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O Território e Identidades

Por:   •  21/5/2020  •  Pesquisas Acadêmicas  •  2.906 Palavras (12 Páginas)  •  120 Visualizações

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LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA[pic 1]

JOSÉ LUZ NETO

TERRITÓRIO E IDENTIDADES


JOSÉ LUZ NETO

TERRITÓRIO E IDENTIDADES

Trabalho de conclusão de semestre apresentado à Universidade Norte do Paraná – UNOPAR, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Sociologia.

Orientadora: Cibelia Aparecida Pereira



SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................…....4

DESENVOLVIMENTO………………………………………………………………………5

CONCLUSÃO.................................................................................................…..…..12

REFERÊNCIAS..….................................................................................................…13


INTRODUÇÃO

        A ideia que tem-se hoje de trabalho foi construída ao longo do tempo e ainda sofre mudanças. A palavra trabalho deriva do latim, tripalium, que é o nome dado para um instrumento de tortura, talvez por isso, para os romanos, o trabalho significava dor. Na civilização grega, semelhante ao que acontecia em Roma, o trabalho não tinha valor para as pessoas. Na Grécia o trabalho servia apenas para suprir as necessidades básicas como alimentação, vestimentas, comércio, entre outras necessidades e, para alcançar tudo isso o trabalho era realizado, mas só pelos escravos. Atualmente, porém, o trabalho é visto de diversas formas, há quem o veja como necessidade, como castigo, como bênção. Mas é inquestionável o valor que ele tem para o sujeito, independente do significado que venha a ter. E é indispensável a ideia de que o trabalho é um instrumento através do qual o homem dialoga com seu meio social e com o seu tempo, ou seja, um elemento de fundamental importância para a integração das sociedades. As mudanças no mundo do trabalho influenciam também na construção da identidade do indivíduo e como ela passa a ser compreendida socialmente.

        Assim neste trabalho será abordado a concepção de trabalho que dialoga com a visão de José de Souza Martins, as desigualdades em nossa sociedade e como a união entre periferias pode impactar a sociedade.


TERRITÓRIO E IDENTIDADES

        A relação que se pode estabelecer entre o trabalho e a existência está centralizada nas constantes necessidades de verificar os diversos significados atribuídos pelo homem ao espaço social ocupado no contexto do trabalho. O trabalho sempre ocupou lugar central na vida das pessoas, nas mais diferentes comunidades, onde gradativamente foi sendo limitado pelas condições socialmente estabelecidas. Ao investigar-se os distintos significados atribuídos ao trabalho, encontra-se a contribuição de concepções originárias não somente das ciências sociais, como a antropologia, sociologia, economia e psicologia. Em relação ao conceito do trabalho, muitos adotam o ponto de vista de que ele é um fardo, de que o homem trabalha para sobreviver, ou, se for afortunado, a fim de conseguir dinheiro suficiente para poder fazer as coisas de que realmente gosta. Mas pode-se dizer que o trabalho é parte essencial da vida humana, uma vez que constitui aquele aspecto de sua vida que lhe dá status e o liga a vida em sociedade.

O trabalho e o viver não podem ser totalmente divorciados um do outro. O que acontece no lugar onde se trabalha não pode ser esquecido do lugar onde se vive; no entanto, temos uma compreensão muito pobre das relações entre ambos. A definição de um "valor de uso para o trabalho no ambiente construído" não pode independer da experiência do trabalho. (HARVEY, 1982, p. 20)

        No que diz respeito ao trabalho e trabalhadores, José de Souza Martins propõe uma nova sociologia, chamando a atenção para o que está no limite e à margem, como possibilidade explicativa das contradições da sociedade brasileira. O que está à margem, no limite, é o método explicitado e teorizado por Martins. Por isso, durante muito tempo, em sua trajetória, dedicou-se a estudar as particularidades do rural, do drama das populações na fronteira entre a tradição e a modernidade. Tomar o que está à margem como princípio metodológico é um traço marcante de sua sociologia. Martins afirma que quem está no limite tem uma visão crítica da sociedade, diferente de quem está integrado. As pessoas que estão no limite conseguem ver mais, ver além, por exemplo, as populações rurais, que são pessoas que estão num mundo dividido, em crise, num mundo tradicional ameaçado pelo mundo moderno. Ele analisa as contradições da modernidade brasileira mostrando a coexistência de tempos e relações sociais diversas, sua análise é expressão de uma concepção da história não linear, cíclica. Martins reconstrói um fato extraordinário ocorrido numa fábrica de cerâmica, na qual ele trabalhou quando adolescente, que ficou guardado na memória por várias décadas: a aparição de um demônio. Ele recorre à memória como instrumento inicial de pesquisa, anota cuidadosamente os detalhes do processo de produção e as recordações que ficaram guardadas durante muito tempo.

        O demônio aparece na fábrica de São Caetano como crítica ao moderno processo de produção e às inovações técnicas. A crítica ao moderno se transfigura de demônio, não surge como crítica racional às mudanças sociais e tecnológicas, por isso essa crítica é inconclusa e incompleta. Os ritmos desiguais do desenvolvimento capitalista aparecem na fábrica, onde formas modernas se combinam com formas atrasadas. Na fábrica de São Caetano, alguns dos setores ficaram de fora das inovações tecnológicas, combinando-se as duas formas de sujeição já referidas por Marx: sujeição real e a sujeição formal. O capitalismo não consegue "modernizar" todos os setores de forma homogênea, por isso, alguns setores escapam à modernização. Por exemplo, no processo de trabalho da cana-de-açúcar, um setor atrasado (a produção agrícola), não modernizado, antecede à etapa industrializada do processo, isto é, moderno. Na fábrica de São Caetano, o setor atrasado, artesanal, estava situado no final das etapas modernizadas. Ele se refere ao setor da escolha e classificação dos ladrilhos, como sendo atrasado, artesanal, mas que também era alcançado pela modernização tecnológica, indiretamente, através do ritmo intenso de trabalho:

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