Método De Pesquisa Etnográfica

Método de Pesquisa Etnográfica

1- Introdução

O que é etnografia? A primeira definição vem do Aurélio: “Parte dos estudos antropológicos que corresponde à fase de elaboração de dados obtidos em pesquisa de campo e estudo descritivo de um ou de vários aspectos sociais ou culturais de um povo ou grupo social”. Esse instrumento chamado Etnografia que pertence a uma determinada tradição de estudos e de investigação na produção de materiais para servir de análise que, simultaneamente, tem sido ferramenta técnica e metodológica.

Já para os antropólogos a etnografia é originária e desenvolvida na antropologia, e procura descrever o conjunto de entendimentos e de conhecimento específico compartilhado entre participantes que guia seu comportamento num contexto específico, ou seja, a etnografia descreve a cultura, usos e costumes de um grupo de pessoas, interessada no ponto de vista dos sujeitos pesquisados.

A etnografia é um método de pesquisa qualitativa e empírica que apresenta características específicas. A etnografia envolve “estabelecer relações, selecionar informantes, transcrever textos, levantar genealógicas, mapear campos, manter um diário, assim por diante “segundo o antropólogo norte-americano Clifford Geertz (1997, p.15).

A pesquisa etnográfica apresenta e traduz a prática da observação, da descrição e da análise das dinâmicas interativas e comunicativas como uma das mais relevantes técnicas. Assim, ao se avaliar programas e projetos, visando a recomendação de soluções para os problemas e impasses identificados, deve-se levar em conta as evidências da observação e da descrição, elementos cruciais da atividade etnográfica.

2- Etapas da pesquisa Etnográfica.

Uma pesquisa etnográfica é composta quatro etapas, sendo a terceira dividida em dois estágios de instrumentos diferentes. As etapas são: levantamento bibliográfico, diário de campo, campo e elaboração do texto.

A etapa que marca o início da pesquisa etnográfica é o levantamento bibliográfico e a leitura do material coletado. Nessa fase pesquisador busca fazer um levantamento de matérias relacionadas ao assunto.

Após, o pesquisador elabora um diário ou caderno de campo que tem como objetivo anotar as principais informações relacionadas à sua pesquisa, como por exemplo, as razões as quais levou a escolher o assunto da pesquisa e as questões que tem em mente sobre o assunto. Com essas anotações o diário ou caderno de campo se torna um registro descritivo de tudo àquilo que ele presenciou independente do local escolhido para observação.

Antes de ser iniciada a terceira etapa é importante uma preparação. Vamos usar como exemplo um pesquisador que quer iniciar os seus estudos dentro de um presídio de segurança máxima. Para poder entrar no ambiente o pesquisador precisaria pedir uma autorização, e se informar de suas limitações de estudo.

Já dentro do “campo” existem dois instrumentos importantes para o decorrer da pesquisa a primeira são as entrevistas abertas e em profundidade e a segunda é a observação participante. As entrevistas têm diferentes formas de aplicação, desde a definição do tempo, do local, e das questões que serão utilizadas, e também usos. Na entrevista com cunho jornalístico, o repórter dialoga com o entrevistado para obter informações objetivas. Sendo que o entrevistado pode ser de qualquer classe social, tribo ou credo. Quando a entrevista na pesquisa é aberta, quer dizer que o entrevistador pode abordar novas questões de acordo com as respostas obtidas através do entrevistado. Todas as respostas, independente de grau de importância são fundamentais para compreensão. As entrevistas costumam ser longas, com várias horas de duração, podendo ser dividida em dois ou mais encontros, e que por opção podem ser em lugares diferentes, as entrevistas têm como função reunir historias de vida, começando sempre do princípio, nascimento, data, local, dados biográficos e dados sobre a família do entrevistado. Nesse caso, o entrevistador não deve julgar o discurso, as atitudes ou as escolhas. Ele deve deixar o entrevistado se sentindo livre para argumentar ou negar responder uma pergunta, já que a negação mostra a visão do entrevistado tanto quanto uma resposta.

O segundo instrumento da terceira etapa é observação participante que consiste em o cientista introduzir-se no campo de estudo, não ingenuamente, ele deve vivenciar o objeto de pesquisa estudado observando as reações em relação a sua presença, o seu papel dentro do grupo e ter a consciência de que a sua presença pode alterar o comportamento e a rotina do grupo.

A última etapa desse processo é a elaboração do texto, onde o entrevistador interpreta o que está sendo dito, observado ou sentido durante a pesquisa. Esse texto, como trabalho final do antropólogo é uma reunião de diversos depoimentos e opiniões que incluem as dos entrevistados, dos autores utilizados como base e da sua própria percepção do objeto de estudo.

3- Etnografia na Comunicação

Anteriormente descrevemos a etnografia e como ela pode ser utilizada como um meio de pesquisa. Agora veremos como ela pode ser aplicada na comunicação.

Dentre as abordagens metodológicas na pesquisa qualitativa etnográfica tem suas raízes plantadas na fenomenologia, com marcas do interacionismo simbólico e da sociologia weberiana. O senso comum é valorizado para a compreensão do social e o observador procura interpretar aquilo que o sujeito já havia interpretado dentro do seu universo simbólico. É um estudo de significado da "vida diária". É uma postura/posição metodológica que se opõe aos modos tradicionais de manipular os problemas de ordem social (essência vista "de fora"), colocando que ela se cria na própria interação, sendo uma forma nova de apreender a realidade, sabendo que nenhuma delas consegue apreendê-la totalmente (BRAGA, 1988).

A etnografia na comunicação apresenta conceitos que são essenciais para a discussão de como e porque a linguagem é usada e como o seu uso varia em diferentes culturais, pois trata de uma inserção na realidade social, método usado também pelos meios de comunicação de massa, como televisão, por exemplo. Antes de produzir qualquer tipo de programa, as redes televisivas procuram pesquisar sobre o que o público gosta e assim compreender suas necessidades, sendo