Neo-tribalismo

NEO-TRIBALISMO

O neo-tribalismo é pratica uma "solidariedade orgânica" que vai de encontro a essa "solidariedade mecânica dos indivíduos racionais do capitalismo”.

Por milhares de anos os grupos humanos foram compostos

por dezenas de pessoas, não mais. Todos os integrantes do grupo se conheciam, se relacionavam uns com os outros, todos eram importantes.

Com o domínio da agricultura obrigando os grupos a fixar

morada, os grupos humanos foram crescendo consideravelmente, as cidades foram surgindo e crescendo, aumentando a complexidade das relações sociais, acabando por diminuir a importância relativa de cada indivíduo.

Na época moderna, com as cidades chegando às metrópoles e megalópoles, cada um de nós se torna ainda menos

importante: em um pequeno grupo eu tenho grande importância, em grande grupo tenho pouca e no enorme grupo me torno insignificante.

Esta diminuição da importância do indivíduo teve como

resposta a explosão da individualidade no século XX, caindo no mero individualismo, em um quadro atual onde cada um se veste como quer, ouve o que quer, faz o que quer.

Acha-se a melhor coisa do mundo a liberdade moderna, onde se pode assumir a identidade “pra valer”. Tudo seria perfeito se, por trás disso, não estivesse apenas o desespero: ânsia por ser notado, por ser percebido na multidão incalculável, que agora é o mundo inteiro.

Se formos contar as pessoas que fazem realmente parte do

nosso grupo social, chegaremos às dezenas, como os grupos primitivos. A diferença é que cada uma delas está espalhada na multidão. Assim, convivemos a maior parte do tempo com pessoas que fazem parte de outros grupos, que por sua vez têm seus

parceiros também espalhados. Os que são do nosso grupo estão longe, os que estão perto de nós não se importam conosco. Isso é a maior causa dos nossos medos e inseguranças.

Nesse contexto de desajuste, onde o animal de pequeno

grupo que somos perdeu-se no labirinto da aniquilação e posterior exacerbação do indivíduo, é que surgiu um fenômeno novo, que vem percorrendo o mundo silenciosamente: o Neo-tribalismo. Pessoas com interesses afins têm se reunido e se relacionado com mais proximidade, resgatando um pouco da importância verdadeira do

indivíduo (muitas vezes até usando roupas iguais ou do mesmo estilo). Não há, obviamente, maneira de ser como era antes, as cidades grandes vieram para ficar. Têm sido um lugar de conflito, violência, desequilíbrio, mas, ao mesmo tempo, o lugar onde “podemos” viver.

O Neo-tribalismo surge como um refúgio, onde podemos nos

colocar a salvo, ainda que por breves momentos, da confusão que nós mesmos criamos e da qual levaremos ainda alguns milhares de anos para sair, até que o nosso programa mental de animal de pequeno grupo se ajuste.