MOZART- Sociologia de um gênio- analise sociológica
Por: Ronaldo Nina • 11/7/2018 • Trabalho acadêmico • 816 Palavras (4 Páginas) • 198 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Curso de Graduação em Ciências Sociais - Licenciatura
Ronaldo Nina
Teoria Social II
Prof. Sergio Luís Silva
Rio de Janeiro
2018
MOZART Sociologia de um gênio
O livro fala de uma época que a estrutura social da sociedade europeia não permitia ascensão social fora do nascimento nobre ou o simples reconhecimento de genialidade entre os que não eram nobres. Analisa este período não só por bases históricas, mas de maneira mais aprofundada da época que existiu o compositor/personagem Wolfgang Amadeus Mozart, a organização social e suas pressões no indivíduo plebeu. A dicotomia cortesão/burguês, nobre/não-nobre, plebeu/bem-nascido que era determinante na condição social que teria na sociedade.
Não havia um lugar especial nessa sociedade para gênio, aquele que por suas habilidades estaria em um nível superior entre aqueles não dotados de capacidades especiais. Mozart não encontra seu lugar nessa sociedade, seu lugar estava entre os serviçais. Sua capacidade o colocava entre os bons músicos da corte, mas a vontade de inovar em detrimento da música usual e determinada pelos cortesãos fez crescer o desapreço do stablishment cortesão pela sua música. A possibilidade de Mozart quebrar essas regras seria ser reconhecido pela sua genialidade, mas como demostra Elias seria impossível esse reconhecimento tal eram as condições sociais estabelecidas.
“O destino individual de Mozart, sua sina como ser humano único e, portanto, como artista único, foi muito influenciado por sua situação social, pela dependência do músico de sua época com relação à aristocracia da corte. Aqui podemos ver como, a não ser que se domine o ofício de sociólogo, é difícil elucidar os problemas que os indivíduos encontram em suas vidas, não importa quão incomparáveis sejam a personalidade ou realizações individuais — como os biógrafos, por exemplo, tentam fazer. É preciso ser capaz de traçar um quadro claro das pressões sociais que agem sobre o indivíduo. (Elias, pág. 18)
REFLEXÕES SOCIOLÓGICAS SOBRE MOZART
“Wolfgang Amadeus Mozart morreu em 1791, aos 35 anos, e foi enterrado numa vala comum a 6 de dezembro.” Com essa frase impactante Norbert Elias, sociólogo alemão falecido em 1990 aos 93 anos, sobre Mozart, um gênio da música reconhecido tardiamente. Relata o período derradeiro de falência financeira, abandono pela esposa, a impossibilidade de alcançar o sucesso e musical em Viena, o avanço de sua doença e a falta de significado de sua vida. tantos outros infortúnios somam-se a explicação da medicina do seu declínio rápido da saúde. O personagem, sua aparência nada heroica ou bela nos padrões da época, sua necessidade de sentir amado, seu assentimento inicial ao padrão social ensinado pelo pai. Leopold Mozart, um musico que atuava na corte foi mestre no ensino da música e do comportamento social entre artista não-nobre, o burguês na visão de Elias, e o cortesão nobre por nascimento. O músico da época necessitava da figura do Mecenas, um patrocinador para as despesas de uma orquestra ou uma dispendiosa ópera. Mozart passou a servir a um nobre em Viena. Fazia música para entreter a corte e seguir aos padrões estéticos da época. Mozart, abandona o emprego e decide ir para cortes de outros países mostrar seu talento, tentou um cargo como músico permanente nas principais cortes da Europa por onde passou, não conseguiu. Serviu por um pequeno tempo como organista na pequena corte em Salzburgo, a mesma que seu pai servia. A relação, entre Mozart com o arcebispo de Salzburgo, desde o início foi tensa, o conflito era quase inevitável. O que havia em jogo era mais que simplesmente duas pessoas: suas concepções diferentes da função social do músico, uma delas firmemente estabelecida, outra que até então ainda não tivera seu devido lugar. Era, portanto, também um conflito entre dois tipos de música, um dos quais, a música artesanal da corte, correspondia à ordem social predominante, enquanto o outro, a do artista autônomo, entrava em contradição com ela. Mozart era um jovem orgulhoso que conhecia o próprio valor, rompeu com a situação e foi tentar viver como musico autônomo em Viena. A vida de Mozart ilustra nitidamente a situação de grupos burgueses outsiders numa economia dominada pela aristocracia de corte, um tempo em que o equilíbrio de forças ainda era muito favorável ao estabelecimento cortesão, mas não a ponto de suprimir todas as expressões de protesto, ainda que apenas na arena, politicamente menos perigosa, da cultura. Como um burguês outsider a serviço da corte, Mozart lutou com uma coragem espantosa para se libertar dos aristocratas, seus patronos e senhores. Esse conflito social é o cerne da obra de Elias.
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