O Homem Que Copiava
Monografias: O Homem Que Copiava. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 22/9/2014 • 805 Palavras (4 Páginas) • 242 Visualizações
O HOMEM QUE COPIAVA
O filme conta a história de um jovem simples, pobre, honesto, abandonado pelo pai quando criança, que abandonou a escola e trabalha numa papelaria como operador de fotocopiadora, ganhando dois salários mínimos por mês, que são consumidos por metade do aluguel e a meia parcela da televisão. Vai para o trabalho a pé, provavelmente porque o que sobra do salário não é suficiente para essa despesa e fica a dúvida sobre como ele se alimenta, pois o narrador não faz referência a essa questão. No supermercado o jovem se depara com a angústia de ter que abrir mão do que o dinheiro que tem não pode pagar, “o que deixar para trás?” se o básico é essencial, o que pode ser dispensável? Ele faz a escolha e se resigna. Não há o que fazer para mudar a situação. Sua rotina não vai muito além da casa para o trabalho e trabalho para casa. Nas horas livres, ele faz ilustrações e observa, da janela do seu quarto, o mundo a sua volta, o movimento das coisas e o comportamento dos vizinhos, através de um binóculo. É uma pessoa que parece amargurada, triste, que não interage nem dialoga com a mãe, mostra que tem sonhos, mas não tem perspectivas ou projetos para realizá-los. Demonstra menosprezo por seu trabalho e não demonstra alegria de viver. O jovem Andre realiza diariamente um trabalho mecânico e repetitivo que traz até ele fragmentos de conhecimento que ele vai absorvendo mesmo de forma incompleta e assim vai construindo sua visão de mundo, associando esse conhecimento ao seu cotidiano, tornando-se um típico indivíduo moderno que sabe de quase tudo um pouco...e quase tudo mal. Seu papel social é o do operário raso, estacionado, que não evolui.
Suas relações sociais são limitadas e superficiais, além da mãe, troca algumas palavras com Marinês, sua colega de trabalho, uma moça fútil que deseja encontrar um marido rico, com o padrão, basicamente sobre trabalho, eventualmente se encontra com um conhecido, contraventor e nutre uma paixão por uma vizinha, que ele espia com seu binóculo e de quem deseja se aproximar. Não pertence a nenhum tipo de grupo, seja social, familiar, escolar, religioso ou profissional, é um homem solitário. Certa ocasião o jovem ganha convites para a inauguração de um Bar e aproveita a situação para convidar a colega de trabalho para sair. Ela aceita, mas diz que vai levar um amigo. É quando André conhece Cardoso, o “amigo” de Marinês, sujeito que exibe um falso status social através da aparência e de mentiras a seu respeito. Andre decide se aproximar da moça que ele observa, diariamente, pelo seu binóculo, seguindo-a até seu trabalho, uma loja de roupas, e fazendo-se de cliente descobre seu nome, Silvia. O sentimento por Silvia é uma forte motivação para Andre querer ter dinheiro para aproximar-se mais e ter a chance de conquistá-la. O dono da papelaria adquire uma copiadora colorida e Andre percebe que é possível copiar cédulas de dinheiro. Ele viu a possibilidade de ter o que honestamente não consegue com o fruto do seu trabalho. E onde ficam os valores morais e sociais? Será que ele os tem ou apenas os conhece? Andre não ignora, mas ultrapassa os limites determinados pela sociedade e decide copiar dinheiro. Foi inteligente suficiente para escolher um lugar adequado para trocar a nota e intencionalmente distrair a atendente para que não preste atenção na nota falsa. Sucesso! Crime e impunidade de mãos dadas...sensação de vitória, ainda que acompanhada de culpa e vergonha. André não quer correr o risco de ser pego com notas falsas, quer notas verdadeiras e decide fazer um assalto. Entre ser honesto e pobre ou criminoso e rico, ele escolhe a segunda opção. Estuda a rotina de um carro forte, idealiza um projeto e conta com o incentivo e a cumplicidade do amigo Cardoso. Compra uma arma com notas falsas, aprende a atirar e parte para a ação. Aposta na impunidade, presente em todas as esferas da nossa sociedade, e ganha. Fica rico, conquista a mulher amada e vai morar em uma bela cidade, onde a sociedade o verá com outros olhos, onde o status será outro. Mas será que André será outra pessoa?
É possível perceber que além de fotocopias, André fazia copias da vida, cópias dos exemplos oferecidos pela sociedade seja na produção de seus desenhos, nos seus sonhos e nas suas atitudes, dentro dos seus valores, criando condições para a realização dos seus desejos... Mas afinal, é o ladrão que faz a ocasião ou a ocasião que faz o ladrão ?
Assim como André, os outros personagens do filme também refletem os traços da nossa sociedade: materialista, consumista, mecânica, imediatista, onde para a maioria a felicidade está atrelada ao dinheiro e o valor das pessoas está vinculado ao que de valor monetário elas possuem.
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