Marx E A Divisao Social Do Trabalho
Dissertações: Marx E A Divisao Social Do Trabalho. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: assistente14 • 14/11/2014 • 2.843 Palavras (12 Páginas) • 335 Visualizações
Marx e a divisão social do trabalho, uma resposta atual
Daniel Rodrigues
Introdução
Este trabalho é parte de uma análise crítica no que tange à formação da força de trabalho, na
atualidade. Trata-se do que denominamos do ‘fetiche das competências’. Para fundamentar tal tese,
buscamos em alguns clássicos, como Smith, Durkheim e Marx, entender qual a contribuição que os
mesmos apontam para a compreensão da presente realidade em um dos pilares da formação, a divisão
social do trabalho. Pelo limite do espaço apresentaremos somente alguns elementos a partir de Karl
Marx.
Na construção teórica desse modelo hegemônico para formação da força de trabalho, um dos
pressupostos chave é a diminuição da importância do entendimento de uma sociedade dividida em
classes. Os autores da ordem apontam a existência de um processo de diminuição da divisão social do
trabalho fruto de dois grandes fatos motivadores: primeiro, o trabalho não é mais central na
organização societária; segundo, o mesmo foi substituído pela compreensão de uma nova centralidade,
a da sociedade do conhecimento ou da própria tecnologia que o encarna. Portanto, o que se deve
construir enquanto categoria explicativa da realidade são os serviços, não mais o trabalho e sua
divisão, e sim essa nova unidade existente na realidade, que expressa o modelo das competências.
Conseqüentemente, o modelo de formação por competências, apresenta-se como substituidor
da divisão do trabalho (ZARIFIAN, 2001), por desenvolver integralmente o sujeito - o associado ou
colaborador, não mais dito como trabalhador - que presta algum serviço que se incluiu
harmonicamente no sistema de produção. Assim é posto, ou proposto, um novo perfil da força de
trabalho que reconstrói uma ‘nova unidade’ no processo produtivo: “a exigência de novas
características das pessoas não como funcionários, mas como parceiros da empresa
(CHIAVENATO, 2002, p.34).”
Diante dessa nova compreensão sobre o processo do desaparecimento da divisão do trabalho,
bem como das relações contraditórias entre as classes fundamentais do capitalismo, fomos resgatar em
Marx os fundamentos dessa categoria em desprestígio e recolocá-la diante dessas novas teorias pósmodernas.
No caso, o presente trabalho, além de retomar a questão da importância da divisão
social do trabalho, atualmente, rechaça a idéia de que essa divisão está colocada somente no
entendimento do campo do desenvolvimento das forças produtivas, enquanto um problema técnico.
Defendemos que, a partir de Marx, o entendimento da divisão do trabalho está inserida na própria
contradição do desenvolvimento das forças produtivas e das relações sociais de produção dominantes.
Marx e a amplitude da divisão social do trabalho
Mesmo partindo de Adam Smith e de outros economistas burgueses, Marx realiza uma crítica
à limitação histórica e conseqüentemente teórica desses estudiosos. Marx vai contrapor-se apontando
às relações contraditórias existentes entre as classes. Ele ressalta que esse ‘não embate’ é colocado
pela própria apreensão da realidade da época, de uma luta de classes incipiente e do próprio ‘locus’
burguês em que se encontravam esses teóricos. Marx não só se localiza no século XIX, com a grande
indústria, com um capitalismo a todo vapor, mas numa época de revoluções. Seu vigor teórico,
demonstrado pela atualidade de sua análise, mantém-se firme em defesa da transformação
revolucionária da sociedade burguesa, opondo-se à ideologia dominante. Defende a ciência sob a
lógica materialista dialética, em que a história é movida pelos homens, pela luta entre as classes, e que
não basta entendê-la: é necessário agir para sua transformação e abolição da dominação classista
1 IV Conferencia Internacional "La obra de Carlos Marx y los desafíos del siglo XXI"
existente. É dentro dessa lógica que Marx supera Smith e os outros teóricos burgueses.
O Dicionário do Pensamento Marxista de Bottomore, traz uma leitura sobre a divisão social do
trabalho nos textos de Marx, colocada da seguinte maneira:
Primeiro, há a divisão social do trabalho, entendida como o sistema complexo de todas as
formas úteis diferentes de trabalho que são levadas a cabo independentemente uma das
outras por produtores privados, ou seja, no caso do capitalismo, uma divisão do trabalho que
se dá na troca entre capitalistas individuais e independentes que competem uns com os
outros. Em segundo lugar, existe a divisão do trabalho entre os trabalhadores, cada um dos
quais executa uma operação parcial de um conjunto de operações que são, todas, executadas
simultaneamente e cujo resultado é o produto social do trabalhador coletivo. Esta é uma
divisão do trabalho que se dá na produção, entre o capital e o trabalho em seu confronto
dentro do processo de produção.
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