O Liberalismo Econômico História da Ideia de Mercado
Por: Caio Melo • 21/10/2020 • Resenha • 1.308 Palavras (6 Páginas) • 317 Visualizações
Fichamento- O Liberalismo Econômico – História da Ideia de Mercado (ROSANVALLON, 2002). Cap. 9
Pierre Rosavallon, é um dos mais importantes historiadores e teóricos políticos da social-democracia francesa em atividade. O historiador francês, atua analisando os rumos e mudanças da democracia estando ligado às questões políticas sociais, como, por exemplo, combates, ilusões e desilusões da esquerda, de 1968 até os dias de hoje; a ascensão da extrema direita, do neoliberalismo e dos populismos; os grandes debates e figuras intelectuais dos últimos 50 anos, etc. Rosanvallon nos oferece sobretudo um retrato esclarecedor dos impasses e desilusões, de maneira a se compreender melhor a modernidade.
Em sua obra “O liberalismo econômico- História da ideia de mercado” publicada em 2002, Rosanvallon busca traçar todo caminho do liberalismo assim como sua definição sob diferentes dimensões, tendo como fio condutor a ideia de mercado, permitindo uma singular e privilegiada compreensão da modernidade com o esclarecimento da questão sobre o liberalismo.
Rosanvallon inicia sua obra argumentando sobre um liberalismo com ideias falsamente simples que não se aplicam na prática, ou seja, só existe enquanto utopia e dessa forma sendo um caminho ruim para a economia, sustentando tal argumentação do liberalismo como ideologia, o autor contrapõe o capitalismo como pratica social e mostra durante o texto o campo antagônico entre eles. “O Capitalismo não é a realização de uma utopia, ou de um plano de sociedade. Não é o resultado de uma construção racional e premeditada. O capitalismo é a resultante de práticas econômicas e sociais concretas” (ROSANVALLON, 2002).
Um sistema como o capitalista “resultante de práticas econômicas e sociais concretas” é completamente estranho as noções de liberalismo (sem mediações, auto regulação, livre concorrência etc.) onde “[...]somente a classe trabalhadora está submetida as eventualidades flutuações do mercado” (ROSANVALLON, 2002).
O autor contrapõe as noções de capitalismo e liberalismo de modo a mostrar as diferenças presentes no utópico liberalismo e do capitalismo “[...]a utopia liberal da sociedade de mercado é completamente estranha ao capitalismo, O capitalismo só reteve dessa utopia o que lhe convinha praticamente (a afirmação da propriedade privada como fundamento da sociedade, por exemplo); manteve, neste sentido, uma relação puramente instrumental com o liberalismo. Combate o Estado quando este escapa do seu controle, mas o reforça quando é um Estado de classe a serviço de seus interesses e que tem então como função” (ROSANVALLON, 2002) Rosanvallon completa ainda que não faz sentido se criticar o capitalismo por não se conformar com a utopia liberal, sendo “A única liberdade que reivindica é para o capital, sendo indiferente livre-cambista ou protecionista de acordo com qual dos dois favoreça esta liberdade[...] É a partir dessa concepção que deve ser investigada a origem de todas as críticas ao capitalismo que consistem em acusa-lo de não ser fiel a si mesmo (sendo estatística ou protecionista) e ser demasiadamente fiel (o liberalismo, somente a liberdade do capital e o capitalismo selvagem)” (ROSANVALLON, 2002).
Rosanvallon segue trazendo ideias e o caminho para o qual estava seguindo a economia no século 19, século este de expansão do capitalismo, para isso ele expõe o debate da economia política em três possíveis direções:
1- O retorno ao projeto político, ou seja, a economia a serviço da política (List).
2- A economia política reduzida a um simples meio para assegurar o bem-estar
geral da sociedade (Sismondi).
3- A economia pura como teoria cientifica da troca (Walras).
List se torna um defensor do protecionismo, uma vez que acreditava que a admissão de um livre comércio por países ainda em desenvolvimento abre espaço para a submissão a outro país mais desenvolvido. Compreende a nação de um ponto de vista político e não social e para ele a economia politica é a que “ensina como uma dada nação, na situação atual do mundo e em relação as circunstancias que lhes são particulares pode conservar melhor seu estado econômico” (Système national d’économie politique, p. 227), o autor acrescenta que para List a economia politica é vista como política econômica sendo uma “arte aplicada”.
Sismondi, de acordo com List constata que a economia política clássica constrói um novo universo que não corresponde a realidade. Para Sismond, o mundo da economia é repleto de confrontos e divisões e que entre os homens não há harmonia do equilíbrio perfeito. “A seus olhos, todo o mal advém do fato de que a economia política clássica foi sendo progressivamente concebida como um saber separado dos outros.” (ROSANVALLON, 2002), para ele o crescimento da riqueza não é objetivo da econômica política, mas sim a felicidade do homem, como uma ciência social, abordando o governo List descreve-o “como devendo ser o protetor do fraco contra o forte[...]” (p.90), desta maneira adepto a intervenção do Estado, como forma de garantia do bem-estar social, Sismond entra em oposição com a utopia liberal.
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