O Poder Do Mito
Trabalho Escolar: O Poder Do Mito. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: reiciok • 27/2/2014 • 939 Palavras (4 Páginas) • 291 Visualizações
O Poder do Mito por Joseph Campbell
Seleção, resumo e adaptação de Carlos Guimarães
Música: Nostalgia, de Yanni
Por que mitos? Por que nos importarmos com eles? O que eles têm a ver com
nossas vidas?
Um de nossos problemas, hoje em dia, é que não estamos familiarizados com a
literatura do espírito. Estamos interessados nas notícias do dia e nos problemas
práticos do momento. Antigamente, o campus de uma universidade era uma
espécie de área hermeticamente fechada, onde as notícias do dia não se
chocavam com a atenção que você era estimulado a ter em se dedicar à vida
interior, no aprender, e onde não se misturava com a magnífica herança humana
que recebemos de Platão, o Buda, Goethe e outros, que falam de valores eternos
e que dão o real sentido à vida.
As literaturas grega e latina e a Bíblia costumavam fazer parte da educação de
toda gente. Tendo sido surprimidas, em prol de uma educação concorde com uma
sociedade industrial, onde o máximo que se exige é a disciplina para um mercado
de trabalho mecanicista, toda uma tradição de informação mitológica do ocidente
se perdeu. Muitas histórias se conservavam na mente das pessoas, dando uma
certa perspectiva naquilo que aconteciam em suas vidas. Com a perda disso, por
causa dos valores pragmáticos de nossa sociedade industrial, perdemos
efetivamente algo, porque não posuímos nada para por no lugar. Essas
informações, proveninetes de tempos antigos, têm a ver com os temas que
sempre deram sustentação à vida humana, construíram civilizações e formaram
religiões através dos séculos, e têm a ver com os profundos problemas interiores,
com os profundos mistérios, com os profundos limiares de nossa travessia pela
vida, e se você não souber o que dizem os sinais deixados por outros ao longo do
caminho, terá de produzi-los por conta própria.
Quer dizer que contamos histórias para tentar entrar em contato com o mundo,
para nos adaptarmos à realidade?
Sim. Por exemplo, grandes romances podem ser excepcionalmente instrutivos,
porque a única maneira de você descrever verdadeiramente o ser humano é
através de suas imperfeições. O ser humano perfeito é desinteressante. As
imperfeições da vida, por serem nossas, é que são apreciáveis. E, quando lança o
dardo de sua palavra verdadeira, o escritor fere. Mas o faz com amor. É o que
Thomas Mann chamava "ironia erótica", o amor por aquilo que você está matando
com a sua palavra cruel. Aquilo que é humano é que é adorável. É por essa razão
que algumas pessoas têm dificuldade de amar a Deus; nele não há imperfeição
alguma. Você pode sentir reverência, respeito e temor, mas isso não é amor. É o
Cristo na cruz, pedindo ao Pai que afaste seu cálice de sofrimento, e que chora
por Lázaro morto, que desperta nosso amor.
Aquilo que os seres humanos têm em comum se revela nos mitos. Eles são
histórias de nossa vida, de nossa busca da verdade, da busca do sentido de
estarmos vivos. Mitos são pistas para as potencialidades espirituais da vida
humana, daquilo que somos capazes de conhecer e experimentar interiormente. O
mito é o relato da experiência de vida.
A mente racional, analítica, o lado esquerdo do cérebro se ocupa do sentido, da
razão das coisas. Qual é o sentido de uma flor? Dizem que um dia perguntaram
isso ao Buda, e ele simplesmente colheu uma flor e a deu ao seu interlocutor.
Apenas um homem compreendera o que Buda queria demonstrar. Racionalmente,
não fazia sentido esse gesto. Ora, mas podemos fazer a mesma pergunta para
algo maior: qual é o sentido
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