O Que é Cultura?
Tese: O Que é Cultura?. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Priiscila • 17/5/2014 • Tese • 1.989 Palavras (8 Páginas) • 197 Visualizações
SANTOS, José Luiz dos.O que é Cultura. 14 ed. ¬¬¬- São Paulo: Brasiliense, 1994. – (Coleção primeiros passos; 110)
Cultura é uma preocupação contemporânea, bem viva nos tempos atuais. É uma preocupação em entender os muitos caminhos que conduziram os grupos humanos às suas relações presentes e suas perspectivas de futuro. As transformações por que passam as culturas, seja movida por suas forças internas, seja em conseqüência desses contatos e conflitos, mais freqüentemente por ambos os motivos. Assim, cultura diz respeito à humanidade como um todo e ao mesmo tempo a cada um dos povos, nações, sociedades e grupos humanos.Cada realidade cultural tem sua lógica interna. Entendido assim, o estudo da cultura contribui no combate a preconceitos, oferecendo uma plataforma firme ara o respeito e a dignidade nas relações humanas. Na verdade, se a compreensão a cultura exige que se pense nos diversos povos, nações, sociedades e grupos humanos, é porque eles estão em interação. Se não estivessem não haveria necessidade, nem motivo nem ocasião para que se considerasse variedade nenhuma.Saber se há uma realidade cultural comum à nossa sociedade torna-se uma questão importante. Do mesmo modo evidencia-se a necessidade de relacionar as manifestações e dimensões culturais com as diferentes classes e grupos que a constituem.Vejam, pois que a discussão sobre cultura pode nos ajudar a pensar sobre nossa própria realidade social, o de por que as culturas variam tanto e de quais os sentidos de tanta variação.Mais importante ainda é observar que o destino de cada agrupamento esteve marcado pelas maneiras de organizar e transformar a vida em sociedade e de superar os conflitos de interesse e as tensões geradas na vida social.Cada resultado de uma história particular, e isso incluem também suas relações com outras culturas, as quais podem ter características bem diferentes. Pensa-se em hierarquizar essas culturas segundo algum critério.Argumenta-se aqui que cada cultura tem seus próprios critérios de avaliação e que para tal hierarquização ser construída é necessário subjugar uma cultura aos critérios de outra.Todas as sociedades humanas fariam necessariamente parte dessa escala evolutiva, dessa evolução em linha única. Assim, a diversidade de sociedades existentes no século XIX representaria estágios diferentes da evolução humana: sociedades indígenas da Amazônia poderiam ser classificadas no estágio da selvageria; reinos africanos, no estágio da barbárie. Quanto à Europa classificada no estágio da civilização, considerava-se que ela já teria passado por aqueles outros estágios.As concepções de evolução linear foram atacadas com a idéia de que cada cultura tem sua própria verdade e que a classificação dessas culturas em escalas hierarquizadas era impossível, dada a multiplicidade de critérios culturais.A diversidade das culturas existentes acompanha a variedade da história humana, expressa possibilidades de vida social organizada e registra graus e formas diferentes de domínio humano sobre a natureza. A idéia de uma linha de evolução única para as sociedades humanas é, pois, ingênua e esteve ligada ao preconceito e discriminação raciais. Verifica-se assim que as observações de cultura alheia se fazem segundo pontos de vista definidos pela cultura do observador, que os critérios que se usa para classificar uma cultura são também culturais. Ou seja, segundo essa visão, na avaliação de culturas e traços culturais tudo é relativo. Passa-se assim da demonstração da diversidade das culturas para a constatação do relativismo cultural. Observem o quanto essa equação é enganosa. Só se pode propriamente respeitar a diversidade cultural se entender a inserção dessas culturas particulares na história mundial. Não há superioridade ou inferioridade de culturas ou traços culturais de modo absoluto, não há nenhuma lei natural que diga que as características de uma cultura a façam superior a outras. As culturas e sociedades humanas se relacionam de modo desigual. As relações internacionais registram desigualdades de poder em todos os sentidos, os quais hierarquizam de fato os povos e nações. É importante considerar a diversidade cultural interna à nossa sociedade; isso é de fato essencial para compreendermos melhor o país em que vivemos. Mesmo porque essa diversidade não é só feita de idéias; ela está também relacionada com as maneiras de atuar na vida social, é um elemento que faz parte das relações sociais no país. Mesmo as sociedades indígenas mais afastadas têm seu destino ligado à sociedade nacional que em sua expansão as envolve, coloca em risco sua sobrevivência física e cultural, conduz a mudanças em sua forma de viver e as introduz a novas concepções de vida, a novas técnicas, a um novo idioma e a novos problemas. Por cultura se entende muita coisa, e a maneira como falei dela nas páginas anteriores é apenas um entre muitos sentidos comuns de cultura. Cultura está muito associada a estudo, educação, formação escolar.Assim, cultura diz respeito a tudo aquilo que caracteriza a existência social de um povo ou nação, ou então de grupos no interior de uma sociedade. Cultura refere-se a realidades sociais bem distintas. Cultura era então uma preocupação de pensadores engajados em interpretar a história humana, em compreender a particularidade dos costumes e crenças, em entender o desenvolvimento dos povos no contexto das condições materiais em que se desenvolviam. É preciso considerarmos dois aspectos principais aos quais a consolidação das preocupações com cultura esteve associada. Em primeiro lugar, foi no século XIX que se tornou dominante uma visão laica, quer dizer, não-religiosa, do mundo social e da vida humana. Até então o cristianismo tivera força para se impor na definição de práticas e comportamentos; a visão de mundo cristã oferecia à Europa os modelos principais que ordenavam o conhecimento e a interpretação do mundo e das relações sociais. Assim a moderna preocupação com cultura nasceu associada tanto a necessidades do conhecimento quanto às realidades da dominação política. Na América Latina, e o Brasil é bem um caso, as culturas de povos e nações que habitavam suas terras antes da conquista européia foram sistematicamente tratadas como mundos à parte das culturas nacionais que se desenvolveram. O importante para pensarmos a nossa realidade cultural é entendermos o processo histórico que a produz, as relações de poder e o confronto de interesses dentro da sociedade. Cultura pode por um lado referir-se à alta cultura, à cultura dominante, e por outro, a qualquer cultura. No primeiro caso, cultura surge em oposição à selvageria, à barbárie; cultura é então a própria marca da civilização. Ou ainda, a alta cultura surge como marca
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