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O Capital

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Por:   •  17/10/2014  •  Resenha  •  984 Palavras (4 Páginas)  •  125 Visualizações

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Na tradução do Livro I seguiu-se a edição francesa de 1872-5, conhecida por tradução Roy, feita a partir da 1ª edição alemã, mas inteiramente revista e em grande parte alterada por Marx.

As razões que levaram a optar pela versão francesa, em vez da versão definitiva alemã ( a 4ª, 1890, revista por Engels) foram as seguintes: em primeiro lugar, o facto de já existir, embora pouco acessível em Portugal, uma tradução portuguesa da referida edição alemã (Editora Civilização Brazileira, Rio, 1968, 2 vols., trad. de Regalando Santanna; em segundo lugar, o facto de O próprio Marx ter atribuído um valor autónomo à edição francesa. Na verdade, no posfácio a essa edição, afirmou que ela "possui um valor científico independente do original, devendo ser consultada mesmo pelos leitores familiarizados com a língua alemã"; e já em 1872, numa carta a Danielson, o tradutor russo de O Capital, Marx afirmava que seria "mais fácil traduzir do francês para o inglês e para as línguas românicas.

E, se é certo que grande parte das alterações e acrescentos feitos por Marx na edição francesa foram depois feitos nas edições alemãs seguintes ( ver os prefácios de Engels das 3ª e 4ª edições), nem por isso a edição francesa deixou de manter diferenças bastantes para ser considerada uma versão autónoma. As diferenças respeitam quer ao estilo, quer ao conteúdo. Quanto ao último aspecto, Marx, que não tinha em grande conta a capacidade teórica do leitor francês, foi levado a alterar as passagens mais densamente teóricas da obra, quer alterando o seu carácter abstracto, quer juntando explicações complementares, quer, menos frequentemente, eliminando-as. Daí que, apesar de alguns cortes, a versão francesa seja sensivelmente maior e, em geral, menos conceitualmente concentrada, o que, embora empobrecendo por vezes o rigor teórico e conceitual, torna a leitura mais fácil.

Por isso, a presente tradução foi confrontada passo a passo com a versão definitiva alemã. Assim, corrigimos a tradução Roy sempre que ela não dá o teor exacto das ideias ou conceitos do original; além disso, acrescentámos, assinalando-as com parêntesis rectos, as passagens omitidas na versão francesa e, sempre que o acréscimo no texto não se mostrou possível, assinalámos em nota a diferente redacção alemã.

Quer dizer: a tradução que adiante damos de O Capital contém as duas versões originais, a francesa e a alemã. Evidentemente que a comparação de dois textos de estrutura diferente nem sempre foi fácil, nem as soluções encontradas puderam eximir-se a uma certa margem de discricionaridade. Mas cremos que as vantagens obtidas justificam de longe ter-se corrido esse risco.

Se houve uma preocupação fundamental a dirigir esta tradução, essa foi a da fidelidade ao texto original. Num texto caracterizado por grande densidade teórica e onde, por assim dizer, cada palavra é um conceito com o seu peso específico, a liberdade de tradução correria o risco de grave empobrecimento. Não procurámos, pois, facilita o texto, conscientes de que não compete d tradução fazer de um texto difícil um texto fácil.

Importa também dar conta da maneira como resolvemos algumas dificuldades particulares. Assim, alguns conceitos ou expressões não possuem um correspondente unívoco em português. Nos casos em que existe uma terminologia já estabelecida entre nós, foi essa que utilizámos: v. g. classe dominante ( e não classe dirigente ou classe reinante ); nos casos em que a terminologia é flutuante, utilizámos, de acordo com as circunstâncias, duas ( ou mais) versões, desde que igualmente rigorosas: v. g. sobretrabalho e trabalho excedente, sobreproduto e produto excedente, forma-valor e forma de valor, força produtiva e produtividade, figura-dinheiro e figura monetária, etc.

Quanto às passagens que no original estão em outras línguas (inglês, italiano, etc.), procedemos do seguinte modo: as expressões meramente enfáticas ou figuras de estilo, mantivemo-las nessa língua,

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