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O Poder Do Mito

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Por:   •  27/2/2014  •  939 Palavras (4 Páginas)  •  297 Visualizações

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O Poder do Mito por Joseph Campbell

Seleção, resumo e adaptação de Carlos Guimarães

Música: Nostalgia, de Yanni

Por que mitos? Por que nos importarmos com eles? O que eles têm a ver com

nossas vidas?

Um de nossos problemas, hoje em dia, é que não estamos familiarizados com a

literatura do espírito. Estamos interessados nas notícias do dia e nos problemas

práticos do momento. Antigamente, o campus de uma universidade era uma

espécie de área hermeticamente fechada, onde as notícias do dia não se

chocavam com a atenção que você era estimulado a ter em se dedicar à vida

interior, no aprender, e onde não se misturava com a magnífica herança humana

que recebemos de Platão, o Buda, Goethe e outros, que falam de valores eternos

e que dão o real sentido à vida.

As literaturas grega e latina e a Bíblia costumavam fazer parte da educação de

toda gente. Tendo sido surprimidas, em prol de uma educação concorde com uma

sociedade industrial, onde o máximo que se exige é a disciplina para um mercado

de trabalho mecanicista, toda uma tradição de informação mitológica do ocidente

se perdeu. Muitas histórias se conservavam na mente das pessoas, dando uma

certa perspectiva naquilo que aconteciam em suas vidas. Com a perda disso, por

causa dos valores pragmáticos de nossa sociedade industrial, perdemos

efetivamente algo, porque não posuímos nada para por no lugar. Essas

informações, proveninetes de tempos antigos, têm a ver com os temas que

sempre deram sustentação à vida humana, construíram civilizações e formaram

religiões através dos séculos, e têm a ver com os profundos problemas interiores,

com os profundos mistérios, com os profundos limiares de nossa travessia pela

vida, e se você não souber o que dizem os sinais deixados por outros ao longo do

caminho, terá de produzi-los por conta própria.

Quer dizer que contamos histórias para tentar entrar em contato com o mundo,

para nos adaptarmos à realidade?

Sim. Por exemplo, grandes romances podem ser excepcionalmente instrutivos,

porque a única maneira de você descrever verdadeiramente o ser humano é

através de suas imperfeições. O ser humano perfeito é desinteressante. As

imperfeições da vida, por serem nossas, é que são apreciáveis. E, quando lança o

dardo de sua palavra verdadeira, o escritor fere. Mas o faz com amor. É o que

Thomas Mann chamava "ironia erótica", o amor por aquilo que você está matando

com a sua palavra cruel. Aquilo que é humano é que é adorável. É por essa razão

que algumas pessoas têm dificuldade de amar a Deus; nele não há imperfeição

alguma. Você pode sentir reverência, respeito e temor, mas isso não é amor. É o

Cristo na cruz, pedindo ao Pai que afaste seu cálice de sofrimento, e que chora

por Lázaro morto, que desperta nosso amor.

Aquilo que os seres humanos têm em comum se revela nos mitos. Eles são

histórias de nossa vida, de nossa busca da verdade, da busca do sentido de

estarmos vivos. Mitos são pistas para as potencialidades espirituais da vida

humana, daquilo que somos capazes de conhecer e experimentar interiormente. O

mito é o relato da experiência de vida.

A mente racional, analítica, o lado esquerdo do cérebro se ocupa do sentido, da

razão das coisas. Qual é o sentido de uma flor? Dizem que um dia perguntaram

isso ao Buda, e ele simplesmente colheu uma flor e a deu ao seu interlocutor.

Apenas um homem compreendera o que Buda queria demonstrar. Racionalmente,

não fazia sentido esse gesto. Ora, mas podemos fazer a mesma pergunta para

algo maior: qual é o sentido

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