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Lixo Residencial Rural: Educação Ambiental Nas Comunidades Rurais De Agreste E Ressaca No Município De Verdelândia - Norte De Minas Gerais.

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Por:   •  30/7/2014  •  2.103 Palavras (9 Páginas)  •  1.180 Visualizações

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Resumo: Alguns tipos de lixos produzidos na zona rural não despertam cuidados e podem causar sérios danos à saúde da população e ao ambiente da propriedade, principalmente por conter elementos químicos na forma iônica que são absorvidos e acumulados pelo organismo. Dessa forma objetivou-se com esse trabalho realizar levantamentos sobre o destino e reaproveitamento do lixo da zona rural. Foi realizada uma entrevista com 15 famílias que residem na Comunidade Agreste e Ressaca da zona rural de Verdelândia (Minas Gerais) com questões referentes aos tipos de lixos liberados, destino do lixo, coleta do lixo, tratamento da água para consumo e se é feita à reutilização do lixo (reciclagem). De acordo com os dados obtidos, a maioria do lixo produzido é do tipo orgânico, o lixo na sua maioria era enterrado antes de haver o sistema de coleta, há presença de fossa séptica na maioria das casas, é realizado o tratamento da água para consumo e é feita a reutilização do lixo (reciclagem) na maioria dos casos. Palavras-chave: Poluição, sociedade, saúde.

Abstract: Some types of waste produced in rural areas do not wake up care and can cause serious damage to public health and the environment of the property, mainly because it contains chemical elements in ionic form that are absorbed and accumulated by the body. Thus the objective was to make this work with surveys on the fate and recycling of waste in rural areas. We conducted interviews with 15 families residing in the Community Wasteland and rural Surf Verdun (Minas Gerais) with questions regarding the types of waste released, garbage disposal, waste collection, treatment of drinking water and is made to reuse waste (recycling). According to the data, most of the waste produced is an organic kind, mostly trash was buried there before the collection system, septic tank is present in most homes, is the treatment of drinking water and is made of waste reuse (recycling) in most cases. Key Words: Pollution, Society, Health.

Introdução

Quem vive no espaço urbano pode ter a falsa impressão de que no meio rural (19 % da população brasileira) o problema do lixo é insignificante (DAROLT, 2008). Entre os problemas ambientais ocorridos atualmente, está à questão do destino dos resíduos sólidos - o lixo. Sua correta destinação torna-se cada dia mais importante, pois o acondicionamento feito de forma incorreta pode trazer prejuízos ao meio ambiente e a população em geral. Na zona rural, a coleta de lixo muitas vezes é inviável. Por isso, os próprios moradores devem fazer a destinação final (DEBONI & PINHEIRO, 2010). Entre

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as famílias residentes nas áreas rurais, 60,6% não contam com serviços de abastecimento de água e cerca de 80% informam não dispor de serviços de coleta de lixo. A realidade mostra que o lixo rural tem coleta cara e difícil o que leva os agricultores a optarem por enterrá-lo ou queimá-lo (DAROLT, 2008). A queima dos resíduos, além de provocar odores indesejados, pode gerar compostos diferentes daqueles neles presentes, tais como óxidos de enxofre, dioxinas e furanos (AGUIAR, 1999).

Vários são os impactos dos resíduos do lixo no ambiente e, conseqüentemente, na saúde Pública. O chorume, produto decorrente da degradação da matéria orgânica presente no lixo, é intensificado pelas águas de chuva que percolam através do lixo disposto de forma inadequada, podendo dessa forma causar alterações na qualidade das águas superficiais e subterrâneas impactando a flora e a fauna aquática. Por outro lado, o lixo jogado nos corpos d’água provoca o assoreamento de rios e lagos, prejudicando e comprometendo seus diversos usos (DIAS, 2003).

De acordo com Lima (2005), torna-se necessário um trabalho de conscientização aos moradores da zona rural ensinando – os como gerenciar corretamente o lixo de suas residências, além de se buscar alternativas para reaproveitar os resíduos sólidos como forma de diminuir o volume de lixo e impedir ou diminuir a contaminação e a degradação ambiental. Buscando uma conscientização ambiental através da educação informal, o presente trabalho tem por objetivo fazer um levantamento sobre o destino e o reaproveitamento do lixo rural produzido pelas famílias das comunidades Agreste e Ressaca, zona rural do município de Verdelândia.

