O Documento Nas Ciências Sociais

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE CIENCIAS SOCIAIS – CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS (LICENCIATURA PLENA)

COMPONENTE CURRICULAR: Metodologia das Ciências Sociais CÓDIGO: 1401328  PERÍODO LETIVO: 2021.2

CARGA HORÁRIA: 60 HORAS           DOCENTE: Thiago Panica Pontes  

SALA GOOGLE MEET ; https://meet.google.com/dtm-wayq-xid        E-MAIL: [e-mail]

DISCENTE: Rafael Duarte Soares                                   MATRÍCULA: 2020012086

Questão: Como compatibilizar nosso inalienável enraizamento histórico e cultural com a possibilidade de construção de um conhecimento do mundo social que se pretenda ‘ racional’ e ‘objetivo’ ?

Quando relacionamos o conhecimento histórico e social preestabelecido de um individuo com o campo científico, devemos analisar o que há de importância e o que de fato podemos conservar para o nosso estudo. Dessa forma, é necessário relacionar os pensadores que ao longo do tempo investigaram e analisaram a forma de agir e pensar de cada individuo possui ao analisar um determinado tema e elaborar uma pesquisa cientifica. Primeiramente, vamos analisar o pensamento do filósofo Gaston Bachelard que contesta o senso comum e afirma ser um dos primeiros e mais importantes obstáculos para o desenvolvimento do conhecimento científico. De fato, quando concordamos com Bachelard ficamos contrários ao conhecimento empírico, ou seja, para as pessoas desenvolverem um conhecimento científico basta desconstruir o conhecimento preestabelecido. Por exemplo, uma opinião baseada no senso comum de nada vale se ela é somente pressuposta e não tem nenhum fundamento científico.

Segundo Bachelard, para produzirmos conhecimento é necessário termos respostas para nossas perguntas e essas respostas precisam ter fatos ou dados para que o nosso conhecimento seja científico e fuja do senso comum. Pois, quando o cientista social estuda o campo das ciências ele busca respostas para suas perguntas em cada área de estudo e isso é para o filósofo produzir conhecimento científico. Por outro lado, para ele não há nada definitivo para as ciências e é por isso que a ciência passa por constantes mudanças. Desse modo, quando falamos sobre assuntos nesse campo é importante saber que não podemos desconsiderar o contraditório pois não há nada definitivo para esse filósofo, nesse sentido, para ele que foi um dos percussores da filosofia do não, a experiência nova anula a experiência antiga e é por isso que o filósofo afirma que este ‘’não’’ nunca é definitivo para um espírito que sabe dialetizar seus princípios.

Portanto, a objetividade científica para Bachelard só é possível quando se rompe com o objeto imediato, quando se rechaça a sedução da primeira escolha, quando se contradiz os pensamentos que nascem da observação. E isso quer dizer que na formação do espírito científico, o primeiro obstáculo é a experiência primeira, pois se há curiosidade em determinado campo das ciências o primeiro passo de observação do campo é o primeiro obstáculo do espírito científico, por exemplo, quando analisamos uma indústria a primeira noção de pesquisa que vem é a questão de quem são os operários daquela indústria de determinado campo da industrialização e é dessa forma que Bachelard confirma sua síntese. Em suma, a tese básica de Bachelard era principalmente fazer uma reflexão visando a defesa de métodos e fundamentos do conhecimento científico renovando naturalmente a epistemologia combatendo os dogmas do seu tempo histórico, pois para ele não podemos nos apegar a conceitos preestabelecidos na nossa contemporaneidade e sim defender a ideia de que devemos usar todos os métodos possíveis para analisarmos o nosso objeto de estudo.

Segundo, Pierre Bourdieu é preciso romper com o senso comum para que possamos construir um objeto científico, então ele concorda com Bachelard nesse aspecto. Pois, para realizarmos um estudo científico devemos romper com o nosso conceito pressuposto e isso é importante quando analisamos o campo científico, devemos nos assegurar que não estamos analisando com conceitos do cotidiano e sim com base científica. Pois, para ele é necessário termos uma postura sistemática perante os fatos, porque ele afirma que uma pesquisa científica e bastante elaborada é uma atividade da racionalidade e não uma procura mística dos fatos, por exemplo, quando elaboramos uma pesquisa sobre evolucionismo ou criacionismo precisamos entender que o objeto de estudo precisa ser pautado na racionalidade em que os fatos ocorrem no campo da história e da ciência e não nas nossas próprias crenças ou achismos. Embora, pertencermos algum grupo religioso ou ateísta não podemos nos basear nesses preceitos para elaborar uma pesquisa com base científica.

Além disso, Pierre bourdieu trata do assunto da ruptura com o senso comum na sociologia porque enxerga a dificuldade dessa separação nas "ciências dos homens" devido à familiaridade do cientista com o objeto de estudo. Pois, quando os cientistas elaboram uma pesquisa sobre determinado objeto de estudo tende a confrontar com os seus conceitos preestabelecidos e isso acontece muitas vezes quando elaboramos uma pesquisa científica. Logo, quando o pesquisador começa a realizar uma pesquisa ele tende a se colocar no meio da pesquisa usando um pensamento próprio e isso não pode ocorrer em uma pesquisa de cunho científico, porque muitas das vezes ele não refletiu se aquilo é verdade ou não se tem algo científico ou não.

Outrossim, quando o sociólogo francês Pierre Bourdieu fala em seu livro ‘’Ofício do sociólogo’’ ele apresenta uma teoria prática da sociologia sempre com o intuito de levar o cientista social a buscar uma atitude científica que está ligada a utilização de procedimentos metodológicos. Pois, o cientista necessita de método para realizar uma pesquisa científica e não se pode se pautar de conceitos pressupostos como dito anteriormente, por exemplo, como a tentação do profetismo, a ilusão de que o que explica um fato é aquilo que se vê, a tendência de utilizarmos vocabulários do senso comum sem o devido cuidado, entre outros aspectos. Entretanto, se fazemos uma pesquisa, é necessário sabermos que devemos sair do campo das ‘’ciências dos homens’’ e entrar no campo das ciências, ou seja, necessitamos de métodos de pesquisa para o nosso estudo científico, porque para uma boa pesquisa precisa de ter um bom método de pesquisa para validar aquele estudo para não cairmos no senso comum.