O Cinema e ensino de sociologia
Por: Aline Moreno • 28/11/2017 • Trabalho acadêmico • 1.146 Palavras (5 Páginas) • 309 Visualizações
1 IDENTIFICAÇÃO
Título: Que Horas Ela Volta? (Original)
Ano de produção: 2015
Dirigido por: Anna Muylaert
Duração: 114 minutos
Gênero: Drama Nacional
País de Origem: Brasil
Sinopse:
Depois de deixar a filha no interior de Pernambuco e passar 13 anos como babá do menino Fabinho em São Paulo, Val tem estabilidade financeira, mas convive com a culpa por não ter criado sua filha Jéssica. Às vésperas do vestibular do menino, no entanto, ela recebe um telefonema da filha que parece ser sua segunda chance. Jéssica quer apoio para vir a São Paulo prestar vestibular. Com alegria e ao mesmo tempo apreensão, Val prepara a tão sonhada vinda da filha, apoiada por seus patrões. Mas quando Jéssica chega, a convivência é difícil. Ela não age dentro do protocolo esperado para ela, o que gera tensão dentro da casa. Todos serão atingidos pela autenticidade de sua personalidade. No meio deles, dividida entre a sala e a cozinha, Val terá que achar um novo modo de vida.
2 QUAL A RELAÇÃO DA HISTÓRIA DO FILME E A LÓGICA DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA?
O filme Que horas ela volta? dirigido por Anna Muylaert, aborda diversas questões sociais da sociedade contemporânea. Que horas ela volta? fala de desigualdades sociais e faz duras críticas ao retratar a imposição do rico sobre o pobre, do burguês sobre o proletariado, da dona de casa sobre a empregada doméstica. Vemos aí questões de valores e trabalhos, lutas de classe, tão debatidas nas teorias marxistas.
Ao retratar uma realidade social ainda muito presente na sociedade brasileira com interações familiares, no serviço doméstico, podemos ver as desigualdades sendo moldadas em simples ações como a limitação dos espaços físicos, por exemplo, o quartinho da empregada, a cozinha onde são feitas as refeições (em pé, porque a mesa é para os patrões) e a piscina que nunca pôde usar. Com muita naturalidade o filme mostra essa relação e a imposição dos patrões em regras veladas e amparadas na premissa de que a empregada é considerada “um membro da família”, porém o que se percebe realmente é que Val é apenas uma funcionária “de tempo integral”, da casa.
A relação que se dá entre a empregada e os patrões pode ser explicada por Karl Marx em O Capital, como mostra o trecho a seguir:
“A utilização da força de trabalho é o próprio trabalho. O comprador da força de trabalho consume-a, fazendo o vendedor dela trabalhar. Este, ao trabalhar, torna-se realmente no que antes era apenas potencialmente: força de trabalho em ação, trabalhador... O que o capitalista determina ao trabalhador produzir é, portanto, um valor-de-uso particular, um artigo especificado. A produção de valores-de-uso muda sua natureza geral por ser levada a cabo em benefício do capitalista ou estar sob seu controle. Por isso, temos inicialmente de considerar o processo de trabalho à parte de qualquer estrutura social determinada”.
3 EM QUE ÉPOCA E LOCAL SE PASSAM OS FATOS NARRADOS?
O filme se passa em São Paulo, no bairro do Morumbi, no ano de 2015.
4 QUAL A MENSAGEM DO FILME?
O filme fala de uma pernambucana que se mudou para São Paulo, para poder dar melhores condições de vida à filha que deixou na terra natal. A mensagem do filme poderia ser a retratação da realidade de uma empregada doméstica que trabalha arduamente para dar um bom padrão de vida à sua filha que não vê há anos, mas se analisarmos mais profundamente, veremos que se trata de uma discussão muito pertinente sobre a sociedade brasileira contemporânea.
A mensagem se aprofunda em questões como o lugar que cada sujeito ocupa numa sociedade hierarquizada e marcada pela diferença entre classes sociais, as polarizações sociais (patroa e empregada; classes altas e baixas), polarizações espaciais (quarto dos fundos e quarto de hóspedes; cozinha e sala; nordeste e sudeste; condomínio e comunidade) e polarizações materiais (sorvetes caros e baratos; ventilador e ar condicionado; louças finas e louças populares). Que horas ela volta? apresenta regras, normas e valores implícitos nas relações de poder do âmbito privado.
5 QUE CONCLUSÃO VOCÊ CHEGOU SOBRE O FILME?
Todas as questões retratadas no filme são extremamente interessantes, a realidade da maneira que é abordada na ficção, faz com que nos aproximemos da história.
Essa realidade tão bem trabalhada por Muylaert mostra como é míope a visão de boa parte da sociedade que não percebe as desigualdades, as segregações, as relações de autoritarismos estabelecidas, porque simplesmente estão condicionadas a respeitar certas regras impostas pela classe dominante. Isso fica claro com o jargão usado pelos personagens do filme “você é como se
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