Metodologia

A metodologia empregada foi de acordo com uma linha de pesquisa quantitativa. Foi realizada uma entrevista semi-estruturada no dia 14 de novembro de 2009, com questões abertas, tendo como população alvo 15 famílias que residem na Comunidade Agreste e Ressaca da zona rural de Verdelândia situado no norte de Minas Gerais. O município é cortado pela rodovia MG-401 e é banhado pelo Rio Verde Grande, é resultado do desmembramento dos distritos de Verdelândia e Barreiro do Rio Verde, que pertenciam a Varzelândia e a Janaúba. O município está inserido no projeto agroindustrial desenvolvido pela Codevasf, e sua população estimada em 2009 2009 é de 8.514 habitantes (IBGE, 2009). A população das comunidades Agreste e Ressaca estimada em 2009 é de 323 e 65 habitantes, respectivamente (VERDELÂNDIAMG, 2009).Na coleta de dados, as famílias entrevistadas responderam questões relacionadas aos principais tipos de lixos de sua residência, a existência de recolhimento do lixo residencial, ao sistema de coleta seletiva, ao destino do lixo residencial, a presença de um rio, lagoa, cacimba, barragem, poço artesiano ou qualquer outro reservatório de água nas proximidades, ao uso de fossa séptica, a reciclagem doméstica e ao tratamento para a água corrente antes de consumir. Os dados coletados foram analisados compondo médias em porcentagem para discussão da realidade local.

Resultados e Discussão

Os resultados da pesquisa revelaram que o lixo orgânico em 45% das famílias entrevistadas é o tipo mais comum presente nas residências rurais do município de Verdelândia - MG na Comunidade do Agreste e Ressaca, enquanto que outros tipos de

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lixo como os recicláveis, latas, papelão, garrafas plásticas e sacolinhas são liberados em menor porcentagem: 6% (Figura 1).

Figura 1: Principais tipos de lixos liberados por famílias residentes na zona rural do município de Verdelândia na comunidade rural Agreste e Ressaca.

Lima et al (2005) realizaram uma pesquisa no município João Alfredo – PE, e constataram que 100% dos entrevistados afirmaram que pelo tipo de resíduo produzido, a zona rural assemelha-se cada vez mais com a zona urbana, por conta dos resíduos, como: plástico, vidros, papéis, material orgânico, típicos de qualquer domicílio urbano, além dos resíduos de animais.

O recolhimento do lixo na comunidade da zona rural de Agreste e Ressaca é feito pela prefeitura uma vez por semana, porém o lixo na maioria dos casos fica exposto a céu aberto até o momento do recolhimento. O lixo colocado em local inadequado além de causar poluição do solo, da água e poluição do ar, pode, degradar a paisagem e produzir mau cheiro, colocar em risco a saúde pública. E por oferecer alimentação abundante, pode atrair insetos, cachorros, ratos e outros animais, que podem disseminar direta ou indiretamente dezenas de doenças (BRASIL, 2005). Na comunidade antes da instalação do sistema de coleta pela prefeitura, o lixo era queimado sobre o solo pelas famílias e no caso latas e vidros quebrados eram enterrados. Segundo as entrevistas 47% das famílias afirmaram a primeira situação e apenas 4% afirmaram a segunda situação conforme observa-se a Figura 2.

Figura 2: Destino do lixo liberado por famílias residentes na de zona rural do município de Verdelândia – MG nas comunidades do Agreste e Ressaca.

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De acordo com Haas (2009), o destino do lixo da comunidade de Poço Preto, Roque Gonzáles – RS, as maiores porcentagens apresentadas também foram para lixo queimado e enterrado, sendo 31,6% para ambos.

Em 1991, do total de lixo produzido na zona rural brasileira, 31,6% eram enterrados ou queimados. Esse percentual subiu para 52,5%, em 2000. Já o lixo jogado em terrenos baldios caiu de 62,9% para 32,2% (DAROLT, 2002).

