinamento, já que os surdos em contato com outros surdos usuários de Língua de Sinais

procedem uma aquisição ampla e eficaz.

Nessa mesma perspectiva está baseada a proposta de educação bilíngüe, que busca

contemplar o direito lingüístico da pessoa surda de ter acesso aos conhecimentos sociais e

culturais em uma língua na qual tenha domínio. Além disso, aspectos culturais, sociais,

metodológicos e curriculares inerentes à condição de surdez precisam ser considerados em

uma proposta séria de ensino à comunidade surda (Skliar, 1997).

Tal projeto de escolarização pressupõe que os educadores envolvidos tenham

domínio das línguas envolvidas, a Língua de Sinais e a língua usada pelos ouvintes (no

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caso o Português), e do modo peculiar de funcionamento de cada uma delas em suas

diferentes modalidades. Tal domínio é fundamental para possibilitar que o sujeito surdo

tenha acesso aos conhecimentos de mundo e que possa trabalhá-los tanto na Língua de

Sinais como em Português, especialmente em sua modalidade escrita, modalidade

dominante no meio acadêmico, a qual permite e favorece o acesso a uma quantidade

ilimitada de conhecimentos.

Todavia, a efetivação de propostas educacionais bilíngües ocorrem isoladamente,

muitas vezes de forma experimental, sem que se possa desfrutar dessa alternativa de

ensino de maneira mais abrangente. A falta de surdos adultos usuários de Língua de Sinais

e habilitados como professores, o preconceito social frente à Língua de Sinais, a

dificuldade de muitos em aceitar a comunidade surda como uma comunidade lingüística

especial, faz com que a proposta de educação bilíngüe avance lentamente, enfrentando

grandes obstáculos e problemas. Países que optaram por essa abordagem oficialmente,

mostram resultados muito satisfatórios no que diz respeito ao desenvolvimento e

aprendizagem das pessoas surdas (Lewis, at al, 1995)

Entretanto, a maior parte dos surdos atendidos no Brasil não têm podido ter acesso a

uma escolarização que atente para suas necessidades lingüísticas, metodológicas,

curriculares, sociais e culturais. Os surdos encontram-se em classes/escolas especiais que

atuam em uma perspectiva oralista, as quais pretendem em última análise que o aluno

surdo comporte-se como um ouvinte, lendo nos lábios aquilo que não pode escutar,

falando, lendo e escrevendo a Língua Portuguesa. Ou em escolas regulares, inseridos em

classes de ouvintes nas quais, novamente, espera-se que ele se comporte como um ouvinte

acompanhando os conteúdos preparados/pensados para as crianças ouvintes, sem que

qualquer condição especial seja propiciada para que tal aprendizagem aconteça.

Muitos estudos indicam que pessoas surdas, nessas condições de escolarização,

mesmo após vários anos, apresentam dificuldades em relação à aquisição de

conhecimentos de maneira geral, e no uso da linguagem escrita, especialmente; em geral,

porque as práticas educacionais não contemplam as reais necessidades dos surdos, fazendo

com que eles apresentem conhecimentos muito aquém daqueles desejados para seu

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