Com relação à existência de um reservatório de água perto das residências das famílias, o único encontrado foi um poço artesiano, sendo que na comunidade Ressaca não é realizado nenhum tratamento da água antes do consumo. A comunidade do Agreste conta com o sistema de água tratada pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais – COPASA. A outra fonte de água encontrada nas proximidades das casas é o Rio Verde Grande, mas a sua água não é utilizada para o consumo.

Em 60% das entrevistas foi possível verificar a existência da fossa tipo sumidouro nas residências das famílias da zona rural. Já nas residências que não apresentam nenhum tipo de fossa, os dejetos humanos são liberados diretamente no solo, a céu aberto. Em algumas casas fora identificada a presença de fossa séptica, mas não é utilizada.

Conforme dados obtidos por Haas (2009), a destinação do esgoto da comunidade Poço Preto, Roque Gonzáles – RS se dá através de fossas negras (89,5%) e em fossas com sumidouro (10,5%), o que mostra o alto risco de contaminação das águas subterrâneas e do próprio solo.

Nas residências da zona rural, em uma maior porcentagem das respostas (67%), o lixo orgânico (restos de comida), são reutilizados para alimentação de animais, as garrafas pets são utilizadas para guardar grãos (feijão) e cachaça. As sacolas plásticas também são reaproveitadas. As famílias que realizam a reciclagem fazem artesanato com garrafas pets e tampas de garrafas.

Considerações Finais

Um trabalho de educação ambiental é de fundamental importância em todo processo desde a geração de lixo até o processo de reciclagem, portanto não basta que a conscientização/sensibilização das populações aconteça. É importante que os poderes municipais e a iniciativa privada se unam para melhorar a qualidade de vida dos moradores das comunidades visitadas, incentivando e promovendo novas formas de reciclagem, bem como aumentar o número das coletas realizadas no local, haja visto que um grande intervalo de tempo entre as coletas e o uso de local inadequado podem acarretar em sérios problemas de saúde pública

Agradecimentos

A Prefeitura Municipal de Verdelândia –MG e a Fapemig pelo apoio financeiro.

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Bibliografia Citada

AGUIAR A. As parcerias em Programas de coleta seletiva de Resíduos Sólidos Domésticos. São Paulo; 1999. [Tese de Mestrado – Faculdade de Saúde Pública da USP].

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Manual de Educação para o consumo sustentável. Brasília: MMA, 2005.

DAROLT, M. R. Lixo rural: do problema a solução. Com Ciência. Revista Eletrônica de Jornalismo Científico. n.95. 2008.

DAROLT, M. R. Lixo Rural: Entraves, Estratégias e Oportunidades. 2002. Disponível em: <http://www.planetaorganico.com.br/trabdarlixo.htm>. Acesso em: 21 de novembro de 2009.

DEBONI, L; PINHEIRO, D. K. O que você faz com seu lixo? Estudo sobre a destinação do lixo na zona rural de Cruz Alta/RS -Passo dos Alemães. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental. v(1), n°1, p. 13 – 21, 2010.

DIAS, S. M. F. Avaliação de Programas de Educação Ambiental voltados para o gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos. São Paulo, 2003. [Tese de Doutorado da Faculdade de Saúde Pública da USP].

HAAS, J. M. A Destinação do Lixo, do Esgoto e dos Dejetos nas Propriedades Rurais – Estudo de Caso – Comunidade de Poço Preto, Roque Gonzales, RS. II Jornada de Iniciação Científica – Meio Ambiente. Disponível em: <http://www.fepam.rs.gov.br/biblioteca/JIC/II/edu/EDAMB001.pdf>. Acesso em: 20 de novembro de 2009.

IBGE. Minas Gerais. 2009. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 21 de agosto de 2011.

LIMA, A. A., et al. Lixo rural: o caso do município de João Alfredo – PE. Caminhos de Geografia 1 (16) 1 - 5, 2005.

VERDELANDIAMG.Saúde. 2009. Disponível em: <http://www.verdelandiamg.com.br/saude.html>. Acesso em: 15 de novembro de 2009.